Na coleção… Harry Potter e o Enigma do Príncipe

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O Enigma do Príncipe marcou a primeira repetição de um diretor na série Harry Potter desde que Chris Columbus deixou o cargo com A Câmara Secreta. Se em A Ordem da Fênix o britânico David Yates teve, logo em sua estreia, muitos méritos ao transpor para as telas o livro frágil e quase desinteressante de J.K. Rowling, particularmente já não consigo dizer que O Enigma do Príncipe goza das mesmas qualidades – o que é bastante decepcionante, pois o material original é um dos mais empolgantes escritos por Rowling. Da forma como foi adaptado novamente por Steve Cloves e dirigido por Yates, Harry Potter e o Enigma do Príncipe resultou desestimulante, um tanto cansativo e até mesmo frequentemente bobo.

O que mais incomoda nesse sexto filme em que o jovem bruxo Harry (Daniel Radcliffe) precisa lidar com as ameaças do consumado retorno de lorde Voldemort (Ralph Fiennes) é o tom insistentemente piadista da trama. Se em O Cálice de Fogo as descobertas adolescentes dos personagens eram tratadas de forma natural e genuinamente bem humoradas, aqui já soam forçadas, como se precisassem existir apenas para fazer dar um alívio à dramaticidade cada vez mais adulta e perigosa da saga. Com isso, sai perdendo Rupert Grint, por exemplo, que interpreta um Rony Weasley sem qualquer profundidade, já que este parece eternamente reduzido ao papel de bobo da corte. O novo coadjuvante Jim Broadbent também não tem muito o que fazer como o professor maluquinho e descabelado de poções que, apesar de ter uma função importante no filme, é outra extensão da tal insistência cômica.

A atenção excessiva ao humor parece incongruente porque os acontecimentos de Harry Potter e o Enigma do Príncipe estão em outra batida. Tudo é muito urgente e quase desesperançoso. O reflexo disso está no próprio visual da série, cada vez mais desprovido de cores – e a bela fotografia de Bruno Delbonnel indicada ao Oscar é peça fundamental para que possamos compreender, já em um primeiro contato, que o universo do jovem Harry é bem diferente daquele apresentado por Columbus em 2001. A trilha de Nicholas Hooper ainda completa essa sensação, com melodias que raramente evocam a magia de John Williams e que constroem uma nova identidade para esse universo em constante redefinição.

Narrativamente, ainda existem muitos aspectos que não engatam em O Enigma do Príncipe. Os flashbacks, concebidos com impecável apuro visual, começam interessantes, mas aos poucos se banalizam e não têm o devido impacto – até porque, sem querer, surgem meio avulsos em um cotidiano humorístico e de paixonites adolescentes. Infelizmente, não surtem o efeito que tinham na obra original, que ainda revelava com grande emoção a identidade do tal príncipe do título, enquanto, no filme, o momento é encenado sem qualquer invenção, com direito ao personagem tendo que bradar, em uma luta, “eu sou o príncipe mestiço!” como se estivesse tirando revelando a identidade de um fora da lei após arrancar sua máscara para uma multidão como nos velhos tempos do desenho Scooby Doo. Isso acontece logo após a morte de um importante personagem, que, aí sim, reforça com boa intensidade o novo tom urgente de Harry Potter que não deveria ser distraído por firulas de romances colegiais.

Confira também:

– Harry Potter e a Pedra Filosofal

– Harry Potter e a Câmara Secreta

– Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban

– Harry Potter e o Cálice de Fogo

– Harry Potter e a Ordem da Fênix

2 comentários em “Na coleção… Harry Potter e o Enigma do Príncipe

  1. Tenho sérios problemas com a série “Harry Potter”, que considero irregular. Para você ter uma ideia, me lembro muito pouco de “O Enigma do Príncipe” e isso nunca pode ser considerado um bom sinal…

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