Para bem ou para o mal, a categoria de melhor ator coadjuvante é a celebração do que já conhecemos. Do magnetismo fascinante e incansável de Philip Seymour Hoffman aos momentos piadistas de Alan Arkin, a seleção foi interessante – com ressalvas, claro – trazendo pelo menos um desempenho marcante. A corrida para os atores coadjuvantes segue indefinida até o último momento, especialmente porque todos os concorrentes já têm um Oscar em casa, o que deixa o termômetro de merecimento ainda mais aguçado: afinal, quem é digno de ter uma segunda estatueta em casa? A lógica aponta para Tommy Lee Jones (vencedor do SAG) ou Christoph Waltz (que faturou o Globo de Ouro e o BAFTA), mas é bom ficar de olho em Philip Seymour Hoffman, o grande merecedor, coroado pelo Critics’ Choice Awards, e que fez a melhor carreira nos últimos anos entre indicados.
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ALAN ARKIN (Argo): A presença de Alan Arkin entre os selecionados é pra lá de questionável por várias razões. Começando pelo fato do ator não fazer nada de novo (o papel de piadista alívio cômico já foi visto antes). Segundo porque, se fosse para lembrar dele, John Goodman, sua dupla de cena, também deveria estar indicado. Arkin funciona em Argo, mas, sinceramente, sua lembrança na categoria é completamente dispensável.
CHRISTOPH WALTZ (Django Livre): O dr. King Schultz de Django Livre pode até, uma vez ou outra, lembrar o inesquecível Hans Landa de Waltz em Bastardos Inglórios, só que não é nada que impeça o ator de criar uma figura de estilo parecido mas com uma nova roupagem. Ele é um dos pontos altos do filme de Tarantino, fazendo uma excelente dupla com Jamie Foxx e criando um personagem cheio de carisma e ironia. Para quem parecia fadado a uma certa composição (Água Para Elefantes, Deus da Carnificina?), Waltz deu a volta por cima.
PHILIP SEYMOUR HOFFMAN (O Mestre): É, desde já, um dos grandes desempenhos entre os filmes lançados comercialmente no Brasil em 2013. As más línguas dizem que Hoffman se repete, mas, assim como Jack Nicholson, ele pode fazer sempre a mesma composição que nunca deixará de cativar. E, em O Mestre, ele cria outro personagem inesquecível, com uma interpretação ao mesmo tempo minuciosa e explosiva, repleta de dubiedades, parecida com a do também incrível padre Flynn de Dúvida.
ROBERT DE NIRO (O Lado Bom da Vida): Muito se comentou que esse é o retorno de Robert De Niro após vários papeis sofríveis em comédias bobas. Mentira. Ok, é o papel de maior destaque dele em muito tempo, mas nada que justifique tantos elogios e muito menos uma indicação. Com um desempenho sem grandes variações (qual a novidade do pai torcedor de futebol americano que é pulso firme com o filho enquanto a mãe é coração mole?), foi lembrado em função, claro, do poder de Harvey Weinstein.
TOMMY LEE JONES (Lincoln): O papel de senhor rabugento e mal humorado foi trabalhado com bastante dignidade por Tommy Lee Jones no recente Um Divã Para Dois, onde tinha uma missão mais desafiadora. Por isso, o trabalho realizado por ele em Lincoln não é necessariamente uma novidade. Mesmo assim, o veterano é um excelente suporte do grande elenco. A merecida indicação já basta como reconhecimento.
O ESQUECIDO
Nada de repetições do antológico Anton Chigurh de Onde os Fracos Não Têm Vez. Em 007 – Operação Skyfall, o espanhol Javier Bardem cria mais um vilão diferente e memorável para sua carreira. Integrando com louvor o excelente elenco de suporte do filme de Sam Mendes (Judi Dench também está ótima), Bardem tem tudo para ser lembrado como um dos grandes vilões da franquia 007. Pena que esse ótimo desempenho só foi lembrado pelo SAG.
Clóvis, então concordamos em tudo nessa categoria! =)
Brenno, acho que tem nada a ver deixar de torcer por um ator só porque outro no filme está melhor e não foi indicado. Para mim, o mais justo é ver qual entre os indicados está melhor. E juro que não vi nada demais em Leonardo DiCaprio. Se fosse para lembrar de outro ator de “Django Livre”, seria Samuel L. Jackson.
Kamila, mas se fosse por essa lógica, o Alan Arkin não deveria ser indicado também: o papel dele é igual a tantos outros que ele fez recentemente.
Mark, merecia muito. Arrasou!
De todos os indicados, o meu preferido é o esquecido. Javier estava fantástico e com certeza é um dos melhores vilãs de 007. Esse merecia indicação ao Oscar.
Mais uma vez, vou ter que concordar com você em relação à ausência da categoria. Javier Bardem merecia ter sido lembrado por “Skyfall”. Mais um grande vilão calculoso e frio em sua carreira. Pensando bem, talvez tenha sido por isso mesmo que ele não tenha sido lembrado no Oscar desse ano. Por não ter feito algo diferente.
Dos indicados, ainda não assisti ao filme “O Mestre”. Meu favorito, dentre os outros 4 é Tommy Lee Jones e acho que ele vai vencer. Esta é uma das categorias, no entanto, em que tudo está bem equilibrado. Todos possuem chances.
Olha, eu assisti “Lincoln” e “Django Livre” seguidamente. Terminei o primeiro colocando Lee Jones como meu favorito. Ao começar a ver o segundo, achei Waltz arrebatador e merecedor de todos os prêmios. Mas quando Leonardo DiCaprio (o real merecedor desse Oscar) apareceu em cena, achei Waltz muito pequeno diante dele e deixando a peteca cair. Diante isso, voltei a torcer por Tommy Lee Jones.
Reitero o que você disse a respeito de Arkin e De Niro. Arkin está bem em “Argo”, mas passa longe de ser merecedor de qualquer celebração. E eu jamais indicaria De Niro a prêmio algum, ele só faz o básico em “O Lado Bom da Vida”. Waltz fez por merecer e aprovo sua indicação. Hoffman ainda não vi. Assisti a “Lincoln” hoje e me surpreendi positivamente com o Tommy Lee Jones. Ele está um arraso em cena e, por ora, tem a minha torcida. Pra mim, os esquecidos desse ano foram Javier Bardem (Skyfall), Ewan McGregor (O Impossível) e Eddie Redmayne (Os Miseráveis).