TOP 10: as melhores cenas de Meryl Streep

meryl67Basta dar uma breve circulada aqui no blog para perceber que considero Meryl Streep a rainha favorita do universo. Nem sempre foi assim: nos primórdios das minhas descobertas cinéfilas, caí de amores por Susan Sarandon, mas precisamos ser sinceros: o tempo não foi nada justo com ela, ao contrário de Meryl, que, com os anos, aprendeu a se divertir e se tornou até mesmo sucesso de público e bilheteria. Costumo dizer que a definição de “melhor atriz em atividade” não passa apenas pela questão do talento, mas também pela diversidade de papeis, por conseguir sobreviver na indústria (especialmente se estamos falando das mulheres) e por conseguir arriscar sempre. E, no que sei de cinema até aqui, não conheço atriz com carreira tão plural e prolífera quanto a dela, muito menos com imenso talento distribuído em tudo isso. Por isso, homenageamos a aniversariante do dia ressuscitando a série TOP 10 que costumávamos fazer aqui no blog. Muita coisa muda com o tempo, e várias listas que publicamos aqui já não seriam as mesmos (Kate Winslet, por exemplo, certamente teria a adição de Steve Jobs em sua postagem), mas é sempre divertido fazê-las. Já havíamos elencado os melhores desempenhos de Meryl Streep, mas, para celebrar os 67 anos da atriz, dessa vez, embarcamos em um desafio diferente: falar sobre suas melhores cenas no cinema. Lembrando que nosso objetivo aqui não é ponderar uma média do que público e crítica consideram como mais emblemático ou da relevância de cada cena na carreira de atriz. A lista, na realidade, é feita toda com o coração.

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1A decisão imposta e assombrosa de A Escolha de Sofia

A própria Meryl Streep já revelou que só conseguiu gravar esta cena uma única vez e que, posteriormente, nunca teve coragem de revê-la. Se para nós, espectadores, já é doloroso ver a personagem do título tendo que fazer uma das escolhas mais inimagináveis da vida de qualquer pessoa, imagine, então, para ela que precisou estar na pele de toda a situação. Com alemão afiadíssimo, Meryl não deixa que o idioma sequer a faça hesitar em toda a intensa carga dramática de sua interpretação. É impossível não ficar com o coração na boca, tanto pela situação em si quanto pelo que ela realiza como intérprete. Nem mesmo o fato de A Escolha de Sofia ser um filme problemático diminui a potência deste momento dramaticamente universal e atemporal. 

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2. Despedida no semáforo em As Pontes de Madison

Coladinha com a nossa primeira posição vem a cena mais emblemática do drama romântico As Pontes de Madison. Assim como em A Escolha de Sofia, aqui a atriz precisar encarnar novamente uma intensa decisão. E, mais uma vez, o resultado é de partir o coração. Sem dizer uma palavra sequer, a atriz destroça corações com olhares, choros contidos e, principalmente, uma mão na maçaneta que comunica universos. Percebemos tudo o que se passa na cabeça da italiana Francesca Johnson, e por isso é tão angustiante ver que nada em seu interior consegue movê-la para os caminhos que tanto sonha. O diretor Clint Eastwood dá o toque romântico e dramático certo para o momento, mas o show é mesmo todo de Meryl, em uma de seus mais incríveis registros.

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3. Um ato final de compreensão e generosidade em Kramer vs. Kramer

Filme que traz o papel coadjuvante mais relevante e marcante de toda a carreira de Meryl Streep, Kramer vs. Kramer fez história ao tocar em um assunto delicadíssimo em plenos anos 1970: o que acontece quando uma mãe abandona sua família? Não deixa de ser pertinente a discussão quanto até hoje mulheres são criticadas por atitudes perfeitamente aceitáveis no universo masculino. O diretor e roteirista Robert Benton, no entanto, foi esperto e em momento algum vilanizou a Joanna de Meryl Streep. Ela é apenas uma mulher depressiva e confusa, o que torna seu ato final de compreensão e generosidade tão simbólico. São muitos os momentos em que Meryl, nos primórdios de sua carreira, tem a chance de brilhar com esse papel desafiador, mas sua última cena é particularmente delicada e emocionante, além de encerrar o filme com chave de ouro.

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4. “Todos querem ser como nós” em O Diabo Veste Prada

Outro papel da carreira de Meryl Streep que coloca em pauta os valores (ou falta deles) envolvendo uma série de julgamentos acerca do que é esperado de uma mulher, Miranda Priestly fez com que a atriz se tornasse um verdadeiro ícone pop e um grande sucesso de bilheteria. São inesquecíveis os momentos that’s all de Miranda e a dilacerante entrevista de emprego de Andy Sachs (Anne Hathaway). Entretanto, é em uma franca conversa com sua assistente dentro de um carro que Meryl sintetiza toda a sua força no papel. Descortinando uma série de  fatos que não nos deixa, de uma vez por todas, com qualquer dúvida sobre a competência e a inteligência de Miranda, a atriz brilha com todos os detalhes da construção que tornaram a personagem inesquecível, mostrando o íntimo profissional de uma mulher que amamos odiar e que, principalmente, precisamos respeitar.

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5. Uma visita inesperada em As Horas

É a performance mais subestimada por público e crítica em As Horas, e até hoje tento compreender o porquê. Na realidade, Clarissa Vaughan é tão complexa quanto a Laura Brown de Julianne Moore e até mais desafiadora que a Virginia Woolf de Nicole Kidman. Interpretando todas as angústias e infelicidades de uma mulher contemporânea sem qualquer artifício ou alegoria de figurino ou maquiagem, Meryl brilha nessa cena com Jeff Daniels. É nela que compreendemos melhor o universo de sua personagem, e, indo da angustiante mania de Clarissa de não verbalizar seus sentimentos ao total desmoronamento frente ao antigo amigo, a atriz tem material de sobra para se esbaldar – e o faz com toda elegância, disciplina e emoção que as tornaram única.

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6. Donna canta “The Winner Takes it All” em Mamma Mia!

Por mais que você não goste desse musical divertido, mas mal dirigido por Phyllida Lloyd, não há como negar a influência dele ao reforçar Meryl Streep como sucesso de bilheteria (no Reino Unido bateu recordes e mais recordes nos cinemas) e ao popularizar sua figura de intérprete com voz admirável, já que, nos anos seguintes, mais dois filmes exploraram sua voz: Caminhos da FlorestaRicki and the Flash: De Volta Pra Casa. O poder vocal da atriz não era novidade, o que não quer dizer que o que ela faz na cena de The Winner Takes it All não tenha seja um marco em sua carreira. Com uma versão muito mais dramática da clássica canção do ABBA, Meryl emociona ao cantar mas também ao interpretar toda a história e principalmente as mágoas da letra dessa música que sintetiza a vida amorosa de sua Donna Sheridan. E, nós, assim como Pierce Brosnan, só podemos ficar novamente sem saber o que fazer frente a tanto talento.

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7. Suzanne canta Ray Charles em Lembranças de Hollywood

Meryl Streep pode até alcançar notas mais altas cantando You Don’t Know Me, de Ray Charles, em Lembranças de Hollywood, mas esse é um momento cercado de sutilezas se comparado ao show de The Winner Takes it All, em Mamma Mia!, e principalmente à cena também musical que Shirley MacLaine protagoniza segundos depois nesse mesmo filme dirigido pelo saudoso Mike Nichols em 1990. Enquanto Doris (MacLaine) não pensa duas vezes antes de pular em cima de um piano para cantar como uma verdadeira diva, Suzanne (Meryl) solta a voz muito timidamente, sem qualquer glamour frente ao estrelado da mãe. Esse contraponto, onde Meryl trabalha a introspecção de sua personagem como a admiração e respeito de uma filha por uma mãe que, na realidade, não gosta de ver sua sucessora brilhar mais do que ela, está em cada expressão corporal da atriz ao longo de You Don’t Know Me. São cenas que dialogam, e de forma muito mais bonita do que pode parecer.

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8. O desabafo final da irmã Aloysius em Dúvida

Há quem deteste o desfecho de Dúvida e até quem diga que os exatos 30 segundos finais ateiam fogo à história inteira, mas sou fã da provocação colocada pelo diretor e roteirista John Patrick Shanley na tela. Não é o testamento final da humanização da irmã Aloysius (Meryl) porque a própria já havia hesitado em palavras e emoções ao ser confrontada pelo padre Flynn (Philip Seymour Hoffman) em relação a já ter cometido pecados em tempos passados. Ainda assim, acho fundamental e até comovente o repentino desmoronamento de uma mulher que precisava baixar a guarda e se desarmar. Até o último minuto, irmã Aloysius mantem a pose ao segurar as lágrimas e as palavras para, depois, confundir e provocar o espectador com seu desabafo final – e Meryl, eventualmente criticada por seus exageros no papel, faz desse o o seu melhor momento em Dúvida.

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9. A nervosa reunião de gabinete em A Dama de Ferro

É preciso muito talento como atriz para sobreviver a um filme inegavelmente mal escrito e dirigido como A Dama de Ferro. Ainda é um tanto frustrante que Meryl tenha precisado de um papel de biografia carregado de sotaque e maquiagem para ganhar um terceiro Oscar. Por outro lado, isso não diminui o que ela consegue alcançar no longa de Phyllida Lloyd. A cena escolhida impressiona porque mostra a polêmica Margaret Thatcher nos tempos mais movimentados e turbulentos de sua vida política e coordenando uma nervosa reunião de gabinete onde são questionados desde os erros de português em um relatório até os ideais políticos de seus assistentes. O sotaque e a postura sabemos que ela tira de letra, mas, nesse momento em particular, Meryl transmite, com uma certeira intensidade, toda a imponência e autoridade de uma mulher que só alivia a respiração e relaxa a postura quando se vê sozinha entre quatro paredes.

MERYL STREEP stars in AUGUST: OSAGE COUNTY

10. O tenso jantar de Álbum de Família

Completando a tríade das personagens mais ácidas de Meryl Streep (formada ainda por Miranda Priesly, de O Diabo Veste Prada, e Aloysius Beauvier, de Dúvida.) está a matriarca Violet Weston de Álbum de Família. O auge de sua personalidade altamente crítica e de suas ofensas disfarçadas de sinceridade está no primeiro jantar que ela realiza com a família após o velório do marido. Assim como em todo o filme, cada personagem tem seu momento aqui. No entanto, é mesmo Violet quem lidera a situação toda, dizendo todas verdades possíveis como uma mulher que parece ter muito pouco de mãe. Na pele da protagonista, Meryl, ao inferiorizar as filhas por elas terem uma vida supostamente mais fácil do que a dela durante a juventude, nunca se repete ou hesita na dinâmica que estabelece com todos os colegas na longa cena encenada ao redor de uma simples mesa de jantar. É algo inteiramente novo, incômodo e interpretado com a habitual excelência da veterana.

4 comentários em “TOP 10: as melhores cenas de Meryl Streep

  1. Para mim As Pontes de Madison é um dos melhores filmes que eu vi porque teve Clint Eastwood no elenco também. Sempre acompanhei o trabalho de Clint Eastwood, e neste ano quando soube que lançaria o filme 15h17 Trem para Paris, esperei com todo o meu ser a estréia. Li que é um dos melhores filmes baseados em fatos reais. Assisti no cinema e acho que é um dos melhores do diretor. Realmente vale a pena todo o trabalho que a produção fez, cada detalhe faz que seja um grande filme. Acho que é uma boa idéia fazer este tipo de adaptações cinematográficas.

  2. Eu fico até sem palavras. Emudeço quando o assunto é Meryl. Se falar, solto uma besta de dentro de mim. Ah, essa mulher…

  3. As duas primeiras cenas, pra mim, são dois dos grandes momentos da história do cinema. A atuação de Meryl, em “A Escolha de Sofia”, a melhor atuação feminina de todos os tempos; e essa cena super marcante de “As Pontes de Madison”, o filme romântico mais lindo dos últimos tempos!

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