A Família Savage

Direção: Tamara Jenkins

Elenco: Laura Linney, Philip Seymour Hoffman, Philip Bosco, Peter Friedman, David Zayas.

The Savages, EUA, 2007, Comédia Dramática, 115 minutos, 12 anos.

Sinopse:Wendy (Laura Linney) e Jon Savage (Philip Seymour Hoffman) sempre buscaram escapar do jeito dominador de seu pai (Philip Bosco), sendo que agora lidam apenas com suas próprias vidas. Wendy trabalha como dramaturga no East Village e passa seus dias buscando doações, namorando o vizinho casado e roubando material de escritório. Já Jon trabalha como professor universitário em Buffalo, tendo escrito alguns livros sobre assuntos obscuros. Um dia eles recebem um telefonema que os informa que seu pai, Lenny, está aos poucos sendo consumido pela demência e que apenas eles podem ajudá-lo. Isto faz com que Jon e Wendy voltem a morar juntos, o que não ocorria desde a infância, com ambos tendo que lidar com as excentricidades do outro.

2 INDICAÇÕES AO OSCAR 2008:

Melhor Atriz (Laura Linney) e Melhor Roteiro Original.

Totalmente diferente do que o seu enganador trailer anuncia, “A Família Savage” é um filme denso e assustadoramente sério, como há muito não se via no cinema independente. A sintonia entre os quesitos cinematográficos nunca esteve em tanta harmonia numa produção desse estilo. Infelizmente não é um filme para se recomendar, pois é feito para um público totalmente restrito.”

Inúmeros fatores faziam com que eu pré-gostasse de A Família Savage antes mesmo de eu assistir. Não apenas a presença de Laura Linney, uma de minhas atrizes favoritas, mas os nomes de Alexander Payne e Jim Taylor na produção (os produtores do meu filme favorito – As Confissões de Schmidt). Além disso, a história sobre difíceis relacionamentos familiares, insatisfação pessoal, e a mistura de comédia e drama chamavam a minha atenção. Tentei não criar expectativas em cima do filme, e o mais engraçado de tudo é que fui completamente surpreendido por esse filme de Tamara Jenkins. Não, ele não é inovador, apenas escolhe um tom totalmente surpreendente para uma produção desse gênero. Tudo é incrivelmente real – é fácil se identificar com os conflitos emocionais dos personagens, a cidade gélida e nebulosa nos remete a um dia normal de nosso cotidiano e os diálogos são perfeitamente familiares. Mérito do roteiro que, apesar de lento e com falta de ritmo, extrai o melhor desse assunto tão saturado que é o mal relacionamento entre pais e filhos.

A Família Savage teve azar e acabou ficando entre aqueles filmes independentes que, apesar do sucesso relativo nas premiações, não alçam vôo. Absurdo foi ver que a estupenda Laura Linney só foi lembrada pelo Oscar, enquanto passou despercebida em outros prêmios. Já o roteiro e a interpretação de Philip Seymour Hoffman foram indicados em maior quantidade. Dá pra entender o porquê dessa difícil aceitação por parte da crítica em relação ao filme. Certamente não é fácil de digerir a história, mas acima de tudo o problema é que ela incomoda. Quase ninguém gosta de ver personagens imperfeitos, cheio de defeitos e problemáticos. Muito menos inseridos em situações mais tristes ainda. É necessário, de certa forma, força para assistir ao filme. É uma experiência “negativa” e ninguém vai sair da sala do cinema sorrindo com a terceira idade ou achando que a vida é a coisa mais feliz do mundo. A realidade está nua e crua em A Família Savage.

Os protagonistas são vividos por Laura Linney e Philip Seymour Hoffman, ambos estupendos atores dessa geração. Linney, indicada ao Oscar por seu desempenho, não está menos que impecável no melhor desempenho da carreira e o melhor do ano até agora. A atriz exprime de forma incisiva todas as angústias daquela mulher hipocondríaca e que tem caso com um homem mais velho e casado. Mais uma vez volta a provar que um dia ainda ganhará a cobiçada estatueta dourada. A presença de Hoffman já é inferior à de sua companheira de tela, mas mesmo assim ele também está excelente, afirmando todo o talento que demonstrou em Capote. Philip Bosco, como o pai enfermo, realiza trabalho linear para o personagem como o esperado.

A diretora e roteirista Tamara Jenkins não se preocupa em desmembrar maiores detalhes sobre a falta de relacionamento entre os irmãos nem em dissecar as dores que a esclerose em fim de vida de alguém pode causar, ela prefere trabalhar o perfil de cada personagem, e faz isso de forma contundente. Esse detalhismo de perfil atrapalha o andamento do longa, que se torna um pouco desgastado ao longo de suas quase duas horas de duração. Sem falar do clima pesado e dramático. No entanto, quem é fã desse estilo vai encontrar em A Família Savage um prato cheio. Para concluir, digo que não é uma produção recomendável; ela deve ser descoberta por aqueles que realmente se interessarem por ela. E principalmente por aqueles que aceitarem entrar de cabeça em uma história nada feliz. Eu aproveitei cada minuto e já o considero um dos melhores filmes do ano.

FILME: 8.5

4

9 comentários em “A Família Savage

  1. Rodrigo, mesmo com as grandes expectativas que eu tinha em torno de “A Família Savage”, fiquei completamente satisfeito com o resultado.

    Vinícius, acho que a Laura Linney foi a grande injustiçada do filme. Ela é o maior destaque da produção.

    Wally , tenho certeza que você vai apreciar o resultado do filme.

    Kamila, acho que todos já têm predisposição para gostar de “A Família Savage”. E o filme é bem diferente do que eu imagina, já que o humor anunciado no trailer praticamente não existe. Quanto a Hoffman e Linney, eles são os maiores destaques do longa.

    Marcel, adoro comédias dramáticas e acho que quando um filme consegue dosar bem os dois gêneros, o resultado pode ser fascinante. Por mais que “A Família Savage” seja essencialmente dramático, essa mistura ficou maravilhosa.

    Gustavo, com certeza os filmes menores lidam melhor com assuntos como esse.

    Robson, adoro todos os trabalhos da Laura Linney! Nem lembrava que ela fazia “O Óleo de Lorenzo”. Seus melhores desempenhos estão em “A Família Savage”, “Conte Comigo” e “Kinsey – Vamos Falar de Sexo”.

    Mateus, o filme é excelente!

  2. Gosto do trabalho de Laura Linney em O Show de Trumman, O Óleo de Lorenzo, A Vida de David Gale. Todos grandes filmes! Vou ver este filme, tá anotado!

  3. Acho que, praticamente pelos mesmos fatores que você citou, estou prediposto a apreciar esse filme. Linney, família, tragicomédia, etc. Elementos atraentes com os quais filmes “menores” (leia-se: não superproduções) conseguem lidar com bastante propriedade.

    Cumps.

  4. gostei mt do q vc escreveu, soh me deixou deixou com mais vontade assitir.. jah to com ele aki pra ver e pretendo fazer isso logo! tb adoro a mistura de comédia com drama e roteiros com personagens realistas, imperfeitos, com defeitos e problemas.. gosto d filmes assim intimistas.. xD

    parabéns pelo blog, sou novo por aki, acabei d criar um sobre filmes e series tb =D

  5. Assim como você, tenho predisposição a gostar muito desse filme. Adoro obras nesse estilo, que falam sobre a imperfeição de uma família. O que dá para perceber, pelo seu texto, é que esse filme aborda esse tema de uma maneira diferente e, só por isso, já estou mais ansiosa para assistir ao longa.

    E a Laura Linney e o Philip Seymour Hoffman são sensacionais. Alguns dos melhores atores da atualidade. Que bom que eles e a roteirista do filme foram lembrados pelo Oscar. Menos mal!

  6. Pretendo ver este até o próximo final de semana. Com esperanças e já sabendo que vou gostar, rsrsrs. Espero que goste tanto ou mais que você.

    Ciao!

  7. Como você disse, “A Família Savage” é um filme do qual você já gosta antes mesmo de ver. Longa independente protagonizado pela Laura Linney e o Philip S. Hoffman não poderia dar errado! Não é nada inovador, mas o roteiro sem dúvida está entre os melhores do ano. Apesar de discordar quando você comenta sobre as premiações (acho que foi muito bem, até), certamente a Linney merecia bem mais.

  8. Matheus, esse é um dos filmes que mais estou ansioso para conferir… depois de já ter ldio mutio sorbe el, resolvi parar de ver as críticas, para não gerar expectativas, mesmo já tendo gerado por se tratar de mais uma obra com o Philip Seymour Hoffman…
    tomara que eu dê uma nota maior que a sua, hehehe, pois estou aguardando algo realmente muto bom…
    abraços!!!

Deixar mensagem para Matheus Cancelar resposta