Oh yes, the wall of ego. We all have one, our equivalent of the dentist’s fish tank.
Direção: Roman Polanski
Elenco: Ewan McGregor, Kim Cattrall, Pierce Brosnan, Olivia Williams, Tom Wilkinson, James Belushi, Timothy Hutton, Jon Bernthal
The Ghost Writer, Inglaterra/França/Alemanha, 2010, Drama/Suspense, 128 minutos
Sinopse: Um escritor fantasma (Ewan McGregor) é contratado para terminar a autobiografia de Adam Lang (Pierce Brosnan), um ex-primeiro ministro britânico. Durante o trabalho, ele descobre segredos que colocam sua vida em perigo.
Uma de minhas manias é escrever assim que possível sobre um filme que vi no cinema. Gosto de ter o filme ainda fresco na memória para poder falar sobre as minhas impressões. Tive várias oportunidades para escrever sobre O Escritor Fantasma. Mas, fiquei adiando e hoje já não sei mais se conseguirei passar o que esse novo trabalho de Roman Polanski realmente representou para mim. O motivo de ter me distanciado do texto desse filme é simples: ao menos para mim, não é fácil definir em palavras o resultado do longa-metragem.
O Escritor Fantasma é um filme com suspense e não um filme de suspense. Explico: existe, na história, um mistério e uma situação intrigante a ser resolvida. Mas, o roteiro não se utiliza disso para criar o seu clima. Em vários momentos, O Escritor Fantasma perde o ritmo e consegue até ser monótono. Portanto, é uma história intrigante mas que não chega necessariamente a ter suspense. Esse formato, que foi escondido do público, pode afastar aquela parcela que procura um filme tenso do início ao fim ou cheio de revelações – como a sinopse aponta.
Quando tenta ser esperto ou trazer surpresas, o filme falha. A revelação final, envolvendo a verdadeira identidade de um personagem, pode até surpreender. No entanto, a forma como o protagonista chega nessa descoberta e o modo instantâneo como tudo se materializa na tela dá a sensação do típico final gratuito e corriqueiro só para surpreender a todos. Por um outro lado, quando o roteiro se dedica a passagens mais sucintas, tem grandes acertos.
Não sei se o foco centralizado da trama chegou a me agradar (só é mostrada a visão do personagem de Ewan McGregor, uma vez que ele está presente em todas as cenas), mas, certamente, foi uma boa jogada de suspense. É fácil compartilhar das mesmas dúvidas do protagonista e também desconfiar de tudo e de todos como ele próprio desconfia. Aí é que está a engrenangem que faz O Escritor Fantasma funcionar: é a partir da visão dúbia que temos de cada personagem que o espectador constrói a sua própria tensão.
Roman Polanski, diretor vencedor do Oscar por O Pianista, realiza uma produção bem competente – não só nos principais aspectos, mas também com acertos na nebulosa fotografia e na trilha ideal do francês Alexandre Desplat. Talvez, não seja o filme esperado ou muito menos aquele tipo de história que deixe fascínio por todos os lados. O Escritor Fantasma não é assim. Tem falhas e, em vários momentos, não sabe muito bem que ritmo dar para o enredo. Entretanto, tem uma competência mais do que reconhecível. E só isso já é o suficiente para definir o ótimo conjunto geral.
FILME: 8.0
Pois é Matheus. Entendo o que vc quis dizer com esse distanciamento (que as vezes pode ser muito bom) e a forma como ele pode ter afetado o teu texto. No entanto, vc se fez entender perfeitamente. Contudo, acho este o melhor filme de 2010 junto com Ilha do medo, outro filme que vc não achou uma maravilha, mas que saudou o conjunto geral.
Acho que as opções narrativas de Polanski realmente são discutíveis, como vc pontuou, mas foram outras as que me chamaram mais a atenção. A questão da surpresa em si, mais me parece uma homenagem do que uma resolução noir. De qualquer maneira, mais uma vez, sua critica oferece uma ótima reflexão.
abs
Hugo, o filme é bom mesmo!
Luís Galvão, Pierce e Kim não me incomodaram… Foram indiferentes, para mim. Agora, concordo quando o filme, no geral, não surpreende.
Robson, quando chegar, procure assistir, é bem satisfatório!
Rafael, o Brosnan não chamou a minha atenção. Acho que o Ewan é o destaque mesmo…
Acho que o Polanski conduz com maestria esse suspense que, na verdade, nunca é o grande foco do filme. Mais importa a rede de conspirações e intrigas entre os personagens, cada qual parencendo esconder um grande segredo. À medida que o personagem do McGregor vai se aprofundando no caso, o senso de perigo vai crescendo em intensidade. Mas o que gostei é que não é um filme de arroubos dramáticos nem nada muito explosivo. E acho o final sensacional, mesmo que com uma proposta rasteira, mas que faz jus ao restante do filme. E sinceramente gosto da atuação de todos, principalemnte do Brosnan.
Estou curioso tbm. O problema é chegar aqui. ¬¬’
Também acho que O Escritor Fantasma tem momentos ótimos de um ‘thriller investigativo’, mas também tem falhas (acho a atuação de Pierce e Kim não convincentes, e só o Ewan está bom). E tem aquele final também, né? Acho que Polanski imaginou o filme de trás para frente e conseguiu esconder bem o mistério por trás. Não chega a surpreender como as obras primas do diretor (Rosemary’s Baby).
A sinopse é muito interessante e as crítica que li foram boas.
Estou curioso para assistir.
Abraço