Guerreiro

I think I liked you better when you were a drunk. 

Direção: Gavin O’Connor

Elenco: Tom Hardy, Joel Edgerton, Nick Nolte, Jennifer Morrison, Frank Grillo, Kevin Dunn, Jake McLaughlin, Vanessa Martinez, Carlos Miranda

Warrior, EUA, 2011, Drama, 140 minutos

Sinopse: Tommy Conlon (Tom Hardy) é o filho mais novo de Paddy (Nick Nolte) e voltou há pouco tempo para casa. Tommy supera os problemas do pai com bebida e passa a treinar com ele para poder participar de campeonatos de MMA (Mixed Martial Arts), o famoso vale-tudo. Só que sua trajetória faz com que tenha que enfrentar no ringue Brendan Conlon (Joel Edgerton), seu próprio irmão.  (Adoro Cinema)

Um pequeno grande filme. É assim que podemos definir o surpreendente Guerreiro, que ficou ausente nos cinemas brasileiros e que, agora, já está disponível para locação. É um notável trabalho do diretor Gavin O’Connor, cujo filme mais relevante até então era Livre Para Amar, que rendeu uma indicação ao Oscar para a atriz Janet McTeer. Nesse seu novo longa, estrelado por Tom Hardy e Joel Edgerton, O’Connor apresenta um resultado completo, misturando, de forma envolvente, esporte, dramas familiares e muita emoção. A luta, que serve como guia para o desenvolvimento dos personagens, nunca havia sido retratada de forma tão contundente nos últimos tempos – pelo menos não desde o ano em que Clint Eastwood fez Menina de Ouro.

Guerreiro segue dois tipos de história. A primeira é aquela que envolve os conflitos familiares: o pai ex-alcoólatra que tenta se redimir dos erros do passado, o filho que foi embora e viu a mãe morrer e o caçula que ficou tentando constituir uma família. A segunda é a que encena o campeonato de MMA (Mixed Martial Arts), onde os dois irmãos, por circunstâncias e necessidades diferentes, decidem competir. E o roteiro consegue ser certeiro em ambas abordagens: nos difíceis relacionamentos familiares, nunca cai no previsível (ainda que não sejam nada originais, os dilemas são verossímeis e sem exageros do ponto de vista dramático); no esporte, consegue empolgar e emocionar, envolvendo o espectador em cada segundo dos confrontos.

O que se pode constatar é que Guerreiro, além de bem sucedido do ponto de vista narrativo, também consegue grande resultado na parte técnica. A montagem, dinâmica e muito bem finalizada nas tomadas de luta, ainda estrutura com precisão o destaque de cada personagem – principalmente porque os dois irmãos possuem personalidades completamente diferentes e, caso não fossem apresentados da devida maneira, o filme poderia vilanizar um e inocentar outro – e isso está longe de acontecer. Da forma como Guerreiro foi concluído, não conseguimos culpar ninguém. Vemos, em cada personagem, seres humanos cheios de falhas, tristezas e, por que não, esperanças. É o retrato de uma família desmantelada pelo tempo. O filme explora bem isso, seja quando aposta no estilo mais óbvio de dramaturgia ou quando resolve utilizar a luta como metáfora.

Essa sucessão de acertos de Guerreiro só melhora nas mãos do elenco. Tom Hardy que, nas cenas de confronto físico, parece possuído (o que evidencia a brutalidade descontrolada de um personagem agressivo não só fisicamente e que nunca baixa a guarda), começa como um tipo antipático, mas que, aos poucos, ganha pelo menos o entendimento do espectador. O contraponto de Hardy é interpretado com notável sinceridade por Joel Edgerton – um ator que explora bastante as fragilidades emocionais de seu personagem, mesmo que nunca deixe de mostrar a força que o mesmo possui. Não bastasse a excelente dupla de protagonistas, eis que surge o coadjuvante Nick Nolte com um trabalho superlativo, onde deixa todos com um impasse: hoje, ele parece o mais interessado dos pais, mas, na realidade, pecou muito no passado (com fatos que nunca são – e nem precisam – ser detalhados). Afinal, ele merece uma segunda chance? Questionamentos e emoções que Nolte dramatiza com pura excelência.

Guerreiro comete algumas bobeiras aqui ou ali no que diz respeito ao lugar-comum. Em certos momentos, fica evidente a superficialidade de certas cenas (como a fácil resolução que um personagem apresenta para que o outro se motive a lutar). Sorte que tudo passa batido. São detalhes que não alteram em nada o surpreendente trabalho do diretor Gavin O’Connor. É um filme de luta que não segmenta sua temática. É um drama familiar que não cai no clichê. Guerreiro, que, em certo ponto, parece tomar rumos previsíveis, sempre escapa da banalidade. E não existe momento mais simbólico que a cena final. Nela, ao som de About Today, do The National, o filme resume todas as suas mensagns: a necessidade do perdão, o valor de uma segunda chance, o amor incondicional, a hora de deixar o passado de lado. Os créditos finais chegam, você absorveu tudo isso, conseguiu se emocionar diversas vezes e, claro, terminou com a certeza de que assistiu a um filme surpreendente.

FILME: 9.0

NA PREMIAÇÃO 2012 DO CINEMA E ARGUMENTO:

7 comentários em “Guerreiro

  1. Pingback: Ponto Crítico – Jan/12 | Cine Resenhas

  2. Kamila, o Nick Nolte é o meu favorito ao Oscar 2012 de ator coadjuvante.

    Reinaldo, o filme merecia mais reconhecimento, né?

    Leandro, e ele está maravilhoso!

    Gustavo, filmaço mesmo!

    Sabio, que pena que não gostou…

  3. infelizmente perdi o meu tempo assistindo essa bosta
    pessimo roteiro,pessimas atuações muito forçado e ruim

  4. FILMAÇO!!!!!
    Nick Nolte tá um espetáculo, assim como os ótimos Tom Hardy e Joel Edgerton!!
    Recomendo!

  5. Estou bem curioso pra assistir ao filme e em meio a tantos elogios a atuação de Nick Nolte,a curiosidade somente aumenta

  6. Concordo com vc. Um grande filme. Um excelente elenco, com Nolte soberbo, e um trabalho de direção sensível, no desenrolar da trama, e dinâmico, na coreografia das lutas.

    Abs

  7. Só leio bons comentários sobre esse filme, especialmente sobre a atuação do Nick Nolte. O Gavin O`Connor é um diretor do qual gosto muito e as histórias que ele sempre retrata, em seus filmes, são pautadas em relações bastante fortes. Quero muito conferir.

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