I’m putting on my best show under the spotlight.
Direção: Will Gluck
Roteiro: Aline Brosh McKenna e Will Gluck, baseado nos desenhos “Little Orphan Annie” e no texto teatral homônimo de Thomas Meehan
Elenco: Quvanzhané Wallis, Jamie Foxx, Cameron Diaz, Rose Byrne, Bobby Cannavale, David Zayas, Adewale Akinnuoye-Agbaje, Zoe Margaret Colletti, Nicolette Pierini, Eden Duncan-Smith, Amanda Troya, Dorian Missick, Tracie Thoms
EUA, 2014, Comédia/Musical, 118 minutos
Sinopse: Annie (Quvenzhané Wallis) é uma jovem órfã que vive em um orfanato comandado com mão de ferro pela senhora Hannigan (Cameron Diaz). Sua vida muda ao ser escolhida para passar alguns dias na mansão de um milionário político (Jamie Foxx), onde acaba fazendo amizade com seus funcionários e sendo usada para fins eleitoreiros. (Adoro Cinema)
Will Gluck é um diretor que sabe dialogar com o grande público. Ao criar obras previsíveis e até mesmo manjadas mas devidamente agradáveis, Gluck construiu certa linearidade em sua carreira com filmes como Amizade Colorida e A Mentira. É só você não exigir muito dele que a diversão está garantida. Por isso, ele parecia ser o nome certo para comandar a nova versão cinematográfica Annie, espetáculo da Broadway já adaptado anteriormente para o cinema em 1982 e para a TV em 1999. A teoria é endossada pelos primeiros minutos de filme, onde acompanhamos a protagonista Annie (Quvanzhané Wallis) em seu último dia de aula antes das férias cantando nas ruas de Nova York e no apartamento onde mora com suas amigas órfãs sob a tutela de uma impostora (Cameron Diaz). As passagens são repletas de graça e inocência, com uma linguagem que teria colocado Annie, anos atrás, como um verdadeiro clássico infantil da Sessão da Tarde. Tudo funciona até. Já quando o filme começa a construir uma história, o jogo inverte por completo.
Seria maravilhoso ver Annie se tornar uma fábula contemporânea para os pequenos, que estão cada vez mais carentes de obras populares com pequenas mas importantes lições. Também seria um alento curtir um musical descontraído, leve e inocente ao estilo Hairspray – Em Busca da Fama. Tudo isso era possível em Annie, mas é curioso ver como Gluck acerta no tom empregado em sua direção mas peca demais na adaptação do texto feita em parceria com Aline Brosh McKenna (cujo trabalho mais célebre no cinema foi o roteiro de O Diabo Veste Prada). A refilmagem, toda embalada para dar certo, frustra com um conteúdo frágil demais para sustentar a atenção de qualquer pessoa. Na jornada da garotinha órfã em busca dos pais que esbarra na vida de um candidato a prefeito (Jamie Foxx) sedento por uma novidade para impulsionar sua campanha, não existem grandes originalidades. O problema, porém, não é a ausência delas, mas sim a falta de consistência da história, que resulta vazia e desinteressante.
Fora as transformações óbvias ou repentinas dos personagens, pouco acontece em Annie – e isso é um verdadeiro problema para um longa de quase duas horas que pede ao espectador que compre a ingenuidade de uma trama infantil e, principalmente, toda a cantoria de um musical. Haja paciência. Com as situações rasas, a fragilidade se estende, infelizmente, ao lado musical, que não chega a ter canções particularmente empolgantes. Claro que aqui estamos falando de um musical que, mesmo tendo que conquistar os ouvidos (principalmente dos pequenos), utiliza a música basicamente como uma ferramenta narrativa, mas, dada a falta de força da história, a sensação é que os atores começam a cantar simplesmente do nada – e o pior: sobre trivialidades, com destaque para o tedioso dueto de Wallis e Foxx admirando Nova York em um voo de helicóptero.
Quem Annie pensou que agradaria com esse resultado? Os pequenos? Certamente não, pois o filme não chega a ser um passatempo infantil de bom ritmo para prendê-los frente à tela. Os adultos? Muito menos, pois para eles fica ainda mais evidente as a ausência de uma história interessante. Em termos de elenco, os atores também não ajudam: se a pequena Quvanzhané Wallis tem a graça necessária para o papel que nada exige além da já esperada naturalidade para alguém de sua idade, o resto do elenco sofre com uma das piores interpretações da carreira de Cameron Diaz (achando que, para interpretar uma vilã, precisa de infinitas caras e bocas – uma decisão que lhe valeu uma merecida indicação ao Framboesa de Ouro de pior atriz coadjuvante) e com a habitual repetição de Jamie Foxx, que, fora Django Livre, pouco fez de relevante em sua carreira depois do Oscar por Ray.
Frustra Annie alcançar esse resultado completamente irregular porque que existe um realizador ideal atrás das câmeras para uma história como essa. Dessa vez, no entanto, Will Gluck não colheu bons frutos: o musical não fez sucesso nos Estados Unidos (mesmo sendo um espetáculo bem sucedido na Broadway), foi lembrado entre os indicados do Framboesa de Ouro como pior remake e aqui no Brasil passou completamente despercebido pelas salas de cinema (decepcionando também a própria distribuidora, que resolveu lançar o filme apenas com cópias dubladas, em uma clara intenção de alcançar o grande público). Mereceu o fracasso. Aguentar uma história tão frouxa permeada por canções que pouco acrescentam narrativamente ou como diversão para os ouvidos é complicado. Uma chance desperdiçada.
Vou esperar entrar no catálogo do Netflix para assistir [2]
sem contar que tia Cameron me deixa com preguiça de assistir. depois de Professora Sem Classe, nem se apresente na minha frente.
Lou, nunca achei tia Cameron grande coisa, mas nesse ela tá mesmo sofrível!
“Annie” é um clássico musical da Broadway, mas eu confesso que essa releitura não me interessou muito. Pelos trailers, dava para perceber que se tratava de um filme somente regular. Vou esperar entrar no catálogo do Netflix para assistir.
Kamila, eu ainda esperava algo bem inocente e descompromissado, mas o filme não tem história mesmo e é bastante entediante a partir de certo ponto…