Direção: Olivier Nakache e Eric Toledano
Roteiro: Olivier Nakache e Eric Toledano
Elenco: Omar Sy, François Cluzet, Anne Le Ny, Audrey Fleurot, Clotilde Mollet, Alba Gaïa Kraghede Bellugi, Cyril Mendy, Grégoire Oestermann, Christian Ameri, Dominique Daguier, François Caron, Thomas Solivéres
Intouchables, França, 2011, Drama, 112 minutos
Sinopse: Philippe (François Cluzet) é um aristocrata rico que, após sofrer um grave acidente, fica tetraplégico. Precisando de um assistente, ele decide contratar Driss (Omar Sy), um jovem problemático que não tem a menor experiência em cuidar de pessoas no seu estado. Aos poucos ele aprende a função, apesar das diversas gafes que comete. Philippe, por sua vez, se afeiçoa cada vez mais a Driss por ele não tratá-lo como um pobre coitado. Aos poucos a amizade entre eles se estabele, com cada um conhecendo melhor o mundo do outro. (Adoro Cinema)
Em 2012, o cultuado O Fabuloso Destino de Amélie Poulain teve que dar adeus ao posto de filme francês mais visto nos cinemas ao redor do mundo. Quem desbancou o longa de Jean-Pierre Jeunet foi esse tal de Intocáveis, que, a princípio, não tem grandes atrativos para faturar, até agora, mais de 400 milhões de dólares mundialmente (não chegou a custar nem 10). Mas, por alguma razão, todos parecem ter um carinho especial por essa história que não se difere em nada de tantos relatos motivacionais que o cinema já fez. Tanto amor pelo filme é, para mim, um mistério. Mas, certamente, o grande sucesso foi influenciado pelo boca-a-boca, uma vez que Intocáveis permanece semanas em cartaz até mesmo em grandes salas de cinema e consegue ultrapassar o obstáculo de ser um filme “menor” para interessar até mesmo um público mais comercial.
Tudo em Intocáveis é pensado para amenizar a situação dos protagonistas e tentar extrair as pequenas felicidades de suas vidas. Vejam o caso de Phillipe (François Cluzet), por exemplo: ele é tetraplégico, mas também um sujeito riquíssimo, capaz de bancar as modernidades mais caras da medicina e todos os cuidados necessários. Anula-se, então, a questão de sua condição, cujo drama funciona mais pela ideia em si do que pela execução. Já Driss (Omar Sy) é justamente o oposto: vem de uma família desajustada, não tem boas condições financeiras e está muito longe de ser um sujeito apreciador da cultura elitizada como Phillipe. E Intocáveis não hesita em brincar com os contrapontos para criar o maior número possível de cenas de humor, principalmente no que envolve a “ignorância” de um e a fineza do outro.
Só que “ei, estamos falando de um filme baseado em fatos reais!”, podem reivindicar alguns. E estão certos. O problema é que Intocáveis leva tudo demais para o lado positivo, como se quisesse se isentar de mostrar os momentos dramáticos de cada um dos personagens – que, sem dúvida, existiram e completariam o filme. E isso está apoiado no fato de que o trabalho da dupla Olivier Nakache e Eric Toledano não tem um momento mais intenso ou essencialmente dramático. Quando começa a trabalhar qualquer questão complexa, Intocáveis já parte para a conversa amiga ou para a cena de humor que é responsável por trazer alguma sensação boa para o espectador. Claro que tudo é uma questão de gosto – e, se não fosse assim, o longa não seria esse sucesso de bilheteria – só que é muito simples: comparado a tantas outras histórias com esse “clima”, Intocáveis fica devendo no fator inovação.
O ponto alto de Intocáveis é, sem pestanejar, a interpretação de François Cluzet. Não necessariamente pela condição em que seu personagem se encontra, mas pela forma como ele consegue fazer justamente aquilo que o roteiro não faz: achar um ponto de equilíbrio entre o drama e a comédia. Se toda a abordagem do longa não potencializa várias situações, Cluzet tira o melhor de cada uma delas com um desempenho na medida. Já Omar Sy está acomodado com o papel mais óbvio e que é responsável por praticamente todas as risadas. Escolhido como representante francês para uma vaga ao Oscar, Intocáveis, no entanto, não deve ir muito além do sucesso de bilheteria. Falta um certo requinte do ponto de vista narrativo para que o filme consiga também ser abraçado por completo pela crítica. Afinal, quem já viu tantas histórias assim certamente não vai considerar Intocáveis uma experiência cheia de frescor. Agradável até, mas não original.
FILME: 6.5
Bruno, é exatamente por ser o “típico” feel good movie que me intriga tanto… Por que o escolheram pra tanto sucesso?
Weiner, o François Cluzet é o ponto alto do filme!
Kamila, como eu disse no texto, não acho que o sucesso seja justificável. Para mim, foi um longa bastante convencional.
Sua opinião sobre “Intocáveis” é a primeira que leio que não elogia demais esse filme. Eu perdi todas as chances que tive de conferir este longa nos cinemas. Espero poder ter a chance quando ele for lançado em DVD ou passar na TV por assinatura.
O que mais chama minha atenção aqui é a comentada interpretação de François Cluzet. O argumento, apesar de forte, realmente é “mais do mesmo” – talvez um ou outro ponto camuflado, mas essencialmente igual aos outros do gênero.
Abraços!!
é o tipico feel good movie… os destaques são mesmo os dois atores principais, nem tanto a história… de fato falta algo em termos narrativos para se destacar no oscar por exemplo, mas nao seria uma surpresa.