Filmes em DVD

Pecados Íntimos, de Todd Field (revisto)

Com Kate Winslet, Patrick Wilson e Jennifer Connelly

Na primeira vez que assisti Pecados Íntimos, não fui muito cativado por seu roteiro. Apesar de ser uma impecável adaptação do livro de Tom Perrotta, prefiro o roteiro anterior de Todd Field – Entre Quatro Paredes. Porém, Pecados Íntimos conquista mais como filme. É mais bem estruturado, dividindo suas tramas dramáticas com maestria, onde todos os personagens têm o seu devido espaço – com exceção de Jennifer Connelly como a esposa traída, que não tem maiores dimensões psicológicas. De certa forma, é uma produção subestimada, que só acabou tendo o reconhecimento do público de arte. Até as premiações preteriram o filme, já que merecia muito mais do que realmente teve. O elenco é ótimo, com Kate Winslet dando um show como sempre (mesmo não sendo a mais impactante em termos de interpretação) e Patrick Wilson surpreendendo em grande interpretação. Mas o destaque mesmo fica com o coadjuvante Jackie Earle Haley, assustador e humano como o pedófilo que acaba de sair da prisão. Pecados Íntimos não é um filme facilmente digerível e não deve agradar muita gente por conta de seus temas pesados e tratamento subjetivo e intelectualizado, mas tem inúmeros méritos que merecem ser reconhecidos. Acima de tudo, é real e muito próximo da realidade. O diretor Todd Field se mostra um grande mestre ao explorar o melhor tipo de cinema dramático que existe – o da vida real, no qual é fácil o espectador se identificar.

FILME: 8.5

Querido Frankie, de Shona Auerbach (revisto)

Com Emily Mortimer, Gerard Butler e Jack McElhone

É impossível negar que certos filmes menores, de baixo orçamento e com nomes não muito famosos apareceram como ótimas surpresas nos últimos anos. Enquanto Pequena Miss Sunshine e Juno estouraram em público e crítica, outros passaram despercebidos. É o caso desse ótimo Querido Frankie, que conquista completamente com sua humildade e sinceridade. A história, apesar de original, não apresenta essa característica em seu roteiro – acompanhamos uma história morna, sem maiores picos ou emoção, mas que por alguma razão misteriosa prende a atenção. Além de uma carismática protagonista (Emily Mortimer, excelente) e de um competente “par” (Gerard Butler, em uma de suas melhores aparições no cinema), o jovem ator que dá título ao filme (Jack McElhone) também apresenta bom desempenho. Querido Frankie não tem nada de excepcional e até deixa algumas tramas muito nebulosas – como a história do verdadeiro pai de Frankie -, mas é um filme querido demais para não se gostar.

FILME: 8.0

Flores de Aço, de Herbert Ross

Com Sally Field, Julia Roberts e Shirley McLaine

Flores de Aço deu a Julia Roberts sua primeira indicação ao Oscar. Nada mais merecido, a atriz está realmente excelente no papel da noiva diabética do longa. Contudo, é injustiça falar só dela, já que o elenco feminino também tem ótimos desempenhos, especialmente a Sally Field. No resto, Flores de Aço é um filme bem comum sobre relacionamentos que se afloram quando alguém da família decide se casar e todos são obrigados a ficarem juntos. Não tem nada no roteiro que nós já não tenhamos visto em outras produções, e adicione a isso uma mistura de comédia e drama. As atrizes compensam a história banal, com aparições radiantes.

FILME: 7.0

Footloose – Ritmo Louco, de Herbert Ross

Com Kevin Bacon, Dianne Wiest e Sarah Jessica Parker

Mais um filme colegial musicalizado sobre amores proibidos e jovens rebeldes em tempos de repressão como já vimos em Grease – Nos Tempos da Brilhantina e no mais recente Hairspray – Em Busca da Fama. Footloose – Ritmo Louco não acrescenta nada de novo ao gênero, mas sem dúvida é um entretenimento muito divertido e agradável, especialmente por causa de sua deliciosa trilha sonora. Com rostos em início da carreira como Kevin Bacon e Sarah Jessica Parker, o longa é basicamente mais uma historinha colegial onde nada acontece. Porém, assim como qualquer outro filme desse estilo prende a atenção exatamente por causa de sua temática.

FILME: 7.0

Os Simspons – O Filme, de David Silverman

Com as vozes de Dan Castellaneta, Julie Kavner e Nancy Cartwright

Vi esse filme dos Simspons sem qualquer expectativa, pois nunca acompanhei o seriado ou sequer vi um episódio completo. O resultado foi bem decepcionante para mim – fazia tempo que eu não via uma animação tão perdida e irregular em seu humor, o que é uma pena, porque o filme tem tiradas bem inteligentes. Suas piadas às vezes chegam em um ritmo frenético, deixando a sensação de que os roteiristas tiveram uma overdose de idéias. O longa é cheio de erros, mas é impossível resistir ao charme dos personagens, todos muito divertidos. Cheio de situações pouco prováveis e temática não muito instigante, Os Simpsons – O Filme é insatisfatório.

FILME: 6.0

New York, New York, de Martin Scorsese

Com Robert De Niro, Liza Minelli e Lionel Stander

É definitivo, eu não gosto de Martin Scorsese. Sei que vou ser apedrejado em praça pública por causa desse meu comentário, mas simplesmente não acho que ele seja um bom diretor. New York, New York é mais um de seus intermináveis filmes que podiam muito bem ter metade de sua duração. O musical (que na realidade nem é bem um musical, já que é mais sobre música do que um musical cantado propriamente dito) tem 170 minutos de duração e só consegue certo carisma por causa das interpretações de Robert De Niro e Liza Minelli – ambos merecedores de indicações ao Oscar. Mesmo que tenha uma significativa direção de arte e interessantes figurinos, a produção simplesmente não decola, tornando-se uma experiência completamente dispensável. Se existe um motivo para que New York, New York seja assistido, esse é a sua dupla protagonista. De resto, nada de especial ou marcante.

FILME: 6.0

Ela Dança, Eu Danço, de Anne Fletcher

Com Channing Tatum, Jenna Dewan e Rachel Griffiths

Depois que acabei de assistir Ela Dança, Eu Danço não consegui acreditar um dia eu tive paciência para assistir filmes de dança. O longa de Anne Fletcher é uma sucessão de clichês e tramas desinteressantes que servem de base para bonitas coreografias e uma boa trilha sonora. Mas infelizmente um longa não sobrevive só com essas qualidades, principalmente quando estamos falando de um gênero totalmente saturado e repetitivo (alguém vê alguma diferença entre esses filmes, como Vem Dançar, por exemplo?). Por mais que tenhamos um bom elenco desconhecido, Ela Dança, Eu Danço não empolga e não consegue nem ser um guilty pleasure, o que é uma pena. O fato é que o filme nem é uma desgraça, eu que cansei de histórias assim. Se é pra fazer, que façam algo ao menos original. No final das contas, eu só ficava esperando a próxima aparição da sempre competente Rachel Griffiths durante a história…

FILME: 5.5

Pecados Ardentes, de David Mackenzie

Com Ewan McGregor, Tilda Swinton e Emily Mortimer

No final de Pecados Ardentes, cheguei a conclusão que eu não entendi o propósito do longa, se é que existe. É uma simples história de traição, com excessivas e desinteressantes cenas de sexo e roteiro vazio. Não fica muito claro as motivações dos personagens, que transam a toda hora e com qualquer um que aparece na frente. Em certos longas, o sexo se justifica, mas não é o caso aqui. E isso é um ponto completamente negativo. É louvável a intenção do diretor David Mackenzie de deixar tudo da forma mais realista possível – e isso se comprova na personagem de Tilda Swinton, que consegue atrair alguém mesmo não sendo nem um pouco atraente. Louvável também é o visível empenho do bom elenco. Mas quando Pecados Ardentes resolve misturar um assassinato na história, tudo fica mais sem graça ainda. Fraco e irregular, é um filme completamente neutro e com praticamente nada a dizer.

FILME: 5.0

12 comentários em “Filmes em DVD

  1. Desses aí eu só vi Pecados Íntimos, que não gosto tanto como a maioria dos cinéfilos, e Os Simpsons, que me fez rir sem para no cinema. Tenho muita vontade de ver New York, New Yor, mas me interessei mesmo por esse Pecados Ardentes principalmente pelo elenco, adoro a Tilda Swinton.

  2. Kamila, não consegui me emocionar com “Flores de Aço”, mas com certeza o ponto alto é a presença de Sally Field e Julia Roberts.

    Pedro, lá vou eu de novo também, não gosto do Scorsese :P

    Wally, eu até dei umas risadas com “Os Simpsons”, mas não tanto quanto você.

    Vinícius, revendo a obra de Todd Field, tive exatamente essa sensação de que você citou – é um filme de roteiro.

    Weiner, a adaptação de “Pecados Íntimos” é a mais impecável que já vi, junto com “As Horas”.

    Sérgio, eu assisti “Cassino” e “Taxi Driver” sim. Eu até que gosto do Scorsese, de certa forma… Mas não consigo engolir seu estilo repetitivo de direção e suas durações inermináveis.

    Mateus, finalmente alguém que concorda comigo em relação ao resultado de “Os Simpsons”!!!

    Roberto, achei que “New York, New York” seria bem melhor, devido ao sucesso do filme.

    Cecilia, a minha favorita de “Flores de Aço” foi a Julia Roberts. Mas adorei também a Olimpia Dukakis.

    Robson, acho que “Os Simpsons” deve passar essa sensação mesmo, pra quem viu o seriado.

  3. Os simpsons que daria a mesma nota porque não passa de um episódio estendido numa tela maior, mas que permanece toda sátira e bom humor que só eles conseguem fazer. Ela dança eu danço é um filme razoável, pelas músicas e danças vale a pena, pelo resto, nem tanto, é um tanto clichê.

    abraço!

  4. Ainda não vi alguns títulos daqui.

    Concordo com o destaque de Pecados Íntimos, só que gostei do filme logo na primeira vez que vi mesmo.

    Flores de Aço é aquela coisa melodramática, mas com algum humor (a minha preferida no filme é a Shirley MacLane).

    Footloose é um clássico e tem totalmente a cara da minha infância.

    Os Simpsons me fez rir, mas o seriado é infinitamente superior.

    E, diferente de você, eu gosto muito do Scorsese e de New York, New York também. Mas concordo que alguns de seus filmes poderiam ser menores (estou falando de Gangs)…

    Beijocas

  5. Dentre os que eu vi, Pecados Íntimos é o melhor. Footloose é engraçadinho, mas tentou pegar carona em produções como Grease – nos tempos da brilhantina, por um outro víés. Sinceramente, não sei o que Martin Scorcese queria com New york, New york… para mim, é um filme superestimado. Estou querendo ver Querido Frankie por causa de um post que li no blog cinéfilos. Nunca consigo encontrá-lo nas locadoras. Parece uma boa pedida!

    Discutir Mídia e Cultura?
    http://robertoqueiroz.wordpress.com

  6. “Pecados Íntimos” é excelente e tem um roteiro excepcional com uma crítica fortíssima.

    “Os Simpsons” eu achei bem sem graça, até porque nunca me interessei pela série.

    “Ela dança, eu danço” eu até que gostei, é divertido até, além de ter boas coreografias e trilha, como você mesmo disse.

    Bom, é isso…

    Abraço
    Mateus

  7. Scorsese eh para mim o melhor diretor vivo da atualidade… talvez vc não tenha assistido Taxi Driver, Touro Indomável, Os Bons Companheiros, Cassino e etc ?
    New York New York eh um dos poucos filme que ainda nã conferi dele… mas acho difícil não gostar de algo que venha deste diretor… o último e excelente trabalho q assisti dele foi A Época da Incocência… adorei, como adoro quase toda a filmografia dele… os que não adoro eh pq não assisti ainda… rsrsrs.. mas opinião eh opinião…

    vlws abraços

  8. Pecados Íntimos: um dos melhores filmes do ano de 2006, é uma adaptação brilhante, mais um dos casos que o cinema supera a literatura. O livro de Tom Perrota não tem o mesmo charme do filme, embora passe perto.
    Nota: 9,5 (*****)

    Simpsons: adorei, principalmente por se parecer tanto com o seriado. Fui sem expectativas e o roteiro me pegou de jeito.
    Nota: 8,0 (****)

    Só. :-(

    Abraço!

  9. Daqui vi apenas três filmes, mas tenho muita curiosidade quanto a “Flores de Aço” e até mesmo “Footloose”. Os demais:

    PECADOS ÍNTIMOS [8.5 ou ****] Apesar das belas atuações conduzidas de forma inquestionável pelo Todd Field, é claramente um filme de roteiro, com alguns dos melhores diálogos do cinema recente.

    QUERIDO FRANKIE [7.0 ou ***] Não conseguiu ser tão emocionante para mim, mas vale destacar o belo trabalho da sempre subestimada Emily Mortimer.

    OS SIMPSONS – O FILME [7.5 ou ***] Como adaptação não alcançou seu objetivo, pois muitas vezes deixa a impressão de um episódio mais longo da série, mas não deixa de ser bastante divertido.

    Abraço!

  10. “Pecados Íntimos” é um filme fantástico mesmo. Arrebatador trabalho do roteiro e do elenco. Um filme que entra na pele. Nota 9,5 [*****]

    “Querido Frankie” é uma história bem simpática e agradável, com elenco idem. Nota 7,5 [***]

    “Footloose” foi um filme da minha infância. Acho bem divertido, mesmo que bem bobinho em certos instantes. Revelou um carismático Bacon. Nota 7,0 [***]

    “Os Simpsons” não teve jeito. Ri demais, dei gargalhadas e foi um entretenimento sólido, com direito à piadas geniais e diálogos inspiradíssimos. Nota 8,0 [****]

    “Ela Dança, Eu Danço” é um porre. Começa até divertidinho e descamba para o previsível e o formuláico. Bobo, idiota e descartável. Nota 4,5 [**]

    Ciao!

  11. Lá vou eu de novo, gosto do Scorsese e gosto de “New York, New York”. Ainda não achei um filme ruim do diretor.

    “Pecados Íntimos” é um ótimo filme. E concordo, o destaque é de Jackie Earle Haley.

    E Simpsons, ainda que não consiga atingir o nível do desenho em momento algum, é divertido.

    Abraço, Matt!!!

  12. Comprei o DVD de “Pecados Íntimos”, mas ainda não consegui rever o filme. Mas, me lembro que, pela primeira vez, consegui ver algo especial no diretor Todd Field – já que não consegui gostar de “Entre Quatro Paredes”.

    “Flores de Aço” é um filme que sempre me emociona quando eu o vejo. Adoro essas histórias sobre mulheres fortes e frágeis que encontram força e apoio nas amizades que cultivam com outras mulheres. As atuações de Sally Field e Julia Roberts são o ponto alto do longa.

    Assisti “Footloose” muito nova, por causa de minha irmã mais velha, que é fã desses musicais dos anos 80. Acho a cena final quase clássica!

    “Os Simpsons – O Filme” funciona para os fãs do programa. Mas, deixa aquela impressão chata de ser um episódio mais longo da série.

    “New York, New York” é, na minha opinião, um dos trabalhos mais fracos do Scorsese.

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