O Som ao Redor, longa de estreia do pernambucano Kleber Mendonça Filho, pode até ser mais afiado em determinadas leituras da contemporaneidade brasileira, mas isso não diminui o valor do grande roteiro de Aquarius. É, inclusive, mera questão de estilo. No filme estrelado por Sonia Braga, Kleber reforça sua total influência como uma das grandes vozes do cinema brasileiro. E isso não se deve apenas ao que o filme representou em um conturbado momento político do nosso país. O roteiro escrito por ele, na verdade, encontra sua real excelência em outros aspectos que ficaram em segundo plano na época do lançamento do flonga. Analisado mais isoladamente, Aquarius é, antes de qualquer coisa, um hino à força feminina, construindo, com intensidade e delicadeza, a bela história de uma mulher de meia-idade independente, forte, muito bem posicionada e ativa sexualmente. A partir da riquíssima personalidade de Clara (Sonia Braga), Kleber entrega um roteiro rico em interpretações e reforça, assim como o recente Elle, a ideia que, às vezes, basta uma grande personagem ser plenamente compreendida e lida de forma inteligente em suas mais diversas facetas para que o roteiro de uma obra seja suficientemente fascinante. Ainda disputavam a categoria: De Onde Eu Te Vejo, A Juventude, Spotlight – Segredos Revelados e Sinfonia da Necrópole.
EM ANOS ANTERIORES: 2015 – Que Horas Ela Volta? | 2014 – Relatos Selvagens | 2013 – Antes da Meia-Noite | 2012 – A Separação | 2011 – Melancolia | 2010 – A Origem | 2009 – (500) Dias Com Ela | 2008 – WALL-E | 2007 – Ratatouille
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