O Nevoeiro

Direção: Frank Darabont

Elenco: Thomas Jane, Marcia Gay Harden, Toby Jones, William Sadler, Jeffrey DeMunn, Laurie Holden, Chris Owen, Nathan Gamble

The Mist, EUA, 2007, Suspense, 120 minutos, 16 anos.

Sinopse: Após uma violenta tempestade devastar a cidade de Maine, David Drayton (Thomas Jane) e Billy (Nathan Gamble), seu filho de 8 anos, correm rumo ao supermercado, temendo que os suprimentos se esgotem. Porém um estranho nevoeiro toma conta da cidade, o que faz com que David, Billy e outras pessoas fiquem presas no supermercado. Logo David descobre que há algo de sobrenatural envolvido e que, caso deixem o local, isto pode ser fatal.

Não apenas o final, mas todo o desenvolvimento de O Nevoeiro é dotado de um clima perturbador e angustiante. Mesmo que o roteiro seja regular e sem ousadias de originalidade, consegue criar momentos de pura tensão e construir uma das melhores obras do ano.

Um paralelo pode ser feito com esse novo filme de Frank Darabont e a recente obra de Fernando Meirelles, Ensaio Sobre a Cegueira. Em ambas as obras assistimos a construção de duas sociedades em meio ao caos. O Nevoeiro não é sobre cegos chegando aos limites da sobrevivência, mas sobre pessoas normais nessa mesma situação. Presos em um supermercado, os moradores de uma cidade são obrigados a permanecer no local devido a ameça de um nevoeiro sobrenatural (e assassino, ao estilo dos péssimos Fim dos Tempos e A Névoa) e tentar sobreviver ali até que o mistério seja solucionado.

O Nevoeiro é dirigido por um certo Frank Darabont, que já realizou excelentes produções como Um Sonho de Liberdade, e que estava desaparecido desde 1999, quando filmou À Espera de Um Milagre. É de se estranhar que ele venha a retornar logo com um suspense, mas como é obra de Stephen King (o escritor favorito do diretor e que lhe rendeu seus maiores sucessos), O Nevoeiro acaba se tornando um produto com grandes expectatias gravitando em sua volta. O resultado é mais do que satisfatório, e fez a espera valer a pena, já que estamos diante de um suspense com grandes cenas de suspense, além de uma ótima produção.

A força do filme está no seu próprio roteiro, que consegue unir muito bem um bom suspense com ótimos momentos dramáticos. Mas o melhor não é isso; a grande surpresa do longa reside na introdução do assunto religião na história. É através da crença que os personagens vão ser motivados a tomar suas atitudes, mas é também através dela que eles vão se perder completamente em suas escolhas. Quem prega o fanatismo religioso é a figura vivida pela excelente Marcia Gay Harden (um dos melhores desempenhos coadjuvantes do ano), que instala o caos dentro daquela comunidade.

A trilha sonora do competente Mark Isham (Crash – No Limite e No Vale das Sombras) ajuda o diretor Frank Drabont a criar o clima ideal para o longa – nada de sensacionalismos ou exagero, até porque estamos em um terreno onde é fácil cair em ciladas. Estamos em um filme de suspense que envolve fatos misteriosos (ou sobrenaturais, para alguns). Mais perigoso impossível. Porém, isso não ocorre. Primeiro porque Darabont é um diretor muito competente. Segundo porque a trama que temos em mão é de um escritor igualmente competente. Una a isso um excelente trabalho de elenco e você terá uma das produções mais satisfatórias de 2008.

FILME: 8.5

4

13 comentários em “O Nevoeiro

  1. Red Dust, achei o desempenho da Marcia Gay Harden maravilhoso! De longe, a estrela do filme.

    Kau, talvez seja por causa dessa “discussão” sobre a sociedade presente em um suspense que algumas pessoas não tenham apreciado tanto o resultado…

    Hugo, a trama lembra sim, mas esse eu não assisti. Só a terrível refilmagem com o Tom Welling.

    Vinícius, realmente, a Marcia está muito bem!

    Fernanda, depois me conta o que tu achou do filme =)

    Gustavo, não gostei daquele “coro” de mulheres na trilha do Mark Isham…

    Wally, “O Nevoeiro” é realmente um filme com todas essas características que você citou!

    Mateus, aquele final é muito angustiante!

    Robson, assista assim que puder!

    Kamila, as semelhanças são muito grandes! Durante todo o desenvolvimento de “O Nevoeiro” eu ficava observando o quão parecido ele é com “Ensaio Sobre a Cegueira”.

    Anderson, não vi “O Apanhador de Sonhos”, principalmente por causa dos comentários negativos!

    Sérgio, já respondi o meme ;)

  2. Parei de ver o filme com 15 minutos por causa dakeles tentáculos nojentos – sou mto medroso, além do q me lembou o pavoroso (em todos os sentidos) APANHADOR DE SONHOS. Mas é interessante como esse filme tem defensores e detratores em mesma quantidade.

  3. Matheus, acho que fizemos uma transmissão de pensamentos, porque estava fazendo meu texto sobre “Ensaio Sobre a Cegueira” e toquei no mesmo ponto que você: existem semelhanças entre “O Nevoeiro” e o filme do Fernando Meirelles. Acho que a obra do Darabont pode nos dar a impressão de que a humanidade está perdida, quando, na realidade, tanto este filme quanto “Cegueira” nos mostram que, na realidade, estamos com pouca fé em nós mesmos, naqueles que estão ao nosso lado.

    Falando particularmente sobre “O Nevoeiro”, acho que a produção é, sim, uma das mais satisfatórias de 2008 e aquele final me deixou perturbada por muito tempo. Pensei tanto no personagem do Thomas Jane, no peso que ele iria carregar para o resto da vida…

  4. Acho que todo mundo já disse tudo né?!
    Final do filme sem comentários!
    Atuação da Marcia excelente!
    Um suspense de primeira qualidade, sem dúvidas.

    Abraço
    Mateus

  5. Que ótimo que gostou! Achei soberbo. Maravilhosamente eficiente. Atuado com virtuosidade e conduzido com impacto.

    Nota 9,0 [*****]

    Ciao!

  6. Um filme bastante desesperançoso no que tange à humanidade, mostrando o quão animalescos somos quando perdemos nossa ordem social.
    Só que, em vez de ser desagradável, é um entretenimento que arrepia em diversos momentos – a maioria deles, quando Marcia Gay Harden – estupenda atriz coadjuvante que é hoje o que Dianne Wiest foi entre a década de 1985 e 1995 – está em cena.
    Só acho que Darabont exagerou no uso da música no fim e talvez no excesso de explicações.

    Cumps.

  7. Para mim “O Nevoeiro” é um dos cinco melhores filmes do ano, uma grande surpresa não só dentro do gênero – que há tempos não entregava uma produção tão boa assim. E acho que a Marcia Gay Harden é a melhor coadjuvante do ano, não tem para ninguém!

  8. Ainda não assisti, mas Frank Darabont tem um boa carreira, merecer ser visto.
    Além do mais, gostei muito da história, que lembra muito “A Bruma Assassina” de John Carpenter.

    Abraço

  9. Matheus, gosto demais deste filme. Acredito que, muito mais que assustar, ele se preocupa em criticar a sociedade ataul; e consegue isso de forma espetacular. O final é uma coisa à parte: fiquei parado, sem falar por muito tempo…

    Ahhh, esqueci de citar a maravilhosa atuação de Marcia. O que foi aquilo?

    Abraços!

  10. Um filme de grande tensão e suspense que ‘casou’ muito bem a diversidade de personalidades, tanto as que estavam fora da loja, como as que estavam dentro, que, por sinal, até eram mais terríveis. Fortes desempenhos de Thomas Jane e Marcia Gay Harden.

    8/10.

    Abraço.

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