Jogos Vorazes: Em Chamas

We don’t have to destroy her. Just her image.

hungerfire

Direção: Francis Lawrence

Roteiro: Simon Beaufoy e Michael Arndt, baseado no livro “Catching Fire”, de Suzanne Collins

Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Philip Seymour Hoffman, Woody Harrelson, Donald Sutherland, Elizabeth Banks, Stanley Tucci, Lenny Kravitz, Liam Hemsworth, Jena Malone, Jeffrey Wright, Amanda Plummer

The Hunger Games: Catching Fire, EUA, 2013, Aventura, 146 minutos

Sinopse: Segundo volume da trilogia Jogos Vorazes, baseada nos romances de Suzanne Collins. A saga relata a aventura de Katniss (Jennifer Lawrence), jovem escolhida para participar aos “jogos vorazes”, espécie de reality show em que um adolescente de cada distrito de Panem, considerado como “tributo”, deve lutar com os demais até que apenas um saia vivo. Neste segundo episódio da série, após a afronta de Katniss à organização dos jogos, ela deverá enfrentar a forte represália do governo local, lutando não apenas por sua vida, mas por toda a população de Panem. (Adoro Cinema)

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Não era por ser um filme meramente introdutório que o primeiro Jogos Vorazes não justificava todo o barulho que causou quando chegou aos cinemas. Ora, Harry Potter e a Pedra Filosofal, por exemplo, era igualmente didático nesse sentido, mas tinha um universo suficientemente fascinante e inovador para que entendêssemos o porquê de tanto encantamento. Só que basta analisar atentamente a premissa de Jogos Vorazes para perceber que nada ali é necessariamente novo. Pegue os jogos de vida ou morte em uma arena de Tron – Uma Odisseia Eltrônica e misture com o reality show manipulador de O Show de Truman para termos a premissa básica da história criada pela escritora estadunidense Suzanne Collins em 2008.

Se o primeiro volume da versão cinematográfica de Jogos Vorazes não conseguia ser nada além de uma mera introdução de personagens e situações, agora a franquia mostra finalmente ao que veio com essa continuação subtitulada Em Chamas, que surpreende ao ser exatamente tudo aquilo que o filme anterior deveria ter sido. Agora sim podemos dizer que Jogos Vorazes tem tudo para ostentar merecidamente o título de febre jovem sucessora de Harry Potter. Um fator crucial para que essa sequência tenha muito mais força e sentido é abater o problema que anos atrás também minou o drama Não Me Abandone Jamais: o de impor uma condição impensável e desumana aos personagens sem que eles movessem uma vírgula para mudar a tal circunstância que coloca suas vidas em risco. Existe reação em Jogos Vorazes: Em Chamas, o que já faz com que o filme dirigido por Francis Lawrence (substituindo Gary Ross) ganhe pontos aos se tornar muito mais crível e de acordo com a realidade.

O amadurecimento narrativo está claramente visível nessa nova adaptação, cujo roteiro, escrito pelos oscarizados Simon Beaufoy (Quem Quer Ser Um Milionário?) e Michael Arndt (Pequena Miss Sunshine), impressiona em sua precisa construção. Com uma primeira hora basicamente sem ação e desenvolvida toda a partir de diálogos, o texto é suficiente seguro para usar os diálogos como forma de imersão no novo mundo reacionário mas ditatorial protagonizado por Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) e Peeta Mellark (Josh Hutcherson). Essa primeira parte é o ponto de partida ideal para situar o espectador nas novidades, apresentar novas figuras (Plutarch Heavensbee, vivido por Philip Seymour Hoffman, uma excelente aquisição) e preparar o terreno para as adrenalinas e reviravoltas da hora posterior.

Por falar em adrenalina, é igualmente gratificante ver que Jogos Vorazes se fortaleceu também nessa abordagem. A tensão se mostra muito mais elaborada e instigante, fazendo com que o espectador realmente se sinta dentro dos perigos da arena em que os personagens tentam a todo custo sobreviver. Por isso, pouco importa se Katniss vai ficar com Peeta ou Gale (Liam Hemsworth). Esse não é o foco da história, até porque Em Chamas está acertadamente muito mais preocupado em ser um filme de tons políticos e nervosos (tanto dramaticamente quanto em termos de ação), o que por si só já comprova a evolução do roteiro, que poderia facilmente se entregar aos desejos de ganhar os corações do público jovem se focando excessivamente em um triângulo amoroso.

O longa de Gary Ross é ainda uma experiência com excelentes reviravoltas (os últimos minutos são surpreendentes), onde o resultado nunca subestima o espectador e mostra que filmes desse gênero podem sim ser diferentes, ter ritmo dinâmico e ultrapassar o obstáculo da longa duração (que, neste caso, são 140 minutos extremamente ligeiros). Alguns aspectos ainda precisam ser ajustados, como a figura de Peeta, que precisa urgentemente deixar de ser o personagem praticamente indefeso e sem habilidades que só tropeça ou desmaia na hora da correria; a de Elizabeth Banks, ainda a boba da corte sem grandes dimensões; e a de Liam Hemsworth, que sofre com um personagem que não nos envolve e que precisa ter a nossa empatia para o conflito amoroso do filme. Mas, felizmente, nada disso inferioriza a consistência do texto de Beaufoy e Arndt.

A total reestruturação de Jogos Vorazes (pelo menos em direção e roteiro) sem dúvida fortaleceu a trama, introduzindo importantes adesões e se estabelecendo como um filme que vai muito além de uma mera transição. É uma empolgante preparação para os próximos capítulos (que, infelizmente, será dividido em duas partes, seguindo a nova moda de Hollywood). Fora ter Em Chamas como base, o filme seguinte (A Esperança) ainda guarda uma expectativa particular para o escriba que vos fala: a participação de Julianne Moore em um papel decisivo. Que essa futura continuação esteja à altura do capítulo que vimos este ano!

FILME: 8.5

4

3 comentários em “Jogos Vorazes: Em Chamas

  1. Ricardo, eu não sou entusiasta do primeiro filme, mas essa continuação realmente me pegou!

    Clóvis, foi um filme surpreendente mesmo. E estou nesse mesmo dilema que você sobre a divisão do próximo filme…

  2. Concordo com você. O que mais me surpreendeu foi o modo como o filme foi tão fiel ao livro, tanto em termos de história quanto em tom, e soube se equilibrar tão bem como cinema. Houve um aprimoramento técnico que serviu ao longa muito bem, a cena final na arena é arrebatadora! Agora, só espero que essa história de dividir o último livro não vá minar o ótimo trabalho feito aqui.

  3. Muito interessante saber que “Em Chamas” é um bom filme. Se eu não tivesse lido este teu texto, com certeza ia demorar um tempão para assistí-lo. Agora, vou demorar só um tempinho. :D

    Abração!

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