Divã

Direção: José Alvarenga Jr.

Elenco: Lilia Cabral, José Mayer, Alexandra Richter, Reynaldo Gianecchini, Cauã Reymond, Eduardo Lago

Brasil, 2008, Comédia Dramática, 98 minutos, 12 anos

Sinopse: Mercedes (Lília Cabral) é uma mulher casada e com dois filhos que, aos 40 anos, tem a vida estabilizada. Um dia ela resolve, por curiosidade, procurar um analista. Aos poucos ela descobre facetas que desconhecia, tendo que contar com o marido Gustavo (José Mayer) e a amiga Mônica (Alexandra Richter) para ajudá-la.

“Ajudado por boas reflexões e uma ótima Lilia Cabral, Divã funciona em seu conjunto, ainda que seja um filme bem simples”

Não vou esconder a minha falta de interesse pelos textos da minha conterrânea Martha Medeiros. Sempre considerei seus trabalhos meio repetitivos e seu estilo de literatura não muito atraentes – exatamente porque a autora trata sempre, incansavelmente, do mesmo assunto: o mundo das mulheres. Seus textos parecem nunca variar, sem evolução. Felizmente, o diretor José Alvarenga Jr. absorveu o que existe de interessante nas reflexões de Medeiros e fez esse Divã, que pode muito bem ser considerado um bom resumo da obra da gaúcha.

Antes de se tornar cinema, a história da protagonista Mercedes (Lilia Cabral) já havia sido encenada nos teatros, com a mesma Lilia Cabral comandando o elenco. Certamente, Divã é um filme calcado em interpretações – mais especificamente na de sua protagonista – e nas discussões sentimentais que propõe. Porque, de resto, é um longa-metragem que não tem atrativo algum, nem uma direção de arte mais significativa ou uma trilha mais marcante, por exemplo.

É muito positivo constatar que temos aqui um produto que soube aproveitar de boa maneira o que tinha em mãos. Principalmente no que se refere ao roteiro e ao desempenho de Lilia Cabral. Lilia, que é uma excelente atriz e que já tinha experiência com o texto por causa da peça, encarna a protagonista com notável naturalidade, empregando verossimilhança para a personalidade da personagem e, acima de tudo, conquista a simpatia do espectador com muita facilidade por causa de sua vitalidade cômica e dramática.

O roteiro é outro aspecto com bom balanceamento, especialmente no que se refere à distribuição de comédia e drama durante a película. Nunca nenhum gênero se sobrepõe ao outro e por isso temos uma história agradável, que em momento algum fica reflexiva ou superficial demais. Mas, quando se encaminha para os momentos finais, começa uma repetição de fatos e a narrativa vai se desgastanto, criando até mesmo algumas passagens dispensáveis, como a storyline envolvendo o personagem de Cauã Reymond.

Tal falta de carga de qualidade nos últimos momentos prejudica a percepção que Divã vai deixar, porque o filme acaba num momento meio baixo, ao contrário da positividade que exerceu durante boa parte da produção. O trabalho de José Alvarenga Jr. é simpático – ainda que carente de um formato mais cinematográfico e profundo – e vai agradar, justamente pela sua simplicidade e humildade.

FILME: 7.5

3


15 comentários em “Divã

  1. O filme é exatamente isso que você comentou, mas eu gostei muito! Também dei 7,5, não gostei do que acontece com uma certa personagem no fim, ele tem lá suas limitações, mas tenho um carinho enorme pelo longa, provavelmente por conta da Lília Cabral. E eu adoro Ana Carolina, aí foi lindo quando tocou Vou Deixar a Rua Me Levar no final. hehe

    []s!

  2. Liliam Cabral sem dúvida é dona do filme, atriz de uma simpatia e carisma impressionante, gostei do filme por causa dela, com outra atriz de talento inferior no lugar, poderia ter posto tudo a perder. nota 6.5!
    Abs! Diego!

  3. Kamila, o filme também foi uma agradável surpresa para mim, já que eu estava com um pé atrás com o longa…

    Vinícius, também estou em falta com o cinema nacional. Mas, ultimamente, são poucos os produto do cinema brasileiro que me chamam a atenção.

    Brenno, em DVD o filme deve funcionar melhor que no cinema!

    Mayara
    , a Lilia Cabral está impecável no filme.

    Roberto, eu também queria ver “A Festa da Menina Morta”…

    Pedro, não lembro da cena da sauna =P

    Alex, exatamente! Incrível como a Globo consegue seduzir tantas atrizes maravilhosas para as suas toscas novelas!

  4. Eu gostei muito de “Divã”. Acredito que há um problema nele que o impede de ser melhor e que trai um pouco a proposta do longa (falarei a respeito na minha resenha). E acredito que o filme fechou de uma forma perfeita. Sobre a Lília Cabral ela está (e é) sensacional. Acho impressionante como temos atrizes tão talentosas, tão extraordinárias se desperdiçando em novelas globais. Atrizes como a Lília precisam adotar o cinema como seu próprio lar.

  5. Eu li o livro, da Martha Medeiros (é muito bom!), mas ainda não tive oportunidade de ver o filme. A atriz é ótima, uma escolha inteligente do diretor. Vai ficar pra DVD, junto com A festa da Menina Morta, que graças a má distribuição nacional, também não pude ver.

  6. Verei este filme pela Lília Cabral, que parece estar hilária no filme, apesar de parecer ter também uma boa carga dramática. ;)

  7. Esse ainda preciso ver (aliás, estou em falta com o cinema nacional nesse ano), mas fiquei bem curioso após os comentários – até porque a Lília Cabral é uma de nossas melhores atrizes.

  8. “Divã”, para mim, foi uma agradável surpresa. Incrível como o filme passa essa imagem descompromissada, mas toca em temas interessantes de forma leve. Adorei o elenco, mas achei algumas situações do roteiro bem forçadas. De qualquer maneira, é bom ver nosso cinema se destacando, neste primeiro semestre, com filmes assim, que entretém a gente.

Deixar mensagem para Matheus Cancelar resposta