Direção: Gustavo Hernández
Elenco: Florencia Colucci, Abel Tripaldi, Gustavo Alonso, María Salazar
La Casa Muda, Uruguai, 2010, Suspense, 75 minutos
Sinopse: Laura (Florencia Colucci) foi contratada junto com seu pai para dar uma limpada em uma casa abandonada, cujo proprietário gostaria de vender. Isolada de tudo e sem luz, os dois começam a se preparar para o trabalho, mas são subitamente interrompidos por um estranho ruído que vem do andar de cima. O dono havia avisado para que evitassem as escadas devido ao estado de conservação, porém o pânico toma conta de Laura, que sem saber se o que está acontecendo é fruto de sua imaginação ou realidade, resolve encarar seus medos.
Quem aprecia e leva filmes de terror a sério tem um certo prazer em sofrer. É aquele impasse: estamos lá agonizando, mas, ao mesmo tempo, gostamos dessa sensação que determinado filme nos provoca. Essa sensação, sejamos sinceros, está cada vez mais escassa no cinema atual. São raras as produções que conseguem causar verdadeira tensão no espectador. Esses exemplares, nos últimos anos, estão vindo de lugares bem diferentes. Se o espanhol [REC] foi uma verdadeira aula de como torturar (no bom sentido, claro) o público com suspense, o uruguaio A Casa tenta reproduzir esse mesmo efeito abordando um estilo de narrativa parecido.
É mais ou menos a mesma situação: existe um lugar onde pessoas ficam presas e, lá dentro, fatos misteriosos começam a acontecer. O lugar é escuro, ninguém consegue sair e tudo fica ainda mais perigoso com o passar dos minutos. Com uma admirável técnica de filmar tudo em tempo real (leia-se num take só, ainda que existam divergências quanto a isso), A Casa se torna desesperador exatamente por causa disso: não existe tempo para respirar. É tudo sequencial, sem qualquer trégua na tensão. Só por isso o longa-metragem já merece aplausos, uma vez que espanhóis e uruguaios parecem ter se especializado nessa habilidade tão escassa no cinema norte-americano.
Só que, infelizmente, existem dois problemas muito graves em A Casa. O primeiro é que o filme revela cedo demais o que supostamente “assombra” o tal imóvel em que a protagonista está presa. O maior mérito que uma obra de suspense pode ter é justamente brincar com o imaginário e deixar para o espectador imaginar o que causa tantos momentos de horror. A Casa segue esse parâmetro até certo ponto e, depois, entrega o jogo, diminuindo um pouco o impacto da situação. De maneira alguma isso acaba com a tensão, mas o ideal seria manter a torturante opção de não revelar ao espectador a origem do suspense. Incóginas são sempre muito mais eficientes.
E, se A Casa permanece inabalável em seu suspense mesmo com esse porém, eis que o diretor Gustavo Hernández comete um deslize ainda pior. No desfecho, cria resoluções decepcionantes, quebrando todo o excelente clima apresentado até então. Deixando o espectador com aquela sensação de ter sido feito de trouxa (e essa é a pior sensação ao se assistir a um filme), Hernández aposta em uma resolução que, a princípio, pode parecer incompreensível de tão boba e desestimulante, mas que, aos poucos, vai se consolidando até culminar nos créditos finais, onde os mais intolerantes já estarão com raiva de tudo. Essas pessoas, por sinal, podem muito bem dizer que A Casa é destruído por um final tão incoerente com a qualidade do resto do longa.
Não entro no grupo dos mais radicais e afirmo que essa produção uruguaia sobrevive aos detalhes mencionados. É óbvio que o diretor poderia ter caprichado no encerramento (afinal, a história, que é baseada em fatos reais, foi construída apenas a partir de fotos tiradas pela protagonista na tal casa), mas não acho justo julgar o conjunto geral de um filme a partir de um péssimo desfecho. Porém, é possível entender quem acha que os pontos positivos de A Casa são invalidados em função dos rumos escolhidos. Só resta a você saber se é do grupo que, mesmo que acabe a sessão com frustrações, ainda consegue admirar o que existe de bom em um longa ou se é daquele tipo que sai revoltado xingando toda a equipe envolvida no filme…
FILME: 8.0
Bom, não concordo com ninguëm! hehehe
Gostei do filme e achei curioso o revés que acontece do meio para o final. Achei a solução interessante e o final, em campo aberto, me remeteu ao “Os Outros”. Muito bom. Do princípio ao fim.
Cara, quero te pedir um imenso favor!
Assisti o filme, gostei do que vi, do pavor que me causou acompanhar cada detalhe que a candeia que a personagem usa pra iluminar o ambiente mostra, mas realmente fiquei na duvida se, caso eu assistisse esse filme no cinema, esperaria o restante que acontece após os créditos e fotos. Mas esperei, e a que conclusão cheguei? Nenhuma!!!
Me diz por favor o que você entendeu do final do filme, o que o pai dela e o namorado ou marido sei lá fizeram pra filha dela, porque nem pelas fotos e nem pela parte final após os créditos eu consegui juntar coisa com coisa!!!
Mesmo depois de entender, esse filme não vai superar o orfanato e os olhos de julia do guilhermo del toro, se vc viu esses filmes tambem gostaria de saber o que achou
Grande Abraço!!!
Matheus, cara que bom que finalmente achei mais alguém que também gostou deste filme.
Concordo plenamente que o final é uma merda de proporções astronômicas, mas pow, não entendo porque tanta gente detestou o filme, sendo que por quase toda a extensão do mesmo, o filme é um puta exercício de terror. Poucos filmes conseguiram me deixar tão amedrontado e nervoso como este.
Luis Galvão, de péssimo só considero mesmo o final!
Kamila, os filmes de suspense em língua espanhola estão quase humilhando os norte-americanos…
Se mesmo com problemas, o filme leva a nota que levou, me deixou altamente curiosa! E os filmes de suspense em língua espanhola sempre funcionam muito bem!
Encontrei mais defeitos que acertos (assim como você avaliou no seu texto), mas acredito que o diretor se propôs a arriscar em plano-sequencia logo em seu primeiro trabalho, errando na mudança de foco. Fora o final péssimo.