O papel em Dúvida, apesar de menor, foi mais muito mais marcante que o de Histórias Cruzadas, mas estamos falando de Viola Davis, uma atriz que, quando recebe qualquer personagem que lhe dê chances, faz misérias ao transbordar humanidade como poucas. No filme de Tate Taylor não é diferente: Viola emociona e rouba a cena toda vez que está sob os holofotes. Nada mais justo para uma interpretação na medida e cheia de momentos especiais, que também se favorece por ser a única contida e pé no chão do mundo caricato criado pelo roteiro – também da autoria de Taylor. Em 2012, na temporada de premiações, a atriz perdeu grandes chances de ser premiada por todos os cantos ao ser considerada protagonista. Caso concorresse como coadjuvante, teria recebido o reconhecimento que merecia ao ser consagrada no lugar de Octavia Spencer, que, inexplicavelmente, arrebatou todos os prêmios da temporada por uma interpretação fora de tom – o que, ironicamente, é tudo o que a de Viola Davis não é.
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OUTRAS INDICADAS:
JANET MCTEER (Albert Nobbs)
Albert Nobbs funciona quase que exclusivamente em função de Glenn Close e também da coadjuvante Janet McTeer. Ambas interpretam o mesmo tipo de papel (mulheres disfarçadas de homem em uma época machista), mas com abordagens bem diferentes. E é bem provável que McTeer seja mais beneficiada pela roteiro do que Glenn, o que ajuda ainda mais a sua ótima interpretação – que, ao contrário da sua companheira de cena, não é sabotada pelo roteiro. Na temporada de premiações do ano passado, com Viola Davis concorrendo equivocadamente como protagonista por Histórias Cruzadas, era a melhor coadjuvante em competição.
JUDI DENCH (007 – Operação Skyfall)
De coadjuvante de luxo na franquia 007, Judi Dench passou a ser figura fundamental em Operação Skyfall. Sam Mendes, bom diretor de atores que é, soube extrair o melhor da atriz no mais novo longa de James Bond. Sua M agora tem passado, está literalmente no meio da ação e é figura-chave de várias discussões e momentos importantes. E a veterana não poderia estar mais afiada no papel, fazendo um digníssimo trabalho de coadjuvante ao lado dos também ótimos Daniel Craig e – especialmente – Javier Bardem. Só uma atriz do calibre dela poderia dar esse ar sofisticado para M.
SANDRA BULLOCK (Tão Forte e Tão Perto)
A interpretação de Sandra Bullock em Tão Forte e Tão Perto só comprova o quanto seu Oscar por Um Sonho Possível foi precipitado. Funcionando muito bem como coadjuvante, Bullock sabe dar as devidas sutilezas para uma mãe que tenta lidar com o filho genioso e com o luto pela recente morte morte de seu marido. Ela consegue dar humanidade à personagem, aproveitando todos os momentos mais lacrimosos e também aqueles que lhe exigem uma certa dosagem de emoções. Injustamente, não recebeu o reconhecimento que merecia.
SHAILENE WOODLEY (Os Descendentes)
A jovem Shailene Woodley foi uma das grandes revelações de 2012. Se Alexander Payne decepcionou atrás das câmeras em Os Descendentes, a atriz não perdeu tempo: por mais que George Clooney esteja no melhor momento de sua carreira como ator, Woodley nunca se intimidou ao lado do ator e sua ótima interpretação. Com uma naturalidade admirável ao interpretar um papel que tinha tudo para ser representado de forma over e clichê, ela conquistou seu espaço e provou que merece outras chances igualmente boas.
EM ANOS ANTERIORES: 2011 – Amy Adams (O Vencedor) | 2010 – Marion Cotillard (Nine) | 2009 – Kate Winslet (O Leitor) | 2008 – Marcia Gay Harden (O Nevoeiro) | 2007 – Imelda Staunton (Harry Potter e a Ordem da Fênix)
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ESCOLHA DO PÚBLICO:
1. Viola Davis, por Histórias Cruzadas (49.06%, 26 votos)
2. Shailene Woodley, por Os Descendentes (18.87%, 10 votos)
3. Judi Dench, por 007 – Operação Skyfall (16.98%, 9 votos)
4. Janet McTeer, por Albert Nobbs (8%, 4 votos)
5. Sandra Bullock, por Tão Forte e Tão Perto (7.55%, 4 votos)
Charlote Gainsbourg é nítida coadjuvante na primeira parte de Melancolia, só que na segunda parte ganha mais importância, virando co-protagonista, só que Kristen Dunst é protagonista na primeira parte e na segunda parte, embora divida mais espaço com Gainsbourg, se mantém centralizando o filme, então varia mais sentido se ela tivese sido ido como coadjuvante, já que aparece menos que, por exemplo, Viola Davis em Histórias Cruzadas.
Tirando Viola (ótima, mas protagonista ao lado de Emma Stone em Histórias Cruzadas), fico McTeer, até mais convicente que Gleen Close, mas todas são boas. Só não entendi esse amor tardio por Bullock, que estar bem, mas tem papel pouco notável no pior filme do normalmente ótimo Daldry.
Luís, nossa! Só com aquela cena de “Dúvida” a Viola já me convenceu COMPLETAMENTE!
Luis e Vagner, pena que foi celebrada por aquele papel besta de “Um Sonho Possível”…
Brenno, Shailene Woodley foi uma das revelações do ano na minha opinião =)
Sou do time que considera Viola principal em “Histórias Cruzadas”. Dentre essas sou mais Jante McTeer, e não gosto muito da Shailene Woodley
Concordo plenamente sobre Bullock. Uma interpretação sensacional que teve nenhum reconhecimento. [2]
Concordo plenamente sobre Bullock. Uma interpretação sensacional que teve nenhum reconhecimento.
Pra mim, Viola Davis é uma atriz que ainda não me convenceu verdadeiramente. Seus grandes momentos são como personagens muito fortes cujas histórias a precedem – difícil saber o quanto estamos impressionados pela personagem e o quanto estamos impressionados pela atuação da atriz. A indicação pra mim no Oscar já bastou. Aqui, considerando as indicadas – aliás, considero horrenda a composição de McTeer -, fico entre Bullock e Woodley, preferindo esta àquela, sobretudo pelo modo sincero com o qual a atriz concebe sua personagem. Não vi Dench ainda, por isso a desconsiderei.
Mas a favor de Viola Davis, preciso dizer que concordo com você. Houvesse ela sido indicada como coadjuvante, seria abominável entregarem o prêmio à coisa medonha que Spencer fez.