Chewie, we’re home!
Direção: J.J. Abrams
Roteiro: J.J. Abrams, Lawrence Kasdan e Michael Arndt
Elenco: Daisy Ridley, John Boyega, Adam Driver, Harrison Ford, Domhnall Gleeson, Carrie Fisher, Oscar Isaac, Max Von Sydow, Lupita Nyong’o, Andy Serkis, Mark Hamill, Anthony Daniels, Peter Mayhew, Kiran Shah, Simon Pegg
Star Wars: The Force Awakens, EUA, 2015, Aventura/Ficção Científica, 115 minutos
Sinopse: Décadas após a queda de Darth Vader e do Império, surge uma nova ameaça: a Primeira Ordem, uma organização sombria que busca minar o poder da República e que tem Kylo Ren (Adam Driver), o General Hux (Domhnall Gleeson) e o Líder Supremo Snoke (Andy Serkis) como principais expoentes. Eles conseguem capturar Poe Dameron (Oscar Isaac), um dos principais pilotos da Resistência, que antes de ser preso envia através do pequeno robô BB-8 o mapa de onde vive o mitológico Luke Skywalker (Mark Hamill). Ao fugir pelo deserto, BB-8 encontra a jovem Rey (Daisy Ridley), que vive sozinha catando destroços de naves antigas. Paralelamente, Poe recebe a ajuda de Finn (John Boyega), um stormtrooper que decide abandonar o posto repentinamente. Juntos, eles escapam do domínio da Primeira Ordem. (Adoro Cinema)
O testamento da influência definitiva de Star Wars é mesmo esse novo capítulo chamado O Despertar da Força. Ora, mesmo com a unanimidade de que A Ameaça Fantasma, O Ataque dos Clones e A Vingança dos Sith, os filmes realizados por George Lucas entre 1999 e 2005, foram o quase suicídio artístico da franquia, ninguém deu muita bola: O Despertar da Força já causava alvoroço muito tempo antes de sua estreia e hoje quebra recordes mundo afora. Não é por ser fácil faturar gordas bilheterias hoje em dia que o filme está por todos os lados, mas por resgatar elementos clássicos da série a partir do olhar de um realizador que sabe como ninguém preservar o passado sob a luz da contemporaneidade. A missão era difícil e carregada de responsabilidades sem precedentes, mas J.J. Abrams, mais uma vez, mostra que a força e, claro, o talento estão ao seu lado.
Não dá para afirmar que J.J. Abrams tem 100% de aproveitamento em sua carreira porque nela existe algo chamado Lost. Entretanto, não é difícil colocar o diretor entre os melhores realizadores de sua escala atualmente. Depois das mil maravilhas que fez com Star Trek, ele mais uma vez se mostra superlativo atrás das câmeras com O Despertar da Força, o filme que precisávamos ter visto dez anos atrás no lugar de A Ameaça Fantasma. Isso mesmo, é sem qualquer receio de exageros que podemos ser categóricos: o novo filme de Star Wars elimina do mapa a trilogia anterior comandada por George Lucas (que, convenhamos, tem seus méritos como a mente por trás do universo, mas raramente é grande como diretor). Mais do que um filme muito bem executado, O Despertar da Força cumpre com louvor a missão de ser um resgate para os antigos fãs e uma bela introdução para os leigos que venham a abraçar a história daqui para frente. Não é nem referencial demais nem excessivamente zerado, reproduzindo o mesmo conceito que fez dos novos Star Trek aventuras tão bem recebidas.
É importante mencionar o respeito que J.J. Abrams preserva em O Despertar da Força não apenas com o estilo e com os elementos clássicos que fizeram de Star Wars um fenômeno, mas também com a construção da história, que traz ao palco antigos personagens – e muitos deles, a exemplo de Han Solo (Harrison Ford), em funções realmente decisivas, e não em participações curiosas aqui ou ali. A nova história se constrói com a ajuda de figuras como Solo e introduz heróis que, além de funcionais para o drama e a ação de O Despertar da Força, representam uma grande vitória para o momento cada vez mais combativo à desigualdade que assola Hollywood. Sim, no filme de J.J. Abrams o protagonista é negro, e se reclamarem só um pouquinho logo ele se junta a uma mulher que, nos momentos finais, ainda é decisiva para que os conflitos sigam em frente. George Miller e sua Imperatriz Furiosa de Mad Max: Estrada da Fúria devem estar muito orgulhosos.
No que se refere a novas ideias para o desenvolvimento em si, O Despertar da Força talvez seja menos criativo do que os dois exemplares recentes de Star Trek. O zelo um tanto excessivo à fórmula clássica é compreensível dada a dimensão das expectativas, mas o forte apego às raízes da trilogia não deixa de eventualmente despertar a curiosidade em ver um Star Wars mais renovado na linguagem. Afinal, algumas saídas, apesar de muito eficientes, não são necessariamente criativas, como a criação de BB-8, mais um robozinho adorável que claramente vem para tomar a dianteira de R2-D2 e C-3PO. Essa é uma observação particular que em nada chega a prejudicar o excelente resultado alcançado pelo filme, que tem um clímax à altura, excelente doses de humor, uma técnica digna a seu favor e ainda um final surpreendentemente triste envolvendo um importante personagem. Não é porque os filmes anteriores decepcionaram: O Despertar da Força é mesmo a continuação que precisávamos.
Isso mesmo, Matheus! O coração exulta quando sentimos que Star Wars está no caminho certo, com jovens heróis capazes de levar a saga diante. Um bom diretor pode tudo!
Stella, e detalhe: J.J. Abrams não é apenas um bom diretor, é maravilhoso!!