Rapidamente

Em Gata Velha Ainda Mia,  Regina Duarte e Bárbara Paz duelam em diálogos encenados em um único cenário

Em Gata Velha Ainda Mia, Regina Duarte e Bárbara Paz duelam com diálogos encenados em apenas um ambiente

COM LICENÇA, EU VOU À LUTA (idem, 1985, de Lui Farias): Por este filme Marieta Severo chegou a ganhar o Kikito de melhor atriz no Festival de Cinema de Gramado, mas a verdade é que não é muito justo celebrá-la quando a força da história é dividida entre ela e Fernanda Torres. As duas são as protagonistas de Com Licença, Eu Vou à Luta e ambas têm os seus momentos neste longa sobre um conturbado relacionamento entre mãe e filha, em especial quando a segunda, contrariando a família, começa a namorar um homem 18 anos mais velho, divorciado e com dois filhos. Adaptado do livro homônimo e autobiográfico de Eliane Maciel – vivida por Fernanda na versão cinematográfica -, este trabalho de Lui Farias (filho do também cineasta Roberto Farias) trouxe excelentes discussões para a década de 1980 mas que também curiosamente ainda se revelam bastante válidas para os dias de hoje: até que ponto uma garota de 15 anos consegue saber o que é melhor para sua vida? Um homem mais velho está necessariamente se aproveitando de uma menina mais jovem? De que forma os pais devem lidar com as decisões e as transformações dos filhos adolescentes? Alcançando seus melhores momentos nos confrontos entre Marieta e Fernanda – atrizes que por si só já merecem todos os elogios do mundo -, Com Licença, Eu Vou à Luta é crível, objetivo e, por que não, um filme para ser sempre debatido.

GATA VELHA AINDA MIA (idem, 2014, de Rafael Primot): Se existe um gênero que está prestes a se tornar moda no cinema brasileiro este é o suspense psicológico. Em 2014 já tivemos Quando Eu Era Vivo, que foi relativamente bem recebido neste sentido. Agora Gata Velha Ainda Mia vem para reforçar a tendência, colocando Regina Duarte e Bárbara Paz em um único cenário para um embate de opiniões que pouco a pouco traz consequências até mesmo físicas para as personagens. O que existe de mais interessante no longa do jovem Rafael Primot é como ele se esquiva de qualquer esquema comercial. Gata Velha Ainda Mia não é estilo Globo Filmes: o resultado é bastante atípico e pode até mesmo chocar algumas plateias com a forma que desenvolve sua história, seja pelo formato inteiramente apoiado em diálogos ou pelos próprios rumos, muitas vezes extremos e quase macabros. Bárbara Paz continua se mostrando uma atriz com muito a melhorar (em especial aqui, onde é a mocinha), enquanto Regina Duarte, com a sua mais recente mania de beirar o overacting, casa perfeitamente com a personagem megera e irônica que desde os primeiros minutos já sugere que está prestes a explodir como uma mulher bastante perturbada – e é exatamente aí que melhor reside a tensão do filme. Sem nunca parecer teatral, Gata Velha Ainda Mia é estranho e com um final um tanto amortecido, mas um filme que certamente não causará indiferença.

NAMORO OU LIBERDADE? (That Awkward Moment, 2014, de Tom Gormican): Já não gosto do título em português, que é radical demais ao reduzir namoros ao status de “prisão”, mas o filme todo é decepcionante. Cada vez mais parece que Hollywood desaprendeu a fazer comédias jovens e românticas que sejam divertidas mesmo com suas previsibilidades. Esta é especialmente chata e óbvia do início ao fim, com protagonistas que não despertam a nossa torcida. O elenco é liderado por Zac Efron, que cresceu, abandonou quaisquer resquícios de sua juventude High School Musical e hoje já é notícia como um dos homens mais desejados da atualidade. Efron ainda tem outro filme nos próximos meses (Vizinhos, que estrela ao lado de Seth Rogen), mas ele não vai além da beleza e sua desenvoltura para humor parece ter sido mesmo apenas memomentânea em 17 Outra Vez, onde estava carismático e divertido. Aqui, ao lado de Michael B. Jordan (do recente Fruitvale Station – A Última Parada) e Miles Teller, ele não consegue fazer muito, provando que é outro nome de sua geração que caiu no estereótipo de beleza sem talento. Mas a verdade é que todo Namoro ou Liberdade? é tedioso, não sabendo que tipo de humor seguir e tentando trazer reflexões sobre solteirice e comprometimento sem qualquer profundidade. Banal, redundante e óbvio, o filme de Tom Gormican não deve agradar os fãs de comédias pastelão nem as adolescentes apaixonadas.

X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO (X-Men: Days of Future Past, de Bryan Singer): Por alguma razão, não consigo mais me envolver com filme de herois. E por mais que X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido seja mais sobre outras questões ainda bastante contemporâneas e menos sobre poderes especiais, não sei se consigo desassociá-lo dessa overdose que o cinema vem tendo de adaptações de HQ’s. De todo jeito, Bryan Singer volta a provar que faz a diferença na franquia, especialmente depois do filme anterior, que hoje parece tão esquecível. Nesta sequência, tudo está mais seguro, em especial o elenco, que deve ser um dos melhores envolvendo herois no cinema, com destaque para Michael Fassbender (um antagonista imponente e realmente temível) e Peter Dinklage (hoje um estouro em Game of Thrones mas que sempre teve seus momentos especiais no cinema). Talvez esta continuação pudesse aproveitar melhor os atores da antiga franquia, que são praticamente figurantes (Halle Berry deve ter apenas uma fala durante quase duas horas), mas isso não é razão para depreciar a nova geração, principalmente quando personagens como Xavier (James McAvoy, sempre um acerto) estão mais complexos e melhor desenvolvidos. Dias de Um Futuro Esquecido pode até não ser uma revolução para o gênero, mas certamente é uma boa opção quando ir ao cinema para assistir a este tipo de história tem se tornado um verdadeiro exercício de desânimo.

2 comentários em “Rapidamente

  1. Dos filmes resenhados, só assisti a “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”, que achei um filme bem interessante. Gosto do caminho que essa franquia passou a percorrer desde “X-Men: Primeira Classe” e esse é um filme que tem uma dualidade interessante, um conflito intrigante e bem desenvolvido pelo diretor Bryan Singer.

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