Últimas Trilhas Sonoras

There Will Be Blood, por Jonny Greenwood

Todo mundo sabe que Sangue Negro é um drama diferente em diversos aspectos. É uma mistura de um épico sobre ganância e cobiça com uma grande reflexão religiosa e sobre valores familiares. Essa singularidade do filme de Paul Thomas Anderson também está presente na inovadora trilha de Jonny Greenwood. Alternando diferentes tipos de batidas e músicas, Greenwood acertou completamente ao criar um estilo musical único e memorável, fazendo jus a grandiosidade do filme. Uma pena não ter concorrido ao Oscar, pois era merecedora. Só algumas canções como Open Spaces, Future Markets e Prospectors Arrive já comprovam que a trilha merece respeito. Um trabalho memorável. Veredito: Para ouvir constantemente.

Into The Wild, por Eddie Vedder

Essa seja talvez a trilha mais injustiçada desse ano, e muitos blogueiros devem concordar comigo. O grande empenho de Eddie Vedder para compor a parte musical do filme de Sean Penn está plenamente visível nessa excelente trilha sonora. O cd possui uma canção mais bonita que a outra. E não apenas na música, mas na letra também. Toda a mensagem de Na Natureza Selvagem sobre solidão, sociedade e exclusão está presente na letra de cada composição. Só de se ouvir Guaranteed, a trilha já se torna interessante. Apesar de alguns exageros (Hard Sun), Eddie Vedder realizou um trabalho memorável, que até lhe rendeu o Globo de Ouro desse ano de melhor canção original. No entanto, é um absurdo saber que nenhuma de suas belíssimas canções (cito também Society) foi indicada ao Oscar, enquanto três musiquinhas de Encantada foram. Uma lástima. Mas o público deve fazer jus a trilha e imortalizá-la. Veredito: para ouvir constantemente.

Away From Her, por Jonathan Goldsmith

A trilha sonora de Longe Dela é um dos pontos mais fortes do longa de estréia da atriz Sarah Polley. Toda a melancolia daquela bonita história de amor está impressa em cada composição do trabalho de Jonathan Goldsmith, que acertou completamente no seu estilo sonoro simples e emocionante. Porém, existe um defeito que faz com que a trilha não seja tão memorável como poderia ser – é curta demais. As canções são breves e o cd acaba muito rápido. Para se ter uma idéia, metade das músicas possuem apenas, em média, um minuto de duração. Por isso acaba sendo uma maravilhosa experiência de poucos minutos que será esquecida em breve. Porém, o compositor faz um belíssimo trabalho na sua trilha, trazendo uma das melhores trilhas (se não a melhor) do cinema independente recente. Marnie’s Theme, Grant And Christie e Skunk Lillies são apenas algumas das belas faixas da trilha. Veredito: Para ouvir constantemente.

Cassandra’s Dream, por Philip Glass

Apesar de ainda não ter visto o mais recente trabalho de Woody Allen, fiquei curioso por conhecer a trilha ao saber que ela foi composta pelo gênio Philip Glass. A procura foi gratificante, e me deparei com um trabalho musical do compositor muito parecido com o seu anterior, Notas Sobre Um Escândalo. É o mesmo estilo só que um pouco mais repetitivo e pouco inovador. De qualquer forma, é Philip Glass, e não decepciona. Muito pelo contrário, encontramos aqui os típicos minimalismos dele que fizeram tanto sucesso. Relativament curta, a trilha funciona fora do filme, resta saber se ela se encaixa na produção. Cassandra’s Dream, Sailing e Death On The Boat são as passagens mais interessantes dessa boa trilha sonora que já fica entre as melhores do ano. Veredito: Para ouvir ocasionalmente.

Frida, por Elliot Goldenthal

O compositor Elliot Goldenthal roubou de Philip Glass o seu tão merecido Oscar. Um dos principais prêmios que As Horas merecia ter levado na festa da Academia era o de trilha sonora. Os votantes acabaram preferindo a trilha sonora de Frida, filme estrelado por Salma Hayek (no melhor momento de sua carreira), que conta a história da pintora Frida Khalo. Confesso que durante um bom tempo quis fugir dessa trilha, mas até que o resultado é bem gratificante. Fica visivel que a Academia prefere essas composições latinas com violão (vide as duas vitórias injustas de Gustavo Santaolalla e a premiação da música Al Otro Lado Del Río), mas o prêmio para essa trilha foi um certo exagero. Por mais que tenha ótimas passagens como Floating Bed, Portrait Of Lupe e Still Life, a trilha nunca passa do “simpático” e do “regular. Competente trabalho de Elliot Goldenthal, mas superestimado. Destaque para a participação de Caetano Veloso na bela Burn It Blue. Veredito: Para ouvir as favoritas de vez em quando.

Obrigada ao Pedro, ao Wally e a Kamila, que no post anterior fizeram sugestões para essa segunda edição de críticas sobre trilhas sonoras. O espaço continua aberto para dicas.

18 comentários em “Últimas Trilhas Sonoras

  1. Kamila, também entendo porque a trilha de “Frida” ganhou, só não aceito :P E mais uma vez obrigado pela dica!

    Robson, acho que a trilha de “Juno” teve seu merecido reconhecimento, enquanto a de “Na Natureza Selvagem” não.

    Gustavo, acho que o trabalho de Glass na trilha de “As Horas” é infinitamente superior ao de Elliot em “Frida”.

    Rodrigo, sempre acho que o Oscar pisa na bola na categoria de melhor canção. Esse ano, também senti a falta de “Hairspray” e “Ratatouille” nessa categoria.

    Vinícius, também acho que a trilha de “Desejo e Reparação” é a melhor do ano até agora.

    Louis
    , acho a trilha de “Frida” apenas boa.

    Wally, obrigado pelas sugestões! Certamente essas duas excelentes coletâneas estarão no próximo post.

    Marcel
    , realmente. A trilha de “Sangue Negro” é unânime, assim como a de “Na Natureza Selvagem”.

    Acauã, como tu bem sabe, não gosto muito do trabalho de Santaolalla. Mas devo concordar que a trilha de “O Segredo de Brokeback Mountain” tem seus bons momentos sim.

    Pedro, o Beni não tem bom gosto então :P

    Sérgio, não gostei de “Sangue Negro” tanto quanto a maioria, mas reconheço os brilhantismos do filme.

    Luciano, eu adoro todas as trilhas do Philip Glass, sem exceção!

    Fernanda, o filme é ótimo! e o Paul Dano mais uma vez subestimado…

    Hypado, com certeza!

    Daniell, o Philip Glass não é o compositor da trilha de “Longe do Paraíso”.

    Isabela, vou procurar ouvir essas trilhas que você gosta.

    Rodrigo, foi meu aniversário sim. Muito obrigado!

  2. a trilha sonora de Into The Wild, pelo Eddie Vedder é realmente para ninguem colocar defeito, ela consegue chegar proxima de um patar das melhores trilhas sonoras atuais, que para mim são lideradas por I am Sam e Forest Gump.

  3. A trilha do Sangue Negro realmente é excelente, é bem complementar ao que você vê na tela. Já o Philip Glass vou te dizer que acho que ele está deixando a desejar um pouco. Quer dizer, a última dele que eu andei escutando foi a de Longe do Paraíso, que achei um saco! Ao contrário da trilha de As Horas, que adoro. Mas a trilha de Cassandra’s Dream ainda não conferi, vou baixar agora mesmo! Especialmente porque esse casamento (Allen e Glass) me parece muuuito incomum (eu ainda não assisti o filme).

  4. Vira e mexe eu estou delirando com a trilha de Into The Wild, tão boa quanto o próprio filme. Nas instrumentais eu não consigo parar de ouvir o novo trabalho de Philip Glass, sou fissurado em todos os trabalhos desse cara e até hoje nunca me decepcionei. A trilha de Sangue Negro também é espetacular!

  5. A trilha de Sangue Negro é um personagem a parte do filme..
    Revela bem o interior sombrio do Daniel Plainview.. esse filme é fantástico.. uma obra-prima em todos os sentidos.

    vlws

  6. Ah legal. A trilha do Eddie Vedder é a melhor do ano até agora (na minha opinião, claro). Escuto-a todos os dias. Aqui em casa o Beni já está até me incomodando por causa disso, hehehe.

  7. tbm to ouvindo a trilha de Frida!
    eu adoro!
    e Santaolalla rulez!o/
    (nem tanto por Babel, mas Brokeback mega merecido)

  8. A de Sangue Negro acho que é unânime, o filme todo funciona. A de Na Natureza Selvagem eu já ouvi algumas coisas, mas ainda não vi o filme =/
    Adorei esse post, depois com calma vou tomar nota de algumas das músicas citadas pra me inteirar melhor do assunto.. =D

  9. A de Sangue Negro é sublime! Tão impactante quanto o filme, e nos remete diretamente às trilhas dos filmes de Kubrick. Impecável!

    Adoro a de Na Natureza Selvagem, mesmo que o destaque sejam as canções, Vedder faz um maravilhoso e contundente trabalho.

    As outras duas trilhas não conheço.

    Sugestão: Donnie Darko e Maria Antonieta (minhas coletâneas preferidas)

    Ciao!

  10. Ótimas trilhas. A de Sangue Negro é certamente uma das melhores do ano, junto de Into the Wild e da já citada no outro post, Desejo e Reparação. A de Frida é outra maravilhosa!

  11. A trilha de Johnny Greenwood é maravilhosa, só perde nesse ano para a de “Desejo e Reparação”. “Into the Wild” não chega a ter ótimas canções instrumentais, mas no geral as composições do Eddie Vedder são excelentes. Já “Cassandra’s Dream” figura mesmo entre as melhores do ano. Não vi nada demais nas outras, mas a canção “Burn It Blue” de “Frida” é memorável. Abraço!

  12. As músicas do Natureza Selvagem são perfeitas.. excelentes… e tbm injustiçadas pelo Oscar.. que comprova masi uam vez que os caras não entendem nada de cinema..rs
    Os demais ainda não vi…
    abraços!!!

  13. A trilha de FRIDA é muito bonita, cheia de diversidade, mas não sei se merecia o Oscar mais que Philip Glass ou Thomas Newman.
    A de INTO THE WILD tem canções desde já icônicas de Eddie Vedder – as demais não conheço, só algumas faixas da sempre elogiadíssima do Jonny Greenwood.

    Cumps.

  14. Sangue Negro ainda é um foco meu, que verei em breve. A trilha de Na natureza selvagem, é muito boa e me lembrou um pouco a de Juno que também é excelente, talvez tenha sido somente pela voz e violão, mas são trilhas boas e que mereciam mais crédito. Os outros eu não vi!! Valeu!

  15. Que bom que aceitou a sugestão, Matheus!

    Eu só conheço duas das trilhas abordadas no post: a de “Natureza Selvagem” (concordo que as músicas do Eddie Vedder foram injustamente esquecidas pelo Oscar 2008) e a de “Frida” (eu gosto muito da trilha do Elliott, entendo até porque ele venceu o Glass, e queria muito que “Burn it Blue” tivesse saído com o Oscar de Melhor Canção, ao invés de “Lose Yourself”).

    Sugestão: “Magnólia”

Deixar mensagem para Luciano Lima Cancelar resposta