Jogos do Poder

Direção: Mike Nichols

Elenco: Tom Hanks, Julia Roberts, Philip Seymour Hoffman, Amy Adams, Emily Blunt, Brian Markinson, Jud Tylor.

Charlie Wilson’s War, EUA, 2008, Comédia, 115 minutos, 14 anos.

Sinopse:Início dos anos 80. A União Soviética invade o
Afeganistão, o que chama a atenção de políticos norte-americanos. Um
deles é Charlie Wilson (Tom Hanks), um homem mulherengo e polêmico que
não tem grande relevância política, apesar de ter sido eleito 6 vezes
para o cargo. Com o apoio de Joanne Herring (Julia Roberts), uma das
mulheres mais ricas do estado que o elege, e do agente da CIA Gust
Avrakotos (Philip Seymour Hoffman), Wilson passa a negociar uma aliança
entre paquistaneses, egípcios, israelenses e o governo norte-americano,
de forma que os Estados Unidos financiem uma resistência que possa
impedir o avanço soviético no local.

Extremamente confuso – e também restrito – Jogos do Poder é uma jogada mal realizade do diretor Mike Nichols, que dessa vez não consegue agradar com o estilo e nem mesmo com o elenco.”

Mike Nichols é um grande diretor, principalmente quando se trata da sua forma de conduzir um elenco. Ele dirigiu o telefilme mais emocionante que já tive a oportunidade de ver (Uma Lição de Vida, que traz uma estupenda atuação de Emma Thompson), criou uma memorável minissérie (Angels In America, vencedora de vários Emmy, incluindo prêmios para Meryl Streep e Al Pacino) e provou ser um grande maestro ao orquestrar diálogos excepcionais (como em Closer – Perto Demais e Quem Tem Medo de Virginia Woolf?). É estranho ver a sua mudança de gênero com esse Jogos do Poder, onde se lança em um terreno que pouco trabalhou – a comédia. Além de tudo, resolveu usar a política como engrenagem para construir o humor.

Se a estrutura já limita a aceitação do público, o roteiro não fez a mínima questão de tornar a história mais atraente ou original; Jogos do Poder é completamente político e puramente falado. Na minha visão isso resulta em tédio. E foi exatamente o que eu senti durante todo o filme. Em momento algum eu fui envolvido pela história, que é cheia de detalhes e nula em conflitos dramáticos. Normalmente, quando temos um bom elenco em mãos, os defeitos são parcialmente recompensados. Aqui não é o caso. Por mais que ótimos nomes estejam no casting, nenhum consegue sustentar o longa. Tom Hanks, que há um bom tempo vem brincando com a sua carreira, mais uma vez não convence. Julia Roberts, depois de um tempo desaparecida, mal tem presença significativa em cena. E se existe um alguém que se salva, esse é Philip Seymour Hoffman, excelente! Amy Adams também tem aparição radiante.

Entendo quem aprecia o resultado do longa, que tem várias críticas e um humor inteligente, mas dessa vez Mike Nichols pisou na bola. Por alguma razão misteriosa o Globo de Ouro se encantou com o resultado (dando, inclusive, cinco absurdas indicações para o filme), mas isso não aconteceu comigo. Fiquei bastante decepcionado com o tedioso produto que assisti. A requintada produção e alguns rostos do elenco demonstram eforço, mas é difícil quando um roteiro foi construído para atingir só certa parcela do público total.

FILME: 5.5

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10 comentários em “Jogos do Poder

  1. Péssimo, péssimo e péssimo! E Philip Seymour Hoffman está péssimo. Se existe duas coisas boas no filme é a Amy Adams e o diálogo sobre datilografia e seios.

    Abraços!

  2. Gustavo, acho que nem a presença de Tom Hanks (que depois de ”O Terminal” e ”O Código Da Vinci” perdeu um pouco de sua ótima reputação) justifica tantas indicações para o Globo de Ouro. Correto foi o Oscar, que indicou o único ponto merecedor de mênção – Philip Seymour Hoffman.

    Pedro, sem dúvida o Hoffman é o ponto alto do longa.

    Kamila, de todos os trabalhos que Nichols fez para a TV, gostei de cada resultado. Até me surpreendi com a qualidade dramática de “Uma Llição de Vida”, por exemplo.

    Robson, ainda bem que eu não fui o único a sentir tédio no filme! =P

    Sérgio, eu acompanhei o filme tranqüilamente durante os 30 primeiros minutos. Depois que eu achei que ele começou a desandar.

    Vinícius, eu me decepcionei com o Nichols. Esperava alguma coisa do filme justamente por causa dele.

    Wally, é uma pena que a união da direção com o roteiro não deu certo. Eu acho que ambos os aspectos são bem falhos.

    Gustavo, com tanta gente talentosa envolvida, o resultado poderia ser bem melhor mesmo…

  3. É um longa relativamente decepcionante mesmo, considerando o talento envolvido e o potencial para humor ferino da trama, não muito bem trabalhado. Tinha gostado mais logo após tê-lo visto, mas decaiu com o passar do tempo.

    Cumps.

  4. O casamento entre roteiro e direção aqui pecou e me decepcionei com Nichols. Mas o filme em sí foi sofisticado, bem atuado e fui vítima do roteiro simplesmente genial!

    8,0 [****]

  5. Também achei fraco, apesar de gostar um pouco mais que você. Esperava muito mais justamente por ser do Nichols, um diretor ousado e que comandou um filme convencional ao extremo – e que por isso mesmo não funciona tão bem. Abraço!

  6. Diferente de vc eu gostei do filme… tudo bem que durante os 30 primeiros minutos é um saco, mas depois toma outro rumo e melhora, com ótimas piadas irônicas…
    O grande clássico de Nichols é claro A Primeira Noite de Um Homem, este uma obra-prima da comédia…

  7. Philip Seymour Hoffman é quase unânime quando o quesito é atuação no filme. Mas ele peca em diversos aspextos e o que mais senti nesse filme também foi o tédio, completamente sem graça e sem expressão.

    [**]

  8. Eu acho que Nichols reencontrou a virtuose dele ao dirigir os trabalhos que você citou diretamente para a TV norte-americana.

    Os melhores elementos de “Jogos do Poder”, para mim, são: o roteiro de Aaron Sorkin e a atuação do Philip Seymour Hoffman.

  9. O filme pode ser ruim, mas o pessoal da crítica já olha de maneira carinhosa só pelo fato de Tom Hanks compôr o elenco…

    …Só isso pode justificar o grande números de incações ao Globo de Ouro!

    As premiações estadunidenses me enojam!

    Gustavo Madruga

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