Não foi um grande ano para as atrizes na award season, sejam elas coadjuvantes ou protagonistas. Foram poucos os desempenhos realmente marcantes – o que pode ser constatado nesta primeira categoria do Oscar 2013 que comentamos aqui no blog. Entre as atrizes coadjuvantes, tem um pouco de tudo, de veteranas a jovens talentos. E a categorias é uma das poucas que tem vencedora já definida: Anne Hathaway, como a sofrida Fantine do musical Os Miseráveis. Não há o que duvidar: ela chega a sua segunda indicação ao Oscar com Critics’ Choice, SAG, Globo de Ouro e BAFTA na bagagem. A matemática joga totalmente a seu favor. Agora, se é realmente merecedora de tantos prêmios… Aí já é outra história que comentamos abaixo, concorrente por concorrente (elencadas por ordem alfabética).
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AMY ADAMS (O Mestre): De todas as indicadas, deve ser a que melhor exerce a função de coadjuvante. Porém, sua participação não é tão monstruosa quanto a de Joaquin Phoenix ou Philip Seymour Hoffman – o que pode ser um pouco frustrante. A indicação é merecida, mas, novamente, a atriz não tem chances de vencer, até porque O Mestre não foi muito bem recebido lá fora. Serve apenas para endossar o excelente currículo de Adams – que, a qualquer hora, deve ser beneficiada por seu consistente histórico na premiação.
ANNE HATHAWAY (Os Miseráveis): Entre as selecionadas, é a única que tem uma sequência avassaladora (haja coração frio para não se emocionar com I Dreamed a Dream), mas a composição de Anne Hathaway não vai muito além disso. Com pouquíssimo tempo em cena em um filme com mais de 140 minutos, ela tira leite de pedra como a sofrida Fantine. Entretanto, não fosse o momento com a clássica música que recentemente ficou marcada pela voz de Susan Boyle, ela não estaria faturando todos os prêmios da temporada.
HELEN HUNT (As Sessões): É o melhor desempenho da categoria, e é fácil entender o porquê de não receber a devida atenção: a atriz passou anos despercebida depois de um Oscar injusto por Melhor é Impossível, está em um filme pequeno e tem uma interpretação repleta de sutilezas (o que raramente é celebrado). A verdade é que Hunt tira o papel de letra, sem qualquer vaidade e com uma humanidade muito especial. Sem falar que faz uma bela dupla com o igualmente ótimo – e subestimado – John Hawkes.
JACKI WEAVER (O Lado Bom da Vida): Foi a influência de Harvey Weinstein que colocou a australiana Jacki Weaver na disputa de atriz coadjuvante. Não existe outra explicação para essa indicação. Ela já esteve ótima em Reino Animal, mas, em O Lado Bom da Vida, não tem o que fazer com um papel inexplorado e que, conforme o filme se desenvolve, quase assume o cargo de figurante. Sem sequer uma cena especial, a indicação de Weaver é uma dos grandes devaneios do ano.
SALLY FIELD (Lincoln): Quem conferiu pelo menos por algum tempo o seriado Brothers & Sisters não vai ter qualquer surpresa com Sally Field em Lincoln. E isso é positivo! Mais controlada quanto aos tiques Regina Duarte, a veterana tem o seu desempenho mais relevante em anos (não confundir com algo extraordinário), exercendo com dignidade o papel de Mary Todd Lincoln. Mesmo com seu nome consagrado, precisou fazer teste para o papel. E fez valer o voto de confiança.
A ESQUECIDA
Certamente o preconceito com uma franquia de sucesso impediu Judi Dench de chegar entre as finalistas do Oscar 2013. Afiadíssima como M, a veterana nunca teve tanto destaque nas aventuras de James Bond. Figura-chave para o desenvolvimento de 007 – Operação Skyfall, Judi teve uma das melhores composições entre as coadjuvantes de 2012. Não seria injustiça alguma ela substituir Jacki Weaver, por exemplo.
Mais uma vez fico com a esquecida, até porque não vi nada em especial nas outras, principalmente em Jacki Weaver, como assim ela foi nomeada? Absurdo, mal aparece e não tem sequer uma cena considerável.
Luís, inexplicável essa indicação da Jacki Weaver!
Kamila, além da Judi Dench estar ótima, ela é fundamental para todo o desenvolvimento de “007 – Operação Skyfall”! Merecia demais a lembrança.
Bruno, como eu comentei no post, a Hathaway tem algo que todas as outras não têm: uma cena avassaladora, marcante. Por isso deve estar levando os prêmios, acredito eu. Porém, minha torcida fica mesmo com a Helen Hunt!
Clóvis, também acho o Oscar da Helen Hunt muito justo (era todo da Kate, mesmo), mas está ótima em “As Sessões”! E não é muito difícil estar melhor que a Jacki Weaver que, como você mesmo disse, nem abre mais a boca a partir de certo ponto do filme…
Brenno, todos conta a indicação da Jacki Weaver! Como não ter essa reação, né?
Hugo, e pensar que, ano passado, a vencedora poderia ter sido a Viola Davis, se a tivessem colocado na categoria certa. Octavia Spencer não dá! E a Amy Adams ainda vai ganhar Oscar fazendo papel de louca (subvertendo esse tipo queridinho que ela criou). Ou, então, partindo pra tática enfadonha de fazer uma cinebiografia…
O grupo pode não ser formado por grandes interpretações, mas está ótimo se levarmos em consideração as indicadas do ano passado. Em 2012, na minha opinião, essa categoria foi um desastre, qualquer coisa é melhor do que aquilo.
Ainda não conferi a performance de Anne Hathaway e Helen Hunt, mas gostei muito de Amy Adams em “O Mestre”. Acho que ela está medonha (no bom sentido), trazendo uma interpretação diferente de tudo o que eu já tinha visto dela.
Eu vou de Anne Hathaway, que me emocionou bastante. Assim como meio-Mundo também não entendo o que a Jacki Weaver faz ali na disputa.
Sensacional esse post! Só conferi Hathaway e Weaver até agora, logo, minha torcida vai para a primeira, já que a última quase não abre a boca o filme inteiro. Não ficarei triste pela provável derrota da Helen Hunt – nunca a perdoarei por tomar o Oscar que era da Kate Winslet em 98 – e mais uma vez, Adams ficará a ver navios. No mais, daria a indicação da Weaver para Judi Dench ou Samantha Barks.
Não foi mesmo um ano extraordinário para as atrizes. Mas não podemos dizer que foi uma safra desastrosa como a que tivemos no Oscar 2.010.
Por um lado, fico um pouco preocupado com a facilidade com a qual Anne Hathaway está levando todos os prêmios. Sua atuação é aquilo que você disse, Matheus: se restringe aos momentos de emoção ao som de I Dreamed a Dream. A impressão que fica é que existe um certo favorecimento ao gênero do filme e ao papel chamativo que coube a Anne.
Por outro lado, fico contente pela indicação da Helen Hunt. Sei e concordo que merecia maior reconhecimento, mas vamos levar em conta que desempenhos como o dela muitas vezes sequer recebem nomeação. Marion Cotillard é um exemplo.
O único ponto de divergência em relação ás suas considerações é quanto a Amy Adams. Em ” O Mestre ” ela teve sua melhor e mais técnica atuação. Em outros filmes, a docilidade emprestada aos seus personagens me irritava. Não é o caso aqui. Infelizmente, sua atuação perde visibilidade por causa do assombro de personagem com o qual seus parceiros de cena foram presenteados.
No mais, temos ” Jacki Weaver, o que você faz aqui ”? e Sally Filed apenas correta em Lincoln.
Das indicadas, só assisti às atuações de Sally Field, Jacki Weaver (não entendo a indicação dela…) e Anne Hathaway, que parece ser a vencedora incontestável. Concordo com seu comentário sobre a Judi Dench. Ela merecia por demais a indicação por “007 – Operação Skyfall”.
Concordo absolutamente com a sua sugestão de substituição de Weaver por Dench. A australiana está ali pelo que nós depreendemos de sua personagem, não por aquilo que ela apresenta. Simpática apenas, a atriz, como você bem apontou, chega a ser figurante a partir de um momento no filme. Apesar de não achar a interpretação de Dench tão interessante em “007 – Operação Skyfall”, eu a prefiro a Jacki Weaver sem dúvidas.