Alan Rickman sempre foi um dos grandes méritos da série Harry Potter. Alguns podem argumentar que isso se deve apenas ao ótimo personagem criado por J.K. Rowling. Errado. Rickman criou uma personificação tão impecável de Severo Snape que é impossível imaginar qualquer outro ator em seu lugar. Se em O Enigma do Príncipe o roteiro desperdiçou o personagem de uma maneira brutal (na obra original, era um dos principais momentos dele), tudo é recompensando em As Relíquias da Morte – Parte 2. Snape continua tendo poucas aparições se comparado aos personagens principais, mas, agora, ele assume uma importância fundamental na história. Ou seja, já não bastasse a excelente composição de Rickman, ainda somos brindados com resoluções que aproveitam de forma brilhante o personagem. E o ator aproveita cada segundo. Logo na primeira cena do filme, sem uma única palavra sequer, já conseguimos prever o ótimo trabalho que está por vir. Tudo confirmado ao longo de As Relíquias da Morte – Parte 2: o ator emociona e humaniza seu personagem com grande impacto em poucos minutos, tornando-se dono de vários dos melhores momentos do filme de David Yates. Por isso e por todo o seu trabalho na saga Harry Potter, Alan Rickman merece todos os reconhecimentos possíveis. Pena que o preconceito pela série o impediu de chegar entre os finalistas de qualquer premiação…
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GEOFFREY RUSH (O Discurso do Rei)
Colin Firth não alcançaria o mesmo resultado em O Discurso do Rei sem o seu colega Geoffrey Rush. O filme de Tom Hooper, que vale essencialmente pelas atuações, acertou em cheio ao escolher o veterano ator para o papel do fonoaudiólogo que muda para sempre a vida do rei George VI. Com muito humor (sem ser forçado) e naturalidade, Rush brilha toda vez que aparece em cena e, junto com Firth, formou uma das grandes duplas do ano. Por seu desempenho, ganhou o BAFTA de ator coadjuvante e, sinceramente, não seria injusto se também tivesse levado o Oscar.
CHRISTIAN BALE (O Vencedor)
Rush não levou o Oscar, que foi parar nas mãos de um certo Christian Bale. Em O Vencedor, mais uma vez, o Batman de Christopher Nolan mostra a sua versatilidade. Sua atuação vai além da transformação física (até porque, antes, ele já tinha emagrecido de forma impressionante para O Operário): Bale rouba a cena e, toda vez que entra em cena, toma as rédeas que eram para ser do protagonista vivido por Mark Wahlberg. Apesar do papel não ser o mais simpático (é aquele tipo que não merece qualquer confiança), o ator conseguiu quebrar barreiras e se tornar um dos principais atrativos do filme. Reconhecimento merecido.
CHRISTOPHER PLUMMER (Toda Forma de Amor)
Talvez nem chegue a ser uma grande atuação, mas existe algo de muito afetivo no trabalho que Christopher Plummer fez para Toda Forma de Amor. O personagem é um achado, principalmente por ser tratado com muita sensibilidade – tanto pelo ator quanto pelo filme. Se o modo como ele aparece é um tanto discutível (flashbacks curtíssimos que atrapalham um pouco o aprofundamento do personagem), Plummer não sei deixa abalar por isso. Em cada momento, gestos e olhares dele sempre significam algo. Uma simplicidade que marca. E devemos também aplaudir a total falta de preconceito do ator. Afinal, qual veterano de 82 anos toparia interpretar um homossexual e ainda beijar outro homem para um filme sem grandes pretensões?
JEREMY IRONS (Margin Call – O Dia Antes do Fim)
Dá gosto de ver Jeremy Irons em Margin Call – O Dia Antes do Fim. É um exemplo atuação onde fica evidente o talento de um ator. Com muita desenvoltura, Irons, nas poucas cenas que tem, consegue ser superior a qualquer outro ator do elenco estrelar do filme. Impressiona pela facilidade com que lida com as palavras e pela facilidade em criar um personagem cheio de personalidade sem nunca parecer forçado. Ou seja, é um papel que só poderia ser destinado a um ator com boa trajetória e de muito talento. Irons, claro, é um deles. E cumpriu sua missão com louvor.
EM ANOS ANTERIORES: 2010 – Michael Douglas (Wall Street – O Dinheiro Nunca Dorme) | 2009 – Christoph Waltz (Bastados Inglórios) | 2008 – Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez) | 2007 – Casey Affleck (O Assassinato de Jesse James Pelo Covarde Robert Ford)
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Escolha do público:
1. Alan Rickman, por Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 (41,18%, 21 votos)
2. Christian Bale, por O Vencedor (25,49%, 13 votos)
3. Geoffrey Rush, por O Discurso do Rei (15,69%, 8 votos)
4. Christopher Plummer, por Toda Forma de Amor (11,76%, 6 votos)
5. Jeremy Irons, por Margin Call – O Dia Antes do Fim (5,88%, 3 votos)
Não conferi ainda Plummer e Irons. Admiro as atuações de Bale e Rush em seus respectivos filmes, mas o Rickman tem me impressionado desde o primeiro filme da série e ele apresentou uma atuação simplesmente soberba em “As Relíquias da Morte – Parte 2”. Voto nele.
Bruno, ele merecia demais ser reconhecido pelo filme!
Reinaldo, também pelo conjunto da obra – mas longe de ser só por isso.
Luís, Rickman arrasou em “As Relíquias da Morte – Parte 2” =)
Acho que a personagem de Christian Bale é sofrível. Ainda que discorde da sua colocação hermética acerca da interpretação de Alan Rickman, creio que ele seja mesmo o melhor dentre os indicados.
Seleção fortíssima! Embora Plummer e Rickman, em minha análise, estejam aí mais pelo conjunto da obra do que pelos respectivos trabalhos né seu Matheus?! rsrs. Brincadeiras à parte, abro meu voto: Jeremy Irons. Impressionante em Margin Call.
Abs
Vou de Cristopher Plummer, mas acho bem justo o Alan Rickman em primeiro lugar. De fato é o reconhecimento pelo trabalho na saga inteira, mas no último filme ele destacou demais… realmente uma pena ter ficado fora de Oscar e afins.
* mas no último filme ele SE destacou demais…