Com a data de lançamento do capítulo final de Harry Potter se aproximando, resolvi fugir do convencional. Dessa vez, não vou fazer retrospecto dos filmes, uma vez que todo mundo já faz isso e tudo o que havia para ser dito sobre a série já foi publicado. Assim, o retrospecto do Cinema e Argumento para a saga Harry Potter é sobre as trilhas. De John Williams a Alexandre Desplat, confira abaixo o que cada compositor trouxe de bom e ruim para a série:
Falar sobre o trabalho de John Williams em A Pedra Filosofal é fazer uma deliciosa viagem aos meus tempos de criança. Ouvir Prologue, a clássica música-tema, significa me transportar para a minha primeira sessão de Harry Potter, quando assisti ao longa com dublagem. Excetuando esse meu afeto, a trilha de John Williams cumpre muito bem a missão de pontuar o clima do filme e de apresentar ao espectador o estilo da história criada por J.K. Rowling. Por mais que não seja um dos grandes momentos de Williams e muito menos uma trilha para ficar na história, A Pedra Filosofal tem a seu favor o fato de ter melodias inesquecíveis criadas por um compositor que é mestre em produzir músicas-tema.
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John Williams seguiu os passos de Chris Columbus: não se mexe em time que está ganhando. Dessa forma, não existem muitas surpresas nas composições de A Câmara Secreta. Claro que ainda John Williams apresenta momentos inspirados (Fawkes, the Phoenix, possivelmente, é o ponto alto), mas tudo é muito parecido com o volume anterior, numa espécie de reciclagem – o que diminui o impacto do álbum e, claro, a qualidade. Agora, John Williams é sempre John Williams, nunca insatisfatório. A Câmara Secreta, portanto, pode ser uma trilha óbvia e que copia vários elementos sonoros de A Pedra Filosofal, mas nem por isso deixa de ser interessante. Mais um setor da saga que permaneceu positivo.
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Se Alfonso Cuarón mudou toda a abordagem de Chris Columbus para a obra de J.K. Rowling, John Williams também seguiu a tendência. Ao invés de reciclagem, como fez em A Câmara Secreta, o compositor inovou e alcançou o seu auge em Harry Potter com O Prisioneiro de Azkaban. São inúmeras as faixas cheias de belos momentos. Entre elas, podemos citar Aunt Marge’s Waltz, Buckbeak’s Flight, Double Trouble e, especialmente, a melancólica A Window to the Past. Alguns não aprovam o novo clima criado por Cuarón, mas ele era extremamente necessário. E essa mudança também refletiu na trilha. Um belíssimo acerto que marcou a despedida de Williams no cargo de compositor da saga.
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Quem diria que, depois do notável trabalho de John Williams em O Prisioneiro de Azkaban, Harry Potter teria um compositor tão inexpressivo e que entregou a pior trilha sonora da história do menino-bruxo. A impressão que fica é que Patrick Doyle tratou a produção como uma aventura qualquer, algo perceptível nas composições banais. Ainda dá para destacar momentos raros dignos de nota, como as excelentes Neville’s Waltz, Harry in Winter e The Quidditch World Cup. Mas é tudo muito pouco para um álbum com 24 composições e que mal deixa qualquer melodia na lembrança. Uma pena que tenha sido essa decepção… Por sorte essa foi a primeira e última participação de Doyle.
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O setor de trilhas de Harry Potter não poderia ter encontrado melhor aquisição que Nicholas Hooper. Renovando por completo a parte sonora, Hooper apresentou momentos marcantes em singularidades como Dumbledore’s Army – uma das composições mais memoráveis de toda a série. A variedade instrumental também está presente na empolgante Fireworks e na simplicidade mais do que eficiente da faixa de despedida, Loved Ones & Leaving. Em suma, Hooper apagou qualquer resquício de lembranças inexpressivas deixadas por Patrick Doyle. É a revelação de um compositor subestimado pelas premiações e que renovou com muita competência a trilha de Harry Potter.
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Seguindo o maravilhoso ritmo de qualidade apresentado em A Ordem da Fênix, Nicholas Hooper permaneceu como compositor e, novamente, fez um trabalho cheio de acertos. Se O Enigma do Príncipe foi uma completa decepção em termos de roteiro, o mesmo não se pode dizer da trilha, que passeia pelos mais diversos estilos. É certo que Farewell Aragog e In Noctem, por exemplo, representam picos de excelência, mas a trilha toda é bem pontuada em sua diversidade e apresenta, constantemente, momentos dignos de reconhecimento. Essa, no entanto, foi a última participação de Hooper em Harry Potter. Merecia ter ficado mais tempo…
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Com a saída de Hooper, fiquei aliviado ao saber que Alexandre Desplat havia assumido o cargo. Ora, Desplat está sempre em evidência, com seguidas indicações ao Oscar e prova ser um sujeito que faz os mais variados tipos de trilha. E, quando escutei a maravilhosa The Oblivation, pensei que estávamos diante de outro grande momento do compositor francês. Engano. Correta do início ao fim, a trilha de As Relíquias da Morte – Parte 1 nunca empolga. É um trabalho satisfatório e que está longe de ser inexpressivo como o de Patrick Doyle, mas também não chega nem perto de representar um grande momento de Harry Potter. É, Desplat ficou devendo dessa vez…
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Na trilha de despedida, Alexandre Desplat continuou como compositor e fez mais ou menos o que havia apresentado em seu trabalho anterior. Ou seja, o que podemos ouvir em As Relíquias da Morte – Parte 2 não foge do óbvio. Assim como John Williams em A Câmara Secreta, Desplat faz uma reciclagem de seu próprio trabalho (com a diferença de apresentar um tom mais pesado e alucinante em certas composições) e, novamente, não surpreende. Sinto falta de ousadia no francês, que já fez tantos trabalhos originais e que, em duas tentativas nessa série cinematográfica de grande visibilidade, adotou a posição confortável de ser apenas correto. Poxa, Desplat!
Mateus, concordamos em tudo, hein?
Luis Galvão, a trilha é constante mesmo… O único que destoa do conjunto é Patrick Doyle!
Kamila, não sou fã do Desplat em “Harry Potter”, mas, pelo menos, ele fez um trabalho positivo…
Stophollywood, espero DEMAIS que toque a música-tema no final!
Só de pensar em toda a saga de HP ao longo da minha infância e juventude acho que nada se encaixa melhor do que aquele som da primeira vez que o harry vê Hogwarts.
Ótimo post amigo. Tenho um blog sobre cenas de filmes e afins. Procuro parceiros: http://stophollywood.wordpress.com
Att.
As trilhas de Harry Potter sempre foram muito sólidas, sempre foram elementos destacados do filme! Que continue assim na parte final! :)
Adorei o post. De fato, a trilha de Harry se projeta como uma das mais regulares, seguindo a maturidade de cada filme e engrandecendo com o tempo. Algo que continuou acontecendo mesmo com a mudança dos compositores. Quando a saga terminar, a aquele prólogo tocar (espero muito que toque), sei que é uma jornada looonga que terminou.
Não poderia concordar mais. Sempre digo que Williams é inigualável em criar músicas-temas (embora geralmente não consiga estender o brilhantismo a toda trilha), e a de Harry Potter é mais uma. Em O PRISIONEIRO DE AZKABAN é onde podemos ver o trabalho mais sólido dele na série. O quarto filme é um dos mais fracos em tudo, e Doyle, embora um bom compositor, realmente não acrescenta nada. E então temos o fantástico Nicholas Hooper, de longe meu favorito na franquia. “Fireworks” e as músicas dos créditos (do 5º e do 6º) são antológicas, sem falar em toda a dimensão e variação musical que ele imprimiu aos filmes. E, enfim, também concordo sobre Desplat. A trilha até funciona bem à parte, mas no filme não parece ter força suficiente para ressaltar as cenas. A do último filme ficará para ser ouvida no cinema. Excelente retrospecto. ;)