You… have… to get me… out of here.
Direção: Fede Alvarez
Roteiro: Fede Alvarez e Rodo Sayagues, baseado no roteiro de Sam Raimi para o filme homônimo de 1981
Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci, Jessica Lucas, Elizabeth Blackmore, Sian Davis, Jim McLarty, Phoenix Connolly, Randal Wilson, Stephen Butterworth, Karl Willetts
Evil Dead, EUA, 2013, Terror, 91 minutos
Sinopse: Mia (Jane Levy) é uma garota viciada em drogas. Ela é levada pelos amigos Olivia (Jessica Lucas) e Eric (Lou Taylor Pucci) para uma cabana isolada na floresta, no intuito de realizarem uma longa cura de desintoxicação. Para a surpresa de todos, o irmão de Mia, David (Shiloh Fernandez), rapaz afastado dos amigos e familiares há tempos, também aparece, junto de sua namorada, Natalie (Elizabeth Blackmore). Entretanto, eles são surpreendidos ao descobrirem que a cabana havia sido invadida, e que o porão parece uma espécie de altar grotesco, repleto de animais mortos. Lá eles encontram um livro antigo, trancado. Atraído, Eric resolve abri-lo e lê-lo em voz alta, sem imaginar as consequências de seus atos. Mia começa a manifestar um comportamento estranho, interpretado no início como sintoma da abstinência. No entanto, aos poucos, todos percebem que uma força demoníaca se apoderou de seu corpo. (Adoro Cinema)
O cenário já é conhecido: a casa caindo aos pedaços no meio de uma floresta isolada de tudo e de todos. Mais conhecido ainda é quem protagoniza a história dentro dela: um grupo de jovens com diferentes personalidades. E é claro que, mesmo com situações que já assustariam qualquer pessoa sã, eles vão inventar uma desculpa para permanecer lá. E quando os jovens finalmente se dão conta que a situação ficou feia, surpresa! Uma enchente deixa a estrada submersa, impedindo-os de sair daquele lugar. Bom, em tempos que Mama nos lembra que o terror estadunidense nada mais faz do que reciclar elementos do gênero da forma mais desleixada possível, era no mínimo compreensível esperar que todas essas situações afundassem A Morte do Demônio, refilmagem do filme homônimo de 1981 dirigido por Sam Raimi. Mas como é bom ser surpreendido, não é mesmo? Mais do que isso: como é gratificante sentir um filme de terror! Isso mesmo: A Morte do Demônio fisga o espectador pela angústia, supera as expectativas e ainda consegue ser o melhor exemplar do gênero em anos.
Os fãs do filme original podem ficar tranquilos. Mesmo com o envolvimento de Sam Raimi na produção (o diretor agora é o uruguaio Fede Alvarez), A Morte do Demônio não dialoga diretamente com o filme original dos anos 1980. E é até meio injusto tecer comparações entre os dois, simplesmente porque a obra dirigida por Raimi – incluindo a continuação – hoje já não mete medo em ninguém e é mais lembrada em função de seu humor involuntário e de sua vertente “terrir”. Não é o que acontece com o filme de Fede Alvarez, que pode até ter um senso de diversão bastante apurado – ainda que nunca escancarado ou propositalmente elaborado para causar risadas – mas que tem as suas qualidades centradas justamente na habilidade de colocar o espectador em plena angústia. Por isso, é bom preparar os nervos: Alvarez faz jus à classificação etária máxima e não poupa ninguém ao mutilar personagens e banhar todos em sangue. O melhor de tudo é que todas essas situações nunca parecem exageradas para os padrões do gênero e muito menos descambam para o gore (ok, aqui ou ali sim, mas nada que prejudique) ou para o ridículo. Em termos de violência, A Morte do Demônio sabe até onde deve ir – o que, nos dias de hoje, é algo a ser bastante valorizado.
Sobrevivendo com louvor aos tais detalhes que poderiam minar a paciência de plateias mais exigentes, o longa também tem propostas muito simples em termos de história de terror (possessão, bruxaria, livro de profecias, uma morte a cada 15 minutos), mas o diretor uruguaio apresenta uma desenvoltura impressionante ao manipular todos os bons elementos que colocam enredos desse estilo em outro patamar. Nos primeiros momentos, A Morte de Demônio parece ser uma falsa promessa com suas introduções rasas de dramas e personagens. Porém, basta o tal espírito do mal possuir a personagem principal vivida por Jane Levy para que tudo se ajeite. E não demora muito para que o espectador se encontre em uma nervosa jornada, muito em função da facilidade com que Fede Alvarez torna a violência e o perigo bastante críveis. Dá para sentir que a morte é realmente algo a se temer – o que deveria ser a lógica de todo bom filme de terror. Ponto mais uma vez para o filme que, ainda aliado a um bom trabalho de produção, não deixa que o sangue, por exemplo, vire motivo de risadas como em Kill Bill. Aqui parece de verdade mesmo. Isso conta, e muito!
Com tantos pontos positivos, procurar aspectos para não curtir o filme só tira todo o entretenimento da experiência. Quem se entregar aos pregos, injeções, vômitos e serras elétricas certamente vai encontrar em A Morte do Demônio um dos mais interessantes filmes de terror do cinema recente. O diretor uruguaio sabe exatamente o que o espectador quer – e está precisando depois de uma enxurrada de exemplares falhos -, entregando um longa-metragem direto ao ponto. Ele compreende, acima de tudo, que damos uma chance ao terror porque todos nós temos um lado masoquista. Nós queremos sofrer no cinema, ter nossos limites testados. E, depois de um bom tempo sem ver um exemplar assim, o cinema encontra esse A Morte do Demônio apresentando subsídios para que o espectador saia mais do que satisfeito da sessão nesse sentido. Que bom que não são apenas os filmes de língua latina que ainda conseguem nos deixar tensos (para não citar apenas [REC], também sugiro A Casa). Assim, fica registrada aqui a nossa torcida para que façam outros filmes bem ambientados e executados certeiramente como esse A Morte do Demônio.
FILME: 8.5
Eveline, tenho percebido que o filme não tem feito muito sucesso aqui no Brasil. Está difícil achar alguém que tenha gostado tanto quanto eu hehe
Kamila, eu também não gosto, mas esse me surpreendeu!
Nao gosto de filmes de horror e, pra ser bem sincera, estou FORA desse filme!
Tava concordando contigo nas outras críticas que li, mas nessa discordei e muuuito, hehehe. Achei o oposto do que você disse: o filme me pareceu exagerado. Tanto na quantidade de sangue, quanto na tentativa de causar medo, que ao meu ver acabou causando foi uma grande vontade de rir. Coisa que muitos fizeram na sessão de cinema em que fui. A cena em que uma das garotas fica presa com a garota possuída no porão é uma das cenas que exemplifica isso. Mas é isso aí…cada um com sua opinião. Fora isso, gosto da maneira que você escreve.