Foi quando trabalhei pela primeira vez no Festival de Cinema de Gramado em 2012 que entrei em contato com a filmografia do carioca Marcelo Galvão. Vencedor do Festival naquele ano com o espirituoso Colegas, Galvão retornou ao evento em 2015 para exibir o sensível e belo A Despedida, que lhe rendeu um novo Kikito – dessa vez o de melhor direção. Gentilmente, Galvão topou participar da nossa coluna e, abaixo, sintetiza em um depoimento algumas das interpretações que marcaram sua vida de cinéfilo. De Jack Nicholson em O Iluminado a Leonardo DiCaprio em O Aviador, passando por Björk e Gary Oldman, ele é mais um convidado para quem abrimos uma exceção no número de desempenhos selecionados. E todos os lembrados por Galvão são inéditos aqui! Confiram abaixo todas as escolhas do diretor!
A interpretação do Jack Nicholson em O Iluminado é bárbara, incluindo tudo o que ele criou para o personagem atrás das câmeras: um clima ruim entre ele e a Shelley Duvall, onde ele era bem frio com ela, se portando como um astro em relação a colega propositalmente. Tudo para que se criasse na tela um casal que você via que não estava dando certo. Acho que era essa um pouco a ideia e ele conseguiu imprimir bastante essa sensação no filme. Também tem todo o processo de loucura, uma proposta de criar uma figura diabólica para um pai de família… Acho muito boa a interpretação do Jack Nicholson nesse filme.
Já em O Aviador foi primeira vez que eu senti o Leonardo DiCaprio fora daquele estereótipo de garoto bonitinho que o físico dele acaba propagando. Nesse filme eu vi o quão bom ator ele é. Toda a construção do processo de loucura do Howard Hughes foi muito bom. Também tem Björk em Dançando no Escuro, entregando uma interpretação genial para uma iniciante no cinema; Gary Oldman roubando a cena e dando um show de interpretação em O Profissional, mesmo com Jean Reno sendo o herói do filme; e Christoph Waltz, que parece servir apenas para um tipo de personagem, mas que consegue sim fazer coisas diferentes, como em Django Livre, onde surpreende. Ele é o cara, sendo que a cara dele não dá a entender que ele é o cara!
Eu concordo com o que Marcelo Galvão escreveu sobre Leonardo DiCaprio em “O Aviador”. Foi o primeiro filme também em que eu consegui enxergá-lo como um ator de verdade. Discordo, no entanto, sobre a opinião dele sobre o Christoph Waltz. Pra mim, ele é um ator de um papel só. Seus trejeitos sempre se repetem, pelo menos, nas duas oportunidades em que ele trabalhou com Quentin Tarantino.
Kamila, gosto do Christoph Waltz somente quando ele é dirigido por Quentin Tarantino. De resto, acho suas interpretações caricatas e, no caso de “Grandes Olhos”, descontroladas.