Últimas Trilhas Sonoras

Atonement, por Dario Marianelli

Não recebeu a devida atenção que merecia esse genial trabalho de Dario Marianelli, que já entra na lista dos melhores da década. Por mais que tenha vencido o Oscar de melhor trilha sonora (que muita gente viu mais como um prêmio de consolação para o filme e não como um verdadeiro merecimento), merecia ser mais admirada – especialmente porque talvez seja o melhor quesito técnico de Desejo e Reparação. Cada composição de Marianelli é uma surpresa, pois cada uma sempre traz algum tipo de inventividade em sua sonoridade, como por exemplo o barulho das telas da máquina de escrever, que para mim já se tornou algo inesquecível. A melancolia reina em cada uma das músicas, como nas belas Come Back, Denouement e The Cottage On The Beach. Uma trilha sonora que só não é perfeita por alguns mínimos detalhes e que está ao lado de The Hours como a minha trilha favorita de todos os tempos. Veredito: Para ouvir até o último dia de vida.

Dexter, por Rolfe Kent

A trilha do excelente seriado Dexter é uma das mais completas e detalhadas que eu já tive a oportunidade de ouvir. Aqui estão presentes desde as composições instrumentais, as famosas músicas mexicanas que embalam os episódios, a composição da abertura até algumas famosas narrações do protagonista. Enquanto Rolfe Kent (As Confissões de Schmidt) tem sua participação apenas na produção da música de abertura, o desconhecido David Licht dá um show ao criar sonoridades tensas e memoráveis para a história. São nada menos que 14 composições que Licht apresenta, todas excelentes. Uma trilha que merece ser descoberta, principalmente pelos fãs do seriado, pois nunca uma série havia apresentado um cd tão completo como esse. Veredito: Para ouvir constantemente.

Juno, por Vários

Assim como o filme, a trilha sonora de Juno fez grande sucesso. Ficou durante um imenso tempo entre as mais vendidas e trouxe grande prestígio, ajudando também a ampliar o interesse pelo filme de Jason Reitman. É impossível sair da sala de cinema sem ter vontade de procurá-la o mais rápido possível. A compilação indie é uma das melhores dos últimos tempos, agrupando ótimas canções, entre elas A Well Respected Man, Tire Swing, Anyone Else But You e All I Want Is You. Todas as restantes também se destacam, mas são essas que ficam na cabeça após a sessão. Ao todo são 19 músicas, todas muito bem situadas no filme e trazendo todo o espírito indepentende que ele tem. Parte do êxito dessa sensacional trilha sonora se deve a cantora Kimya Dawson, a que tem maior partipação nas canções. Até a minha avó adorou, hahaha! Veredito: Para ouvir constantemente e sair cantarolando as favoritas.

Michael Clayton, por James Newton Howard

Esse já é um trabalho menor e menos impactante do excelente James Newton Howard, famoso por fazer as composições dos filmes do diretor M. Night Shyamalan (A Vila é a obra-prima de ambos). A trilha de Michael Clayton é sombria e gélida (não achei melhores palavras para defini-la, então resolvi usar uma ligeira sinestesia), bem como todo o excelente clima de conspiração do longa de estréia de Tony Gilroy. Na realidade, o principal defeito é a extensão – extremamente curta. São poucas composições e todas muito ligeiras. No entanto, tudo é muito efetivo e competente, caracterísiticas usuais de James Newton Howard. O trabalho musical dele nesse filme foi indicado ao Oscar (mais uma indicação, uma vez que ele ainda não possui a estatueta) e mereceu essa citação. Por mais que não seja memorável, destaque para as faixas I’m Not The Guy You Kill, 25 Dollars Worth e Times Square. Veredito: Para ouvir ocasionalmente.

Once, por Glen Hansard e Marketa Irglová

Ainda não tive a oportunidade de assistir a esse elogiado filme independente que fez bastante sucesso no circuito de arte e acabou saindo vencedor do Oscar de melhor canção original (para Falling Slowly, realmente a melhor música da trilha), mas acabei procurando a trilha para matar a curiosidade. Fiquei mais do que satisfeito com as composições da dupla absurdamente simpática Glen Hansard e Marketa Irglová. Mesmo quando não estão soltando a voz nos ótimos duetos, fazem bonitos em seus solos; Glen Hansard empolga em cada minuto de Fallen From The Sky. Além das canções já citadas, If You Want Me e Lies são outas excelentes. Por mais que a trilha não seja estupenda, é suficientemente interessante e compentente para o público que se viu atraído pelo trabalho dessa dupla. Veredito: Para ouvir ocasionalmente as canções favoritas.

Sweeney Todd – The Demon Barber Of Fleet Street, por Stephen Sondhein

O trabalho mais inventivo do diretor Tim Burton é esse musical pontuado por excelentes canções que fazem completo sentido e são coerentes com os acontecimentos do longa. Porém, a trilha funciona mais quando estamos assisistindo a produção do que quando estamos a ouvindo separadamente. Isso se deve ao fato de que as canções servem como instrumento narrativo para a trágica história do barbeiro Sweeney Todd e não tanto como entretenimento musical. Johnny Depp e Helena Bonham Carter não decepcionam no vocal, e praticamente a maioria das canções são deles – desde excelentes solos (Depp com Epiphany e Helena com The Worst Pies In London) até geniais duetos (A Little Priest). O garoto revelação Ed Sanders também tem boa presença na divertida Pirelli’s Miracle Elixer. Certamente é uma trilha no mínimo díficil de se ser aceita de cara, é necessário tempo para gostar dela. Diferente (um pouco para o lado negativo) de habituais trilhas do gênero musical. Veredito: Para ouvir ocasionalmente as canções favoritas.

The Golden Compass, por Alexandre Desplat

Essa, talvez, seja a composição mais fraca do brilhante Alexandre Desplat. O que é estranho – a trilha funciona muito bem no filme de Chris Weitz mas, quando ouvida separadamente, torna-se uma experiência até mesmo entediante. O álbum começa de forma promissora, com excelentes compilações, em especial The Golden Compass (uma boa música tema, mas que devia no mínimo ser memorável, uma vez que estamos falando de um caro filme de fantasia programado para virar uma série), Letters From Bolvangar e Lyra, Roger And Billy – com essa última, trazendo todas as características musicais de Desplat que me encataram na trilha de A Rainha – mas aos poucos o encantamento vai caindo, até culminar na previsibilidade musical. Infelizmente, a trilha acabou sendo um tremendo tiro no pé, principalmente porque é um dos primeiros trabalhos do compositor após ele ter estourado ano passado. Mas, assim como o filme, a trilha não merece desprezo. Veredito: Para ouvir uma vez e guardar as composições favoritas para ouvir raramente.

PS: Se alguém tiver alguma sugestão de trilha para o próximo post, é só sugerir nos comentários =)

12 comentários em “Últimas Trilhas Sonoras

  1. Kamila, concordo contigo – as trilhas de “Once” e “Juno” são de total importância para o funcionamento dos respectivos filmes. Ainda não falei sobre a trilha de “Na Natureza Selvagem”, sugestão anotada! Se bem que eu já planejava falar sobre ela no próximo post mesmo. =)

    Pedro, da minha seleção, a que mais gosto é a de “Atonement”.

    Wally, concordamos em gênero, número e grau nos seus comentários sobre a trilha. E pode aguardar, a trilha de “Sangue Negro” estará no próximo post.

    Gustavo, vale muito a pena ouvir a trilha sonora de “Juno”! E sem dúvida “A Vila” é o melhor trabalho do excelente James Newton Howard.

    Rafael, também gosto do minimalismo da trilha de “Conduta de Risco”, ainda que ela não seja especialmente memorável.

    Pedro de novo, acho que se a Meryl vier com uma interpretação estupenda, tem grandes chances de vencer mesmo. Ao contrário da maioria, acho que as grandes chances dela estão em “Doubt” e não em “Mamma Mia!”.

    Marcel, falarei sobre a trilha de “Across The Universe” no próximo post.

    Robson, eu gosto moderadamente de “Sweeney Todd”.

    Louis, não acho que a trilha de “Atonement” seja sem personalidade.

    Rodrigo, SEM SOMBRA DE DÚVIDA, a trilha de “Na Natureza Selvagem” é a mais injustiçada desse ano.

    Vinícius, também gosto bastante das duas músicas de “Atonement” que você citou, elas apenas não são as minhas favoritas.

  2. De sua seleção, “Atonement” também é minha preferida, sendo “Briony” e “Elegy for Dunkirk” as melhores composições da trilha. Das demais, adoro “Conduta de Risco” e “Once”, sem dúvida duas das melhores trilhas do ano passado. E “Dexter” faz companhia à “Lost” com as melhores composições para TV. Belo post!

  3. Na minha opinião o mais injustiçado de todos é a trilha de “na natureza selvagem”, que nem se quer foi indicado é belissima e te envolve com o filme…
    Não assisti ainda a nenhum desses filmes.. a unica trilha que já ouvi e curti mutio, me deixando até entusiasmado com o filme é o de “Once”
    abraços!!!

  4. A trilha sonora de Once é maravilhosa e uma das mais ouvidas por mim ultimamente! A de Juno tb é um dos pontos altos desse ótimo filme. A de Atonement, impecável e maravilhosa, mesmo que sem personalidade.

  5. Não adianta, não consigo morrer de amores por Sweeney Todd. Não curto musical, inda mais ‘tenebroso’ desse jeito. Não pude terminar de ver Juno, mas desde o inicio curti sua trilha, muito boa.

  6. dentre as citadas, as minhas preferidas são “Juno” e “Once”. principalmente “Once”.
    Citaria ainda “Across the Universe” adoro. =D

  7. Bela seleção de trilhas, minha preferida é a de Desejo e Juno e aprecio muito o minimalismo da trilha de Conduta de Risco, mesmo que o flme não seja tão bom assim. E assim como você, ainda não vi Once, mas essa música que ganhou o Oscar é mesmo sensacional.

    E a sugestão que o Wally deixou sobre a trilha de Sangue Negro é especialíssima.

  8. Depois dessa, vou ter que dar uma ouvida na trilha-sensação de 2007, JUNO.
    A de SWEENEY TODD é boa, mas realmente não deve ser ouvida esperando algo memorável de imediato. Cada canção tem sua função narrativa e sua força.
    A de MICHAEL CLAYTON serve bem ao aspecto de thriller do filme, mas é difícil lembrar algo após a sessão. A VILA é mesmo a OP musical do Howard, concordo!

    Cumps.

  9. Ótimas trilhas!

    Minha preferida aí é de Atonement mesmo…incrível! Simplesmente maravilhosa. Em seguida aponto a de Juno, muito criativa e divertida, como também a do seriado Dexter, apesar de não tê-la escutado fora do filme. A de Michael Clayton eu adoro, muito boa mesmo, e a de Sweeney Todd sempre me divirto ouvindo. Achei todas memoráveis e cantadas muito bem. A de Once ainda não peguei para ouvir, só as principais mesmo. E a de A Bússola de Ouro foi fraquíssima. Não lembro da trilha…E para esse típo de filme é necessáro algo memorável, pelo menos.

    Sugestão: Sangue Negro, de Johnny Greenwood

    Ciao!

  10. Só tenho em CD duas das trilhas mencionadas: as de “Juno” e “Once”. E acho que elas têm dois pontos em comum: as músicas que fazem parte das trilhas sonoras possuem importância fundamental para a história que estamos vendo em tela. As músicas acabam servindo como suporte para o que os personagens estão passando.

    PS: Muito legal essa idéia de comentar as trilhas!! Não sei se você já fez isso aqui, mas quem sabe poderia comentar o CD de “Na Natureza Selvagem”?

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