Erro comum na apreciação de interpretações, a supervalorização do trabalho físico poderia ofuscar o que realmente existe de mais belo na performance do grande Nelson Xavier em A Despedida. No entanto, o trabalho que o ator realiza de dentro para fora é forte a ponto de não permitir que as representações físicas de seu Almirante, um homem de 92 anos que decide viver a última noite de amor com a sua amante de 37, definam o show do ator. Claro que a entrega de Xavier à reprodução corporal de um homem que parece prestes a desmantelar a qualquer momento é impressionante, mas o poder que o ator tem de transformar seu personagem em um homem espirituoso e muito mais vivo do que sua idade sugere é o que pontua sua atuação como a mais tocante entre os atores de 2016. Ao longo de um dia na vida de Almirante, A Despedida proporciona tudo o que um grande ator como Xavier merece: a chance de explorar o poder das palavras e dos gestos a partir de uma interpretação que precisa sintetizar toda a personalidade de um homem quase centenário a partir de um dia aparentemente corriqueiro de sua vida. Do grande ato que divide com a ótima Juliana Paes aos breves encontros que tem com outros personagens coadjuvantes, Nelson Xavier brilha em todas as formas possíveis. Ainda disputavam a categoria: Domingos Montagner (De Onde Eu Te Vejo), Hugh Grant (Florence: Quem é Essa Mulher?), Jacob Tremblay (O Quarto de Jack) e Michael Fasbender (Steve Jobs).
EM ANOS ANTERIORES: 2015 – David Oyelowo (Selma: Uma Luta Pela Igualdade) | 2014 – Jake Gyllenhaal (O Abutre) | 2013 – Joaquin Phoenix (O Mestre) | 2012 – Rodrigo Santoro (Heleno) | 2011 – Colin Firth (O Discurso do Rei) | 2010 – Colin Firth (Direito de Amar) | 2009 – Sean Penn (Milk – A Voz da Igualdade) | 2008 – Daniel Day-Lewis (Sangue Negro) | 2007 – Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia)
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