Bernard and Doris

Direção: Bob Babalan

Elenco: Susan Sarandon, Ralph Fiennes, Peter Asher, Don Harvey, Chris Bauer, Monique Curnen, Nick Rolfe, James Rebhorn

EUA, 2008, Drama, 107 minutos, 14 anos.

Sinopse: Bernard Lafferty (Ralph Fiennes) e Doris Duke (Susan Sarandon) pertencem a dois mundos muito distintos. Ela é uma bilionária da indústria do fumo. Ele, seu mordomo homossexual. Apesar das diferenças, ambos estabelecem laços muito estreitos, a ponto de Doris deixar parte de sua fortuna para ele.

10 INDICAÇÕES AO EMMY 2008

(nas categorias referentes a “Filme Feito Para TV”)

Melhor Filme, Direção, Atriz (Susan Sarandon), Ator (Ralph Fiennes), Roteiro, Trilha Sonora, Figurino, Fotografia, Main Title Design, Hairstyling.

A produção requintada e os dois protagonistas validam uma conferida em Bernard And Doris, telefilme da HBO com 10 indicações ao Emmy que não chega a ser um trabalho muito original, mas que ainda sim tem pontos interessantes.”

Miss Daisy Werthan é uma mulher rica que necessita de um ajudante. Ao contratar Hoke Colburn, ela fica relutante a fazer algum tipo de contato social com seu mais novo empregado. Mas, com o passar do tempo, acabou criando um laço afetivo com ele e no final das contas viu que sempre foi somente ele quem esteve ao seu lado quando ela precisou. Todo mundo sabe que essa é a sinopse do ótimo Conduzindo Miss Daisy, vencedor de diversos Oscar. Entretanto, é praticamente sobre isso que Bernard And Doris se trata. Temos aqui a bilionária Doris Duke (Susan Sarandon, vencedora do Oscar por Os Últimos Passos de Um Homem) que pouco a pouco vai construindo uma relação de cumplicidade com seu mais novo mordono, Bernard Lafferty (Ralph Fiennes). A diferença entre o recente telefilme e o longa de Bruce Beresford, é que o primeiro tem personagens muito mais complexos.

A relação entre Doris e Bernard não é simples. Ela dorme com garotos de programa e tem problemas de alcoolismo. Ele é homossexual e como mesmo diz, vive a vida de quem paga seu salário. Não é instantaneamente que vamos simpatizar com a amizade que surge entre eles, tamanha a complexidade existente no relacionamento. Em determinado ponto, até mesmo Doris questiona o que existe entre eles: “O que você realmente quer de mim? Você não quer dormir comigo. Você não rouba meu dinheiro. Você não se aproveita do meu status. O que você quer de mim?“. O que permanece, no final do filme, é a certeza de que apesar de tudo, existiu um afeto muito significativo para ambos. E somente o olhar de Doris para Bernard ao receber alguns remédios quando está debilitada comprova isso.

Mesmo com personagens tão difíceis e interessantes dramaticamente, o roteiro não acertou ao trabalha-los, limitando-se apenas a narrar o dia-a-dia entre eles. Não dá maior amplitude ao relacionamento ou detalha os intrínsecos dos sentimentos. Fica só assistindo as coisas acontecerem, assim como nós. Acho que faltou um pouco mais de humanidade ali. Sem falar que essa passividade narrativa faz com que o longa fique repetivo e desinteressante em alguns momentos. Sorte que temos dois atores competentes no comando para contornar esses problemas da história. Susan Sarandon, depois de uma desastrosa participação na desgraça chamada Identidade Roubada e uma emocionante aparição em No Vale das Sombras, tem aqui um excelente desempenho como Doris. Indicada ao Emmy de Melhor Atriz esse ano por seu trabalho, voltou a apresentar sua grande qualidade que andava meio escondida nos últimos tempos. Já Fiennes segue a mesma excelência, em papel ainda mais complexo que o dela.

Bernard And Doris é dirigido pelo ator Bob Balaban. Para um iniciante nesse cargo, ele realiza um trabalho competente, sabendo suprir bem os deslizes de seu filme com outros pontos. Se o roteiro não ajuda, ele ao menos sabe usar bem os atores que tem e tudo o que o lado técnico pode lhe proporcionar. Fiquei particularmente satisfeito com os figurinos e com a direção de arte, que exaltam toda a classe e poder de Doris Duke. Bernard And Doris recebeu dez indicações ao Emmy desse ano. Mesmo que não merecesse concorrer em categorias principais, como filme e roteiro, mereceu todas as outras, principalmente as relacionadas aos atores. O filme não tem nada de marcante ou sequer especial, mas merece uma conferida por causa dos atores.

FILME: 6.5

3

14 comentários em “Bernard and Doris

  1. Adorei o filme. A atuação tanto dele (mordomo) quanto dela ( milhionária ) é preciosa.

  2. Gostaria de ter a relação das musicas que aparecem na tela no termino do filme .

  3. A curiosidade, realmente, é ver o frio (até mesmo glacial) e elegante Fiennes num papel que o obrigará a usar batom, brincos e sombra, além de roupas coloridas e extravagantes. E ele o faz com grande dignidade. Seu Bernard Lafferty será servil e venerará a milionária Doris Duke o tempo todo, e a gente terá que pensar até que os mordomos constitutem uma raça à parte (ou na vida ou no cinema), por tão canina devoção e tão completa eficácia no tornarem-se uma sombra devota e diligente de patrões que admiram. Bernard é um homossexual muito discreto, mas sua homossexualidade chega a parecer fazer parte de seu servilismo – é como se ele precisasse ser uma espécie de eunuco de luxo, capaz até de renunciar à sua masculinidade por completo, para a patroa. Já ela é Susan Sarandon com aquela alegre desfaçatez nos olhos, a malícia inteligente de sempre, o grande talento. Fiennes e Sarandon, além dos ambientes de um luxo que deixa a gente de queixo caído, são tudo que o filme oferece. Mas é uma história que até poderia ser mais comovente, se não tivesse sido conduzida com tanta frieza.

  4. Eu amei o filme, pq eu amo o Ralph Fiennes e, mesmo o filme sendo meio previsível, ele como sempre se supera sem cair em clichês. A cena dele descendo as escadas travestido de mulher com Doris no colo é tocante. Dois atores de primeira num filme bem interessante. Assisti hoje mesmo, no HBO, e me surpreendi em encontrar num fim de tarde um filme tão agradável.

  5. O filme é muito bom, mas nada de excepcional. Quanto aos atores, excelentes. E o lhar de Doris ao final da história diz mais que 10 páginas de textos. Vale, sim conferir.

  6. William, o trabalho do Bob como diretor é bom, o filme só não é melhor por causa do roteiro mesmo…

    Vinícius, como disse na crítica, o filme merecia reconhecimento apenas pelo elenco e pelo lado técnico. As dez indicações ao Emmy foi um pouco de exagero.

    Wally, tem muitos telefilmes bons por aí. Fiquei bastante emocionado com “Uma Lição de Vida”, com a Emma Thompson, que é maravilhoso.

    Rodrigo, o Ralph Fiennes está ótimo! Mas eu gostei mais da personagem da Susan Sarandon.

    Marcel, é exatamente por eles que “Bernard And Doris” vale a pena.

    Pedro, eu também não conhecia! Só fui conhecer quando li a crítica no blog da Kamila. Daí vi as indicações ao Emmy e me empolguei para vê-lo.

    Kamila, concordo com o que você disse sobre a Susan Sarandon. Antes de “No Vale das Sombras”, nem lembro qual o último desempenho marcante dela.

    Weiner, aquele dia não deu pra ver mesmo :P

  7. Aquele dia em que falamos pela Internet você disse que estava com preguiça de ver “Bernard and Doris”, e veja só: até que, se apreguiça tivesse vencido, você não iria se arrepender! Mas, é claro, apesar das trivialidades do roteiro, um filme que traga Saradon e Phiennes no elenco merece uma conferida.
    Abraço!

  8. Eu fiquei impressionada com a quantidade de indicações recebidas por este telefilme no Emmy. A trama é apresentada de forma bem excêntrica, como num filme à moda antiga e o personagem do Ralph Fiennes é muito difícil de ser apresentado sem cair no caricatural. No entanto, por ele ter fugido disso, me fez adorar o trabalho dele no telefilme. Gostei também da Susan Sarandon e acho que é uma das melhores performances dela nos últimos anos.

    Bom final de semana!

  9. Não vi o filme ainda, mas só pelo que eu já li sobre ele, eu fiquei com a impressão de que o roteiro é feito para os atores brilharem. E acho que pelo elenco, até que vale uma conferida.

  10. Ralph Finnes quebrando a munheca…rs… essa eu tenho que ver!!! ahaha, sacanagem!!!
    chama atenção a quantidade de emmys que foi indicado, porém depois de ler sua critica, não vi nada de mais nele…rs
    deve valer mesmo a pena pelo talento de ambos atores principais…
    abraços, Matheus!!!

  11. Quero ver mesmo pelo elenco. O filme em sí não parece ser grande coisa. Mas como já disse à Kamila, preciso quebrar meu preconceito com telefimes.

    Ciao!

  12. Fiquei muito curioso quando esse filme foi indicado a tantos Emmys assim, mas após a crítica da Kamila e da sua agora não sei exatamente se esse “Bernard and Doris” merecia tamanho reconhecimento. De qualquer forma, acho que vale uma conferida justamente por esses aspectos interessantes que você comentou. Abraço!

  13. É…
    Não notei nada de muito excepcional, mas não custa uma olhada no estreante. Vou em busca do trailer agora!
    Abraço

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