O Exótico Hotel Marigold 2

There’s no present like the time.

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Direção: John Madden

Roteiro: Ol Parker

Elenco: Dev Patel, Maggie Smith, Judi Dench, Bill Nighy, Richard Gere, Ronald Pickup, Penelope Wilton, David Strathairn, Celia Imrie, Diana Hardcastle, Fiona Mollison, Tina Desai, Shazad Latif, Avijit Dutt

The Second Best Exotic Marigold Hotel, Inglaterra/Estados Unidos, Comédia/Drama, 122 minutos

Sinopse: Sonny Kapoor (Dev Patel) tenta encontrar tempo para expandir os negócios enquanto se preprara para o casamento com Sunaina (Tena Desae). O Hotel Marigold tem lotação praticamente esgotada e ele precisa de uma nova propriedade para receber novos hóspedes. (Adoro Cinema)

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Ao receber o Oscar de melhor atriz em 2014 por seu desempenho em Blue Jasmine, Cate Blanchett saudou as colegas indicadas e justificou a ausência de uma delas: Judi Dench, que concorria por Philomena. Lamentando a ausência da colega e amiga – as duas atuaram juntas oito anos antes em Notas Sobre Um Escândalo – Blanchett disse que espera poder sonhar com uma carreira como a de Dench, que, aos 79 anos, faltava ao Oscar para estar na Índia gravando a continuação de um filme seu de grande sucesso. O trabalho em questão era O Exótico Hotel Marigold, e a lembrança de Blanchett para o feito de uma veterana estar em alta no cinema é para lá de válida: em tempos que as atrizes de idade mais avançada não conseguem nem pagar o aluguel (lembram de Dianne Wiest?), ver um filme como Marigold, que traz uma legião de grandes atores reunidos e alcançando notável sucesso comercial, é o suficiente para renovar a nossa fé na valorização desses intérpretes. Assim, dá até para relevar o fato de que tanto o primeiro filme quanto esta continuação novamente dirigida por John Madden não chegam perto de alcançar o brilhantismo de seu elenco.

O que não permitia O Exótico Hotel Marigold alçar voos mais altos era a insistência do roteiro de Ol Parker em querer ser maior que os atores. Isso quer dizer que o primeiro volume quase caía no ostracismo ao acumular melodramas e frases de auto-ajuda ao invés de criar situações realmente descontraídas e genuínas para que os atores pudessem tirar o melhor delas entre eles próprios. Mesmo sem um diretor Marigold daria certo com um elenco daqueles. Só que Parker e Madden preferiram filosofar e refletir, o que deixava o roteiro quase aborrecido. Esqueciam, portanto, quem eram as verdadeiras estrelas daquele filme. Já diz o ditado que não se mexe em time que está ganhando e, como o público comprou o resultado (o primeiro volume faturou nada menos que dez vezes mais que o seu orçamento), a equipe permanece a mesma, incluindo o diretor e o roteirista (no elenco só Tom Wilkinson não retorna por motivos da trama mesmo). Com isso, não existem muitas variações na continuação e quem entrou no clima do filme anterior certamente voltará a se envolver agora. Enquanto isso, para os que, assim como eu, ficaram um tanto decepcionados, existe uma notícia relativamente boa: O Exótico Hotel Marigold 2 finalmente percebe que o elenco é obviamente o seu maior trunfo.

A fórmula é a mesma – na Índia todos mudam de vida e acham a solução para os seus problemas – e obviamente não poderiam faltar as frases de efeito, as belas paisagens e a música indiana novamente assinada por Thomas Newman. Na jogada, ainda surge um novato que incrementa a previsibilidade: Richard Gere, com o seu manjado papel de galã de cabelos brancos que faz todas as mulheres suspirarem. Resumindo, não existe absolutamente nada de novo em O Exótico Hotel Marigold 2, com exceção do roteiro se atentar à ideia de que não precisa – e nem deve – tentar ser mais profundo do que realmente pode ser. Ainda que lutem com o excesso de personagens, os atores estão visivelmente mais à vontade aqui, principalmente porque não existe mais a formalidade de apresentar personagens e introduzir suas respectivas personalidades. Todos parecem mais radiantes em uma história que, diminuindo sua veia didática e enfadonha (mas nem por isso menos previsível), dá a entender que precisa apenas criar pretextos para que eles esbanjem suas inegáveis naturalidades em cena. 

Com a decisão de ser uma experiência despretensiosa, o longa de John Madden – ou melhor, do respeitável grupo de atores – flerta com o irresistível, afinal, cada um dos intérpretes poderia apenas ler uma lista telefônica e ainda assim O Exótico Hotel Marigold 2 teria seu valor. Existe realmente um clima melhor aqui, algo mais vivo que até torna palatáveis as reflexões típicas de filmes sobre pessoas que viajam para repensar a vida. Baixando a guarda, é possível se inspirar, e a maior prova de que John Madden e Ol Parker compreenderam quem dá vida ao filme é o plano final que, ao colocar a câmera no rosto envelhecido mas emocionado de Maggie Smith, afirma que não existe presente mais valioso que o tempo. Nada mais justo do que encerrar a história com a rabugenta Muriel Donnelly da atriz, que se revela o coração desta continuação e que é a síntese da mensagem mais bonita do filme: a de que a morte, em certo ponto da vida, pode sim estar sempre presente em nosso imaginário – mas como uma importante lembrança de que é nossa obrigação viver os dias que nos restam com o maior carinho possível.

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