A trilha sonora de… A Dama de Ferro

Thomas Newman é um grande compositor e, assim como Alexandre Desplat, Philip Glass, Clint Mansell e James Newton Howard, um verdadeiro injustiçado por nunca ter vencido um Oscar sequer. Dono de grandes trabalhos como Beleza Americana ou, então, Angels in America (sua obra-prima), Newman é o compositor de dois filmes que terão certo destaque na próxima temporada de premiações. O primeiro é Histórias Cruzadas, com Emma Stone e Viola Davis. O segundo é A Dama de Ferro, cinebiografia de Margaret Thatcher estrelada por uma das favoritas ao Oscar de melhor atriz (mais uma vez), Meryl Streep. A boa notícia é que, dessa vez, o compositor está longe de apresentar a reciclagem que ouvimos em Foi Apenas Um Sonho, por exemplo. Seu trabalho no filme de Phyllida Lloyd é bem acima da média.

O esperado para um longa como A Dama de Ferro seria uma trilha que remetesse ao trabalho que Alexandre Desplat apresentou em A Rainha ou em O Discurso do Rei. Ou seja, algo mais clássico e previsível (não que isso signifique algo ruim), seguindo o padrão de filmes sobre a realeza/política britânica. E, verdade, Newman, em diversos momentos, entrega-se a esse comodismo, como em The Great in Great Britain e Discord and Harmony (ainda que seja uma faixa bem orquestrada). Só que, na medida em que escutamos a trilha de A Dama de Ferro, percebemos que o compositor tomou várias liberdades, não limitando o álbum a apenas um estilo. Podemos encontrar muitas variações, desde ecos de Desplat até sonoridades que não se parecem com as de um filme desse estilo (o que não é preocupante aqui, mas, se mal utilizadas no filme, podem trazer resultado negativo).

Thomas Newman, então, cria uma trilha que apresenta sim aspectos previsíveis, mas que aqui ou ali, apresenta momentos que podemos chamar de inspirados. Se Swing Parliament é quase a mesma durante todo o tempo para depois tomar ritmo mais frenético em seus momentos finais, outras como Steady the Buffs (com um ótimo uso de violino) e Comunnity Charge já preferem apostar no diferencial. A Dama de Ferro, portanto, pode se considerar um filme bem sucedido no setor de trilha sonora, já que, Newman, ao misturar fatores clássicos com outros mais inovadores para o gênero, consegue um resultado que não cai na mesmice. Em um ano de grandes compositores (John Williams com Cavalo de Guerra, Howard Shore com Hugo e Abel Korzeniowski com W.E.) não seria nenhuma injustiça ver Thomas Newman sendo lembrado por este trabalho. Se Desplat foi por O Discurso do Rei, por que não Newman?

1. Soliders Of The Queen
2. MT
3. Grocer’s Daughter
4. Grand Hotel
5. Swing Parliament
6. Eyelash
7. Shall We Dance? (From “The King & I”)
8. Denis
9. The Great in Great Britian
10. Aire Neave
11. Discord and Harmony
12. The Twins
13. Nation of Shopkeepers
14. Fiscal Responsibility
15. Crisis of Confidence
16. Community Charge
17. Casta Diva (From “Norma”)
18. The Difficult Decisions
19. Exclusion Zone
20. Statecraft
21. Steady the Buffs
22. Prelude No. 1 in C major, BWV 846

4 comentários em “A trilha sonora de… A Dama de Ferro

  1. Kamila, também acho que não rola a indicação!

    Luís, exatamente: ainda vai demorar para que a Academia corrija suas injustiças com o Thomas Newman.

    Gioberlândia, e tem como não elogiar a Meryl? =)

  2. Matheus sou louca por trilhas sonoras de filmes, especialmente os que sejam filmes com a Streep que eu amo de paixão. Parabéns por sempre fazer comentários muito bons sobre ela. Ansiosa por este filme.

  3. Assim como a Kamial, eu também estou ansioso pelo filme e trago comigo a impressão de que ele, se indicado, não será premiado e continuará na lista dos injustiçados.

  4. Sim, Thomas Newman poderia chegar lá, mas acho que nem indicado ele será, infelizmente… Ansiosa por esse filme.

Deixe um comentário