
Ano histórico para o cinema brasileiro: Ainda Estou Aqui conquista três indicações ao Oscar, incluindo a de melhor filme.
O Brasil sorriu de ponta a ponta nesta quinta-feira, 25 de janeiro, com o anúncio dos indicados ao Oscar 2025. Em uma acolhida histórica, Ainda Estou Aqui confirmou sua presença em uma categoria já dada como certa (filme internacional), foi finalista em outra cujas chances eram ótimas, mas não absolutas (atriz para Fernanda Torres) e fechou com chave de ouro ao emplacar, com surpresa e merecimento, a menção histórica em melhor filme. O feito é gigantesco por inúmeras razões, e eu destacaria três neste momento.
A primeira é a de colocar o cinema brasileiro sob os holofotes de um mercado altamente bairrista como o Hollywoodiano, o que certamente renderá grandes frutos para a nossa produção local. Isso porque Oscar importa, sim — se não em termos artísticos, pelo menos em uma perspectiva mercadológica, fazendo com que os olhos da indústria internacional se voltem ao que realizamos em terras brasileiras. Não é uma questão de validação estrangeira, mas de uma oportunidade única de visibilidade e fomentação.
Já a segunda é de constar que o tema central de Ainda Estou Aqui — o fantasma autoritário e violento da ditadura que aniquilou vidas e segue sempre nos cercando de um jeito ou de outro — foi considerado um dos mais importantes atualmente por cerca de milhares de representanes da indústria cinematográfica nos Estados Unidos e ao redor do mundo, assim como o estilo sóbrio e humanístico de Walter Salles ao contar essa história. Isso é gigantesco do ponto de vista político, artístico e de discurso.
E não menos importante, mas pouco comentado em análises sobre as listas recentes da Academia: o Oscar está com outra roupagem. Ao passo em que, menos de dez anos atrás, discutíamos questões como o Oscar So White e não tínhamos um ator negro sequer indicado nas 20 vagas de atuação, hoje já não temos mais esse problema, celebramos a nomeação de um longa-metragem brasileiro em melhor filme, voltamos a ter, depois de mais de 40 anos, cinco atrizes protagonistas com filmes concorrendo na categoria principal e testemunhamos de, pela primeira vez, uma atriz ser trans ser reconhecida pelos votantes. As barreiras quebradas pela consagração de Parasita, lá em 2020, não foram à toa.
A indicação de Ainda Estou Aqui a melhor foi filme foi, sem sombra de dúvida, a maior surpresa desta edição, que é liderada, em termos numéricos, por Emilia Pérez, lembrado em nada menos do que 13 categorias, recorde para um filme de língua não-inglesa. Outro fato inesperado foi a ausência de Edward Berger em melhor direção por Conclave para a entrada de James Mangold (Um Completo Desconhecido). Curiosamente, e talvez não por acaso, a troca se deu para formar uma categoria formada inteiramente por diretores que também são roteiristas e concorrem nas categorias de melhor roteiro original ou adaptado. Os vencedores serão conhecidos no dia 2 de março.
Confira abaixo a lista completa de indicados:
MELHOR FILME
Ainda Estou Aqui
Anora
O Brutalista
Um Completo Desconhecido
Conclave
Duna: Parte 2
Emilia Pérez
Nickel Boys
A Substância
Wicked
MELHOR DIREÇÃO
Brady Cobert (O Brutalista)
Coralie Fargeat (A Substância)
Jacques Audiard (Emilia Pérez)
James Mangold (Um Completo Desconhecido)
Sean Baker (Anora)
MELHOR ATRIZ
Cynthia Erivo (Wicked)
Demi Moore (A Substância)
Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui)
Karla Sofía Gascón (Emilia Pérez)
Mikey Madison (Anora)
MELHOR ATOR
Adrien Brody (O Brutalista)
Timothée Chalamet (Um Completo Desconhecido)
Colman Domingo (Sing Sing)
Ralph Fiennes (Conclave)
Sebastian Stan (O Aprendiz)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Ariana Grande (Wicked)
Felicity Jones (O Brutalista)
Isabella Rossellini (Conclave)
Monica Barbaro (Um Completo Desconhecido)
Zoe Saldaña (Emilia Pérez)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Edward Norton (Um Completo Desconhecido)
Guy Pearce (O Brutalista)
Jeremy Strong (O Aprendiz)
Kieran Culkin (A Verdadeira Dor)
Yura Borisov (Anora)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Anora
O Brutalista
A Substância
September 5
A Verdadeira Dor
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Um Completo Desconhecido
Conclave
Emilia Pérez
Nickel Boys
Sing Sing
MELHOR FILME INTERNACIONAL
Ainda Estou Aqui (Brasil)
Emilia Pérez (França)
Flow (Letônia)
A Garota da Agulha (Dinamarca)
A Semente do Fruto Sagrado (Dinamarca)
MELHOR ANIMAÇÃO
Divertida Mente 2
Flow
Memórias de Um Caracol
Robô Selvagem
Wallace & Gromit: Avengança
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Black Box Diaries
No Other Land
Porcelain War
Soundtrack to a Coup d’Etat
Sugarcane
MELHOR MONTAGEM
Anora
O Brutalista
Conclave
Emilia Pérez
Wicked
MELHOR FOTOGRAFIA
O Brutalista
Duna: Parte 2
Emilia Pérez
Maria
Nosferatu
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
O Brutalista
Conclave
Duna: Parte 2
Nosferatu
Wicked
MELHOR FIGURINO
Um Completo Desconhecido
Conclave
Gladiador 2
Nosferatu
Wicked
MELHOR TRILHA SONORA
O Brutalista
Conclave
Emilia Pérez
Robô Selvagem
Wicked
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
“El Mal” (Emilia Pérez)
“The Journey” (The Six Triple Eight)
“Like a Bird” (Sing Sing)
“Mi Camino” (Emilia Pérez)
“Never Too Late” (Elton John: Never Too Late)
MELHOR SOM
Um Completo Desconhecido
Duna: Parte 2
Emilia Pérez
Robô Selvagem
Wicked
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Alien: Romulus
Better Man
Duna: Parte 2
O Reino do Planeta dos Macacos
Wicked
MELHOR CABELO E MAQUIAGEM
Emilia Pérez
Um Homem Diferente
Nosferatu
A Substância
Wicked
MELHOR CURTA-METRAGEM
Anuja
I’m Not a Robot
The Last Ranger
A Lien
The Man Who Could Not Remain Silent
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Beautiful Men
In the Shadow of the Cypress
Magic Candies
Wander to Wonder
Yuck!
MELHOR CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO
Death by Numbers
I am Ready, Warden
Incident
Instruments of a Beating Heart
The Only Girl in the Orchestra