I want so much more than they’ve got planned!
Direção: Bill Condon
Roteiro: Evan Spiliotopoulos e Stephen Chbosky
Elenco: Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Josh Gad, Kevin Kline, Ewan McGregor, Ian McKellen, Emma Thompson, Audra McDonald, Stanley Tucci, Nathan Mack, Haydn Gwynne, Hattie Morahan, Ray Fearon
Beauty and the Beast, EUA, 2017, Musical, 129 minutos
Sinopse: Moradora de uma pequena aldeia francesa, Bela (Emma Watson) tem o pai capturado pela Fera (Dan Stevens) e decide entregar sua vida ao estranho ser em troca da liberdade dele. No castelo, ela conhece objetos mágicos e descobre que a Fera é, na verdade, um príncipe que precisa de amor para voltar à forma humana. (Adoro Cinema)
Sem reajuste de inflação, a versão live action de A Bela e a Fera ostenta, até o momento, o status de maior musical já produzido mundialmente para o cinema. Foram nada menos do que 160 milhões de dólares investidos nessa adaptação da animação homônima de 1991 dirigida pela dupla Gary Trousdale e Kirk Wise! O retorno financeiro que obviamente veio pelas bilheterias já era esperado pela Disney, mas o que justamente faz a diferença para o sucesso dessa versão dirigida por Bill Condon é o salto ambicioso dado pelo estúdio, o que, para total surpresa de quem assiste ao filme, logo se descobre que tem pouco a ver com dinheiro. Na verdade, A Bela e a Fera se diferencia do insosso Cinderela, por exemplo, ao redimensionar a animação em uma série de aspectos, principalmente no de dar ainda mais ênfase à música como pilar fundamental para a jornada da protagonista.
É o tipo de caso que vale alertar: A Bela e a Fera, muito antes de ser apenas uma transposição de um universo animado para outro de carne e osso, é um grande musical, com direito a diálogos cantados e até resoluções que se desenham a partir da música. Isso mesmo, a adaptação de Bill Condon se sustenta a partir de uma cantoria quase incessante, o que revela primeiro a já comentada ambição do estúdio de fazer algo diferenciado e segundo a confiança em um diretor que foi chamado justamente por sua aproximação com o gênero (para quem não lembra, Condon dirigiu, em 2006, Dreamgirls – Em Busca de um Sonho). Missão duplamente cumprida: não só A Bela e a Fera consegue brilhar no universo de repetitivas adaptações de animações como também tem pleno domínio da narrativa musical. E o fato do mestre Alan Menken, compositor do longa de 1991, ter retomado seu posto só qualifica ainda mais o projeto.
Mais longo do que a animação (são 45 minutos a mais, com três novas canções, três outras estendidas, novos personagens e detalhes adicionais sobre a vida dos protagonistas), A Bela e a Fera chegou a ser idealizado pela Warner Bros. com Guillermo Del Toro na direção. A ideia, entretanto, acabou ficando mesmo com a Disney, que custou a comprar a ideia de que a adaptação deveria ser um musical, algo rapidamente incentivado por Condon em suas conversas com o estúdio. O longo processo de idealização e o alto investimento financeiro são percebidos na tela muito mais pelo alinhamento técnico de todo o filme do que pela extensa etapa de pós-produção (as gravações terminaram em agosto de 2015!): é digna de nota a grandiosidade estética da adaptação, que, com figurinos exuberantes de Jaqueline Durran e imponente design de produção de Sarah Greenwood, faz jus ao imaginário de toda uma geração apaixonada pela animação e também de quem é fã de musicais.
Em termos de história há de se considerar leituras cada vez mais consideradas nos dias de hoje como A Bela e a Fera narrar um romance que nasce a partir do aprisionamento da mocinha por um príncipe que logo a encantará com um castelo imenso e bibliotecas impressionantes. Ainda é válido questionar o quanto a representação de LeFou (Josh Gad) é correta, uma vez que ele não passa de um personagem gay que, obcecado pelo amigo hétero, unidimensional e até mesmo machista, abre mão a todo momento de sua própria personalidade para causar algum tipo de impressão ao moço. De resto, A Bela e a Fera, mesmo com alguns excessos na história, é uma experiência encantadora aos olhos e aos ouvidos, entregando, com doses certeiras de ambição, a transposição para o live action que há tempos merecíamos conferir.
Mesmo a adaptação live action não trazendo nada de novo, acho que “A Bela e a Fera” obteve esse sucesso por se tratar de uma história com encanto e apelo inigualáveis. Bill Condon é um grande diretor e fez um filme lindo, do ponto de vista visual. Eu, particularmente, adorei!
Kamila, acho que Bill Condon e a Disney foram muito ousados ao ampliar a narrativa musical do filme. Isso, para mim, fez toda a diferença! Essa nova versão é encantadora e madura justamente por essa escolha!